Leques submarinos como componentes naturais da margem continental angolana

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Moreira, Domingos de Carvalho Viana
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)
Texto Completo: http://app.uff.br/riuff/handle/1/24818
Resumo: Os leques submarinos de mar profundo são formados por sedimentos vindos do continente que se depositam no mar profundo através de processos de transporte gravitacional de massa e por fluxos gravitacionais que carreiam quantidades anormalmente elevadas de sedimentos. Estes depósitos podem recobrir milhões de km² em área, constituindo uma das maiores feições geomorfológicas da Terra. Como tal, devem ser considerados, segundo os preceitos da Lei do Mar, como componentes naturais das margens continentais. A morfologia da margem continental de Angola foi profundamente modificada pelo aporte de imensos volumes sedimentares depositados no leque submarino do Congo e nos complexos de leques submarinos coalescentes de Kwanza, Benguela e Namibe. A suavização do relevo batimétrico associada à sedimentação nestes leques submarinos gerou um perfil batimétrico suave e contínuo desde a borda de plataforma até a planície abissal, impedindo a definição morfológica da elevação continental. Desta forma, a determinação do pé do talude continental, para fins de delimitação do limite externo da plataforma continental jurídica na margem de Angola, não pode ser feita aplicando-se primordialmente parâmetros morfológicos baseados nas mudanças de gradiente batimétrico, como determina a Lei do Mar. Em consequência, critérios baseados em informações geológicas e geofísicas adicionais, derivados da análise de dados de batimetria de multi-feixe, perfilador de sub-fundo de 3,5 kHz e sísmica multicanal, foram utilizados. Observa-se que na margem de Angola canais submarinos meandrantes e seus respectivos lobos distais constituem os principais elementos de dispersão sedimentar dos leques submarinos. A presença de canais meandrantes, com diques marginais bem desenvolvidos, indica a suavização do gradiente batimétrico e o contínuo e volumoso fluxo turbidítico confinado aos canais, enquanto que os lobos distais, no término do meandramento dos canais representa a quebra de gradiente, na passagem para a planície abissal, com a dispersão de sedimentos arenosos em lobos coalescentes. A localização da base do talude continental na região predominante de dejeção dos lobos turbidíticos distais, apresenta-se como a melhor opção para determinação do limite exterior da margem continental de Angola aplicando-se os preceitos da Lei do Mar, considerando-se que o estado costeiro tem a prerrogativa de escolher o limite marítimo exterior que lhe seja mais favorável.
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A morfologia da margem continental de Angola foi profundamente modificada pelo aporte de imensos volumes sedimentares depositados no leque submarino do Congo e nos complexos de leques submarinos coalescentes de Kwanza, Benguela e Namibe. A suavização do relevo batimétrico associada à sedimentação nestes leques submarinos gerou um perfil batimétrico suave e contínuo desde a borda de plataforma até a planície abissal, impedindo a definição morfológica da elevação continental. Desta forma, a determinação do pé do talude continental, para fins de delimitação do limite externo da plataforma continental jurídica na margem de Angola, não pode ser feita aplicando-se primordialmente parâmetros morfológicos baseados nas mudanças de gradiente batimétrico, como determina a Lei do Mar. Em consequência, critérios baseados em informações geológicas e geofísicas adicionais, derivados da análise de dados de batimetria de multi-feixe, perfilador de sub-fundo de 3,5 kHz e sísmica multicanal, foram utilizados. Observa-se que na margem de Angola canais submarinos meandrantes e seus respectivos lobos distais constituem os principais elementos de dispersão sedimentar dos leques submarinos. A presença de canais meandrantes, com diques marginais bem desenvolvidos, indica a suavização do gradiente batimétrico e o contínuo e volumoso fluxo turbidítico confinado aos canais, enquanto que os lobos distais, no término do meandramento dos canais representa a quebra de gradiente, na passagem para a planície abissal, com a dispersão de sedimentos arenosos em lobos coalescentes. A localização da base do talude continental na região predominante de dejeção dos lobos turbidíticos distais, apresenta-se como a melhor opção para determinação do limite exterior da margem continental de Angola aplicando-se os preceitos da Lei do Mar, considerando-se que o estado costeiro tem a prerrogativa de escolher o limite marítimo exterior que lhe seja mais favorável.The deep sea submarine fans are fed by sediments derived from the continents and deposited in the deep sea through gravitational mass transport processes and by gravitational flows that carry abnormally high amounts of sediments. These deposits can cover millions of km² in area, constituting one of the largest geomorphological features on Earth. As such, they must be considered, according to the precepts of the Law of the Sea, as natural components of the continental margins. The morphology of Angola's continental margin has been profoundly modified by the influx of immense sedimentary volumes deposited in the Congo submarine fan and in the coalescent submarine fan complexes of Kwanza, Benguela and Namibe. The smoothing of the bathymetric relief associated with sedimentation in these submarine fans generated a smooth and continuous bathymetric profile from the continental shelf break to the abyssal plain, preventing the morphological definition of the continental rise. Thus, the determination of the foot of the continental slope, for the purpose of delimiting the external limit of the legal continental shelf on the Angolan margin, cannot be done by applying primarily morphological parameters based on changes in the bathymetric gradient, as determined by the Law of the Sea. Consequently, the use of criteria based on additional geological and geophysical information, derived from the analysis of multi-beam bathymetry data, 3.5 kHz sub-bottom profiler and multichannel seismic, were used. It is observed that on the Angolan margin meandering submarine channels and their respective distal lobes constitute the main elements of sedimentary dispersion of the submarine fans. The presence of meandering channels, with well-developed marginal levees, indicates the smoothing of the bathymetric gradient and the continuous and voluminous turbiditic flow confined to the channels, while the distal lobes, at the end of the meandering channels, represent the gradient break, in the passage to the abyssal plain, with the dispersion of sandy sediments in coalescent lobes. The location of the base of the continental slope in the predominant region of dejection of the distal turbiditic lobes, presents itself as the best option for determining the outer limit of the continental margin of Angola, applying the precepts of the Law of the Sea, considering that the coastal state has the prerogative to choose the its most favorable outer maritime limit.57 f.NiteróiSilva, Cleverson GuizanGorini, Marcus AguiarSilva, Rodrigo Jorge Perovano daReis, Antonio Tadeu dosMello, Sidney Luis de MatosSilva, Cleverson Guizanhttp://lattes.cnpq.br/2192755725741120Gorini, Marcus Aguiarhttp://lattes.cnpq.br/2241866258549499Silva, Rodrigo Jorge Perovano dahttp://lattes.cnpq.br/2030566436623114Reis, Antonio Tadeu doshttp://lattes.cnpq.br/8212550476765235Mello, Sidney Luiz de Matoshttp://lattes.cnpq.br/4554184513868631Moreira, Domingos de Carvalho Viana2022-03-30T16:24:00Z2022-03-30T16:24:00Z2019info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfMOREIRA, Domingos de Carvalho Viana. Leques submarinos como componentes naturais da margem continental angolana. 2019. 57 f. Tese (Doutorado em Dinâmica dos Oceanos e da Terra) - Programa de Pós-Graduação em Dinâmica dos Oceanos e da Terra, Instituto de Geociências, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2019.http://app.uff.br/riuff/handle/1/24818Aluno de Doutoradohttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/CC-BY-SAinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)instname:Universidade Federal Fluminense (UFF)instacron:UFF2022-03-30T16:24:07Zoai:app.uff.br:1/24818Repositório InstitucionalPUBhttps://app.uff.br/oai/requestriuff@id.uff.bropendoar:21202024-08-19T10:48:59.559103Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF) - Universidade Federal Fluminense (UFF)false
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