“A culpa (não) é da outra”? o discurso sobre triângulos amorosos no “consultório sentimental” da revista Claudia

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Carneiro, Ceres Ferreira
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)
Texto Completo: https://app.uff.br/riuff/handle/1/10059
Resumo: Este trabalho tem como proposta analisar discursivamente cartas atribuídas a mulheres com circulação nos chamados "consultórios sentimentais" da revista feminina Claudia, que tratam, em sua materialidade discursiva, de triângulos amorosos. Temos que os símbolos presentes no mito da Medusa (“Medusa era uma jovem lindíssima e muito orgulhosa de sua cabeleira. (...) A deusa da inteligência, Atená, puniu a adversária porque Posídon, tendo-a raptado, violou-a.”) – e em outros mitos – perduram até os dias atuais, visto que as mulheres continuam acusando suas rivais pela traição do companheiro e não o próprio companheiro, conforme dizeres narrados nas cartas pessoais, entendidas, por nós, com relatos da vida íntima, de leitoras enviadas à revista. Sob a perspectiva da Análise do Discurso de linha francesa, disponibilizamos, como dispositivo teórico-metodológico, conceitos como os de memória discursiva, formação discursiva, formação imaginária, entre outros para darem suporte às análises das sequências discursivas recortadas de nosso corpus. Em nosso gesto de análise, trazemos as imagens projetadas pelos sujeitos-consulente (interlocutora em A) de si, da rival, do casamento, do amor e da traição, assim como as imagens projetadas pelos sujeitos-conselheira/o (interlocutora em B) de mulheres que experimentam triângulos amorosos; trazemos, ainda, como a imprensa feminina, mais especificamente a revista Claudia, com suas ‘receitas’ de felicidade contribuíram (e contribuem) para a constituição do feminino: tanto repetindo sentidos já estabilizados sobre o casamento como desestabilizando-os, deslocando-os para outros sentidos e para outras posições. Entendemos que refletir sobre como as mulheres são e foram discursivizadas em nossa formação social, a partir de suas posições de esposa ou amante, em situação de traição, e sobre como as revistas femininas, em determinadas condições de produção, contribuem para a homogeneização de sentidos sobre o feminino, se fazem necessário para entendermos como e porque o duo submissão/dominação ainda está na base de tantas relações interpessoais que envolvem homens e mulheres, e como e porque resistir ao duo submissão/dominação precisa estar na pauta dos debates sobre a desigualdade de gêneros
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A deusa da inteligência, Atená, puniu a adversária porque Posídon, tendo-a raptado, violou-a.”) – e em outros mitos – perduram até os dias atuais, visto que as mulheres continuam acusando suas rivais pela traição do companheiro e não o próprio companheiro, conforme dizeres narrados nas cartas pessoais, entendidas, por nós, com relatos da vida íntima, de leitoras enviadas à revista. Sob a perspectiva da Análise do Discurso de linha francesa, disponibilizamos, como dispositivo teórico-metodológico, conceitos como os de memória discursiva, formação discursiva, formação imaginária, entre outros para darem suporte às análises das sequências discursivas recortadas de nosso corpus. Em nosso gesto de análise, trazemos as imagens projetadas pelos sujeitos-consulente (interlocutora em A) de si, da rival, do casamento, do amor e da traição, assim como as imagens projetadas pelos sujeitos-conselheira/o (interlocutora em B) de mulheres que experimentam triângulos amorosos; trazemos, ainda, como a imprensa feminina, mais especificamente a revista Claudia, com suas ‘receitas’ de felicidade contribuíram (e contribuem) para a constituição do feminino: tanto repetindo sentidos já estabilizados sobre o casamento como desestabilizando-os, deslocando-os para outros sentidos e para outras posições. Entendemos que refletir sobre como as mulheres são e foram discursivizadas em nossa formação social, a partir de suas posições de esposa ou amante, em situação de traição, e sobre como as revistas femininas, em determinadas condições de produção, contribuem para a homogeneização de sentidos sobre o feminino, se fazem necessário para entendermos como e porque o duo submissão/dominação ainda está na base de tantas relações interpessoais que envolvem homens e mulheres, e como e porque resistir ao duo submissão/dominação precisa estar na pauta dos debates sobre a desigualdade de gênerosThis doctoral thesis aims to discursively analyze letters attributed to women in circulation in the so-called “sentimental offices” of the women’s magazine Claudia, which deal, in their discursive materiality, with love triangles. We consider that the symbols present in the myth of Medusa (“Medusa was a very beautiful young woman and very proud of her hair. (…) The goddess of intelligence, Athena, punished the adversary because Poseidon, having kidnapped her, violated her.”) – and in others myths – survive to this day, since women continue to accuse their rivals for the betrayal of their partners and not the partner himself, according to what is said in the narratives of personal letters understood by us as accounts of readers’ intimate life sent to the magazine. From the perspective of the French Discourse Analysis, we work, as a theoretical-methodological framework, with the concepts of discursive memory, discursive formation, imaginary formation, among others, to support the analyzes of the discursive sequences cut from our corpus. In our analysis gesture we bring the images projected by the consultant-subjects (interlocutor in A) of themselves, of the rival, of marriage, of love and of betrayal, as well as images projected by the counselor-subjects (interlocutor in B) of women experiencing love triangles; we also bring how the women’s press, more specifically Claudia magazine, with its ‘recipes’ of happiness, contributed (and still do) to the constitution of the feminine: both repeating meanings already stabilized about marriage and destabilizing them, shifting them to other meanings and other positions. We understand that pondering upon how women are and were discursivized in our social formation – from their positions of wife or lover, in a situation of betrayal – and upon how women’s magazines, under certain conditions of production, contribute to the homogenization of meanings about the feminine is necessary to comprehend how and why the pair submission/domination still underlies so many interpersonal relationships that involve men and women, and how and why resisting to the pair submission/domination needs to be on the agenda of discussions about inequality of genresSilva, Silmara DelaMagalhães, Belmira Rita da CostaSoares, Alexandre FerrariBaalbaki, Angela Corrêa FerreiraMendes, Larissa de Morais RibeiroCarneiro, Ceres Ferreira2019-06-19T15:01:05Z2019-06-19T15:01:05Z2018info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttps://app.uff.br/riuff/handle/1/10059CC-BY-SAinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)instname:Universidade Federal Fluminense (UFF)instacron:UFF2022-01-28T15:44:24Zoai:app.uff.br:1/10059Repositório InstitucionalPUBhttps://app.uff.br/oai/requestriuff@id.uff.bropendoar:21202022-01-28T15:44:24Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF) - Universidade Federal Fluminense (UFF)false
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