A construcionalização gramatical de "foi quando" como conector
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2015 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF) |
Texto Completo: | https://app.uff.br/riuff/handle/1/11211 |
Resumo: | Investigamos diferentes usos de “foi quando” em perspectiva pancrônica. Através da análise de dados que remontam ao século XIII, registramos um processo de mudança gradual que conduziu ao uso de “foi quando” como conector em sincronias mais recentes. O resultado desse processo de mudança é analisado na perspectiva de construcionalização gramatical, conforme Traugott e Trousdale (2013). Para esse estudo, adotamos como referencial teórico os pressupostos da Linguística Funcional Centrada no Uso – LFCU. Desse modo, com base no reconhecimento da importância de se abordar os fenômenos linguísticos em seu contexto efetivo de uso, procedemos, inicialmente, a uma pesquisa sincrônica na qual analisamos notícias publicadas nos sites: www.g1.globo.com e www.odia.ig.com.br. Posteriormente, pesquisamos dados diacrônicos em textos narrativos, disponíveis no Corpus do Português, em www.corpusdoportugues.org. Selecionamos, ao todo, 406 dados de uso de “foi quando”. Os resultados obtidos apontam que os usos de “foi quando”, em viés sincrônico, apresentam graus distintos de gramaticalidade, em que o uso mais gramatical se apresenta na língua como instância de uma microconstrução, nos termos de Traugott (2008). Verificamos, ainda, conforme Traugott (2010), que os diferentes graus de gramaticalidade de “foi quando” são decorrentes de um processo de mudança diacrônica. Esse processo é observado a partir do estudo dos contextos que conduzem à mudança, conforme Heine (2002). Consideramos que a interpretação induzida pelo contexto nos permite uma análise da mudança construcional em pequenos passos. Nesse sentido, concluímos que os usos de “foi quando” se apresentam, basicamente, em três tipos de contextos, conforme Heine (2002): contexto inicial, contexto ponte e contexto de mudança. Verificamos que o contexto inicial configura-se como o mais concreto, o mais composicional e o menos esquemático, abarcando os usos com menor grau de gramaticalidade, identificados em nossa pesquisa como os casos listados no Padrão I – [foiverb.ligação] e [quandoadv.integrante]. O contexto ponte é considerado híbrido, contemplando os usos em nível intermediário de gramaticalidade, listados no Padrão II – [foiverb.copulativo [quandoadv.relativo]]. Já o contexto de mudança configura-se como mais abstrato, mais esquemático e menos composicional, relacionando os casos listados no padrão III – [foiquandoconector]. Assim, o estudo de “foi quando” nos contextos evidenciou neoanálises de forma morfossintática e significado semântico/ pragmático que levaram à criação da microconstrução [foiquandoconector], um pareamento formanova-significadonovo. Constatamos, nesta tese, que o resultado de uma série de reajustes que ocorre nesses contextos é a construcionalização gramatical de “foi quando” como um conector, uma microconstrução que apresenta significado abstrato e procedural, no sentido de que é utilizada para estabelecer relações linguísticas entre porções textuais como um mecanismo de coesão |
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Posteriormente, pesquisamos dados diacrônicos em textos narrativos, disponíveis no Corpus do Português, em www.corpusdoportugues.org. Selecionamos, ao todo, 406 dados de uso de “foi quando”. Os resultados obtidos apontam que os usos de “foi quando”, em viés sincrônico, apresentam graus distintos de gramaticalidade, em que o uso mais gramatical se apresenta na língua como instância de uma microconstrução, nos termos de Traugott (2008). Verificamos, ainda, conforme Traugott (2010), que os diferentes graus de gramaticalidade de “foi quando” são decorrentes de um processo de mudança diacrônica. Esse processo é observado a partir do estudo dos contextos que conduzem à mudança, conforme Heine (2002). Consideramos que a interpretação induzida pelo contexto nos permite uma análise da mudança construcional em pequenos passos. Nesse sentido, concluímos que os usos de “foi quando” se apresentam, basicamente, em três tipos de contextos, conforme Heine (2002): contexto inicial, contexto ponte e contexto de mudança. Verificamos que o contexto inicial configura-se como o mais concreto, o mais composicional e o menos esquemático, abarcando os usos com menor grau de gramaticalidade, identificados em nossa pesquisa como os casos listados no Padrão I – [foiverb.ligação] e [quandoadv.integrante]. O contexto ponte é considerado híbrido, contemplando os usos em nível intermediário de gramaticalidade, listados no Padrão II – [foiverb.copulativo [quandoadv.relativo]]. Já o contexto de mudança configura-se como mais abstrato, mais esquemático e menos composicional, relacionando os casos listados no padrão III – [foiquandoconector]. Assim, o estudo de “foi quando” nos contextos evidenciou neoanálises de forma morfossintática e significado semântico/ pragmático que levaram à criação da microconstrução [foiquandoconector], um pareamento formanova-significadonovo. Constatamos, nesta tese, que o resultado de uma série de reajustes que ocorre nesses contextos é a construcionalização gramatical de “foi quando” como um conector, uma microconstrução que apresenta significado abstrato e procedural, no sentido de que é utilizada para estabelecer relações linguísticas entre porções textuais como um mecanismo de coesãoIt has been investigated the different uses of “foi quando” in a panchronic perspective. By analysing samples dating as early as the 13th century, it was possible to register a gradual changing process which led to the use of “foi quando” as a connector in more recent synchronies. The result of this changing process has been analyzed under the grammatical constructionalization perspective, presented by Traugott and Trousdale (2013). For this study, we adopted the concepts of Usage-based Functional Linguistics. Thus, as we recognize the importance of studying linguistic phenomena in their effective context of use, we proceed to a synchronic research in which we have analyzed news items published in the sites: www.g1.globo.com and www.odia.ig.com.br. After that, diachronic data have been researched in narrative texts available in the Portuguese Corpus, found in www.corpusdoportugues.org. We selected, in all, 406 uses of “foi quando”. The results reveal that the uses of “foi quando”, in a synchronic perspective, present distinctive degrees of grammaticality in which the most grammatical form is present in the language as an instance of micro-construction, using Traugott (2008) term. It is also been verified, according to Traugott (2010), that different degrees of grammaticality of “foi quando” are the result of a changing diachronic process. According to Heine (2002), this process is observed from the study of contexts which lead to change. We consider that the context induced interpretation allows us an analysis of the constructional change in small steps. Bearing this in mind, we have reached the conclusion that the uses of “foi quando” appear in three different contexts, acording to Heine (2002): initial context, bridging context and “switch” context. We have verified that the initial context seems to be the most concrete, the most compositional and the least schematic, embracing the uses with a lower degree of grammaticality, which have been identified in this research as the listed cases in Pattern I – [foilinking verb] and [quandointegrating adverb]. The bridging context is considered to be hybrid, comprising the uses in intermediate grammaticality listed in Pattern II – [foicopula verb [quandorelative adverb]]. Finally, the “switch” context, which is the most abstract, schematic and the least compositional, relates cases that are listed in Pattern III – [foiquandoconnector]. Besides, the study of “foi quando” in the mentioned contexts has shown neoanalysis of form morphosyntactic and semantic/pragmatic meaning which lead to the creation of a microconstruction [foiquandoconector], a pairing formnew-meaningnew. We concluded, in this thesis, that the result of a series of adjustments that occurs in these contexts is a grammatical constructionalization of “foi quando” as a connector, a micro-construction that presents abstract and procedural meaning towards the sense in which is used to establish linguistic relations between textual portions as a cohesion device284 f.Dias, Nilza BarrozoBraga, Maria LuizaRodrigues, Violeta VirginiaRosário, Ivo Da Costa DoMenezes, Vanda Maria Cardozo DeOliveira, Mariângela Rios deSilva, Alexsandra Ferreira da2019-09-12T12:13:37Z2019-09-12T12:13:37Z2015info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttps://app.uff.br/riuff/handle/1/11211http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/CC-BY-SAinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)instname:Universidade Federal Fluminense (UFF)instacron:UFF2022-01-18T19:13:24Zoai:app.uff.br:1/11211Repositório InstitucionalPUBhttps://app.uff.br/oai/requestriuff@id.uff.bropendoar:21202022-01-18T19:13:24Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF) - Universidade Federal Fluminense (UFF)false |
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Investigamos diferentes usos de “foi quando” em perspectiva pancrônica. Através da análise de dados que remontam ao século XIII, registramos um processo de mudança gradual que conduziu ao uso de “foi quando” como conector em sincronias mais recentes. O resultado desse processo de mudança é analisado na perspectiva de construcionalização gramatical, conforme Traugott e Trousdale (2013). Para esse estudo, adotamos como referencial teórico os pressupostos da Linguística Funcional Centrada no Uso – LFCU. Desse modo, com base no reconhecimento da importância de se abordar os fenômenos linguísticos em seu contexto efetivo de uso, procedemos, inicialmente, a uma pesquisa sincrônica na qual analisamos notícias publicadas nos sites: www.g1.globo.com e www.odia.ig.com.br. Posteriormente, pesquisamos dados diacrônicos em textos narrativos, disponíveis no Corpus do Português, em www.corpusdoportugues.org. Selecionamos, ao todo, 406 dados de uso de “foi quando”. Os resultados obtidos apontam que os usos de “foi quando”, em viés sincrônico, apresentam graus distintos de gramaticalidade, em que o uso mais gramatical se apresenta na língua como instância de uma microconstrução, nos termos de Traugott (2008). Verificamos, ainda, conforme Traugott (2010), que os diferentes graus de gramaticalidade de “foi quando” são decorrentes de um processo de mudança diacrônica. Esse processo é observado a partir do estudo dos contextos que conduzem à mudança, conforme Heine (2002). Consideramos que a interpretação induzida pelo contexto nos permite uma análise da mudança construcional em pequenos passos. Nesse sentido, concluímos que os usos de “foi quando” se apresentam, basicamente, em três tipos de contextos, conforme Heine (2002): contexto inicial, contexto ponte e contexto de mudança. Verificamos que o contexto inicial configura-se como o mais concreto, o mais composicional e o menos esquemático, abarcando os usos com menor grau de gramaticalidade, identificados em nossa pesquisa como os casos listados no Padrão I – [foiverb.ligação] e [quandoadv.integrante]. O contexto ponte é considerado híbrido, contemplando os usos em nível intermediário de gramaticalidade, listados no Padrão II – [foiverb.copulativo [quandoadv.relativo]]. Já o contexto de mudança configura-se como mais abstrato, mais esquemático e menos composicional, relacionando os casos listados no padrão III – [foiquandoconector]. Assim, o estudo de “foi quando” nos contextos evidenciou neoanálises de forma morfossintática e significado semântico/ pragmático que levaram à criação da microconstrução [foiquandoconector], um pareamento formanova-significadonovo. Constatamos, nesta tese, que o resultado de uma série de reajustes que ocorre nesses contextos é a construcionalização gramatical de “foi quando” como um conector, uma microconstrução que apresenta significado abstrato e procedural, no sentido de que é utilizada para estabelecer relações linguísticas entre porções textuais como um mecanismo de coesão |
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