“É onde eu posso ser eu mesmo”: uma etnografia sobre o “fazer teatro”
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2024 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF) |
Texto Completo: | https://app.uff.br/riuff/handle/1/34139 |
Resumo: | Esta dissertação é fruto de um trabalho de campo etnográfico, empreendido em uma escola de teatro amador da cidade de Niterói, Rio de Janeiro. Entre fevereiro de 2021 e fevereiro de 2022, o antropólogo, na qualidade de estudante matriculado, investigou diferentes aspectos relacionados a aprendizagem do ensino em teatro. A pesquisa buscou acompanhar a trajetória dos discentes no curso de “Iniciação ao Teatro e Experimentação Teatral”. O módulo cursado era indistintamente comum àqueles que aspiravam ou não a carreira artística, nele os discentes, assim como o etnógrafo, se viam inseridos nas dinâmicas de alongamentos, aquecimentos, jogos, brincadeiras, improvisos, ensaios e espetáculos. Nesse panorama, a sala de aula ganhava eminência fundamental, assim como a sua configuração espacial e a exigência institucional por um uniforme de cor preta. Espaço de sociabilidade entre diferentes, o curso de teatro era onde os alunos se deparavam com o forte ditame teatral do “nunca ter medo de se expor ao ridículo”. Além dele, conscientizava-se sobre a necessidade do aluno-ator se “soltar”, se “destravar” e se “desligar” do chamado mundo lá de fora. Em suma, não ter vergonha. Tais vetores apontavam sistematicamente para a crucialidade do corpo e da imaginação do estudante de teatro como instrumentos de investimento e inscrição dos saberes cênicos aprendidos no decorrer do curso. Para todos os efeitos, os significados, representações e usos creditados ao “fazer teatro” revelavam que a sua prática amadora suscitava uma série de valores de ordens introspectiva e sentimental. Mais propriamente entre aqueles que não cultivavam interesses artístico-profissionais com a realização do curso, dava-se uma espécie de uso lúdico às práticas teatrais que, por conseguinte, pareciam identificar nela uma instância com altas propriedades solucionadoras, ou ao menos apaziguadoras, de problemas e peripécias de suas vidas íntimas. Se não dessa forma, simplesmente, fazer teatro era tido uma constante fonte de competências extensamente positivas que refletiam nos bem-estares gerais dos indivíduos. São essas as frentes analíticas que esta pesquisa se dedica e, através delas, se almeja contribuir para a Antropologia do Teatro brasileiro. |
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“É onde eu posso ser eu mesmo”: uma etnografia sobre o “fazer teatro”TeatroCorpoEmoçõesEtnografiaTeatroAprendizagemNiterói (RJ)TheaterBodyEmotionsEthnographyEsta dissertação é fruto de um trabalho de campo etnográfico, empreendido em uma escola de teatro amador da cidade de Niterói, Rio de Janeiro. Entre fevereiro de 2021 e fevereiro de 2022, o antropólogo, na qualidade de estudante matriculado, investigou diferentes aspectos relacionados a aprendizagem do ensino em teatro. A pesquisa buscou acompanhar a trajetória dos discentes no curso de “Iniciação ao Teatro e Experimentação Teatral”. O módulo cursado era indistintamente comum àqueles que aspiravam ou não a carreira artística, nele os discentes, assim como o etnógrafo, se viam inseridos nas dinâmicas de alongamentos, aquecimentos, jogos, brincadeiras, improvisos, ensaios e espetáculos. Nesse panorama, a sala de aula ganhava eminência fundamental, assim como a sua configuração espacial e a exigência institucional por um uniforme de cor preta. Espaço de sociabilidade entre diferentes, o curso de teatro era onde os alunos se deparavam com o forte ditame teatral do “nunca ter medo de se expor ao ridículo”. Além dele, conscientizava-se sobre a necessidade do aluno-ator se “soltar”, se “destravar” e se “desligar” do chamado mundo lá de fora. Em suma, não ter vergonha. Tais vetores apontavam sistematicamente para a crucialidade do corpo e da imaginação do estudante de teatro como instrumentos de investimento e inscrição dos saberes cênicos aprendidos no decorrer do curso. Para todos os efeitos, os significados, representações e usos creditados ao “fazer teatro” revelavam que a sua prática amadora suscitava uma série de valores de ordens introspectiva e sentimental. Mais propriamente entre aqueles que não cultivavam interesses artístico-profissionais com a realização do curso, dava-se uma espécie de uso lúdico às práticas teatrais que, por conseguinte, pareciam identificar nela uma instância com altas propriedades solucionadoras, ou ao menos apaziguadoras, de problemas e peripécias de suas vidas íntimas. Se não dessa forma, simplesmente, fazer teatro era tido uma constante fonte de competências extensamente positivas que refletiam nos bem-estares gerais dos indivíduos. São essas as frentes analíticas que esta pesquisa se dedica e, através delas, se almeja contribuir para a Antropologia do Teatro brasileiro.Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível SuperiorThis essay is the result of an ethnographic fieldwork, realized in an amateur theater school in the city of Niteroi, Rio de Janeiro. From february 2021 to february 2022, the anthropologist, as an enrolled student, searched different aspects related to the apprenticeship of theater. The research intended to follow the trajectory of the students in the class “introduction to theater and theater experiment.” The studied module was indistinctly common for those who wished or not a artistic career, where the students, including the ethnographer, saw themselves inserted in stretchings, warm ups, games, past-times, improvisation, rehearsal and spectacles. In this context, the classroom gains a fundamental eminence, as well its spatial configuration and the institutional demand for a black school uniform. Space of sociability between strangers, the theater course was where the students faced the strong theatrical command of “not being afraid of exposing themselves to ridicule”. Beyond that, the course makes the actor-student aware of the necessity of the “self-disembarrass”, “self-unlock” and “self-disconnection” of the so called outside- world . Briefly, to not be ashamed. Those vectors pointed systematically for the cruciality of the student’s body and imagination as an instrument of investment and inscription of scenical knowledge learned through the course. Anyway, the meanings, representations and uses attributed to the “do theater” reveals that its amateur practice arises from a series of introspective and sentimental values. More specifically among those who didn’t cultivate artistic-professional interest with the course, they gave a kind of ludic use to theatrical practices that, therefore, seemed to identify in it an instance with high solving properties, or at least appeasements, of problems and infortunes of their own private lives. Or, if not in that way, do theater was considered a constant source of largely positive skills that reflected on the general well-being of individuals. These are the analytical fronts that this research is dedicated to, through them, it aims to contribute to the Anthropology of Brazilian Theater.132 p.Mattos, Luiz Fernando RojoSilva, Edilson Márcio Almeida daMachado, Bernardo Fonsecahttp://lattes.cnpq.br/0204110820296072Medeiros, João Pedro de Oliveira2024-08-14T12:09:42Z2024-08-14T12:09:42Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfMEDEIROS, João Pedro de Oliveira. “É onde eu posso ser eu mesmo”: uma etnografia sobre o “fazer teatro”. 2023. 132 f. Dissertação (Mestrado em Antropologia) – Programa de Pós-Graduação em Antropologia, Instituto de Ciências Humanas e Filosofia, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2023.https://app.uff.br/riuff/handle/1/34139CC-BY-SAinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)instname:Universidade Federal Fluminense (UFF)instacron:UFF2024-08-14T12:09:47Zoai:app.uff.br:1/34139Repositório InstitucionalPUBhttps://app.uff.br/oai/requestriuff@id.uff.bropendoar:21202024-08-19T10:48:06.721604Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF) - Universidade Federal Fluminense (UFF)false |
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