A "escravidão livre" na corte: escravizados moralmente lutam contra a escravidão de fato (Rio de Janeiro no processo da abolição)
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Data de Publicação: | 2012 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF) |
Texto Completo: | https://app.uff.br/riuff/handle/1/16303 |
Resumo: | Durante a segunda metade do século XIX, na Corte imperial brasileira, trabalhadores livres e escravizados partilhavam espaços e condições de vida e trabalho. Esse compartilhamento era marcado e tinha como consequência a produção de experiências comuns entre esses trabalhadores. Como elemento dessa experiência desenvolvia-se a percepção da exploração da força de trabalho como sendo uma forma de “escravidão livre”, ou “escravidão moral”. Aqueles que, não escravizados de fato, teriam suas condições de existência rebaixadas em função da permanência do regime de escravidão. Desta forma os trabalhadores “livres”, em geral assalariados, de diversos ofícios agiram no sentido de transformação da realidade, formando e se incorporando nos debates centrais de seu período. Esta tese vem contribuir no debate sobre o processo de abolição da escravidão como elemento imprescindível para a formação da classe trabalhadora no Rio de Janeiro (e no Brasil). Parte-se, assim, da hipótese de que existia um movimento abolicionista composto por diversas frações da sociedade na cidade de Rio de Janeiro, um movimento composto por vários movimentos. Os diversos grupos sociais se articulavam, porém, apresentavam interesses e efetuavam ações muitas vezes contraditórias, evidenciando suas diferenças e marcando as relações estabelecidas por eles. Para além das ações parlamentares e do protagonismo dos próprios trabalhadores escravizados, os trabalhadores assalariados, organizados em suas associações, tiveram importante papel nas lutas pela liberdade. Neste movimento torna-se necessária também a busca pela compreensão dos elementos de dominação e de luta contra a dominação de classe, que entrelaçam-se e inundam as relações estabelecidas pelos diversos agentes sociais. Debate este que precisa ser entendido a partir de uma discussão conceitual em torno da luta de classes e dos direitos de cidadania, que tem, necessariamente, como referencial o momento em que escrevemos |
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A "escravidão livre" na corte: escravizados moralmente lutam contra a escravidão de fato (Rio de Janeiro no processo da abolição)AboliçãoClasse trabalhadoraLuta de classesCidadaniaAbolição da escravatura, 1888Classe trabalhadoraConflito socialCidadaniaAbolitionWorking classClass struggleCitizenshipDurante a segunda metade do século XIX, na Corte imperial brasileira, trabalhadores livres e escravizados partilhavam espaços e condições de vida e trabalho. Esse compartilhamento era marcado e tinha como consequência a produção de experiências comuns entre esses trabalhadores. Como elemento dessa experiência desenvolvia-se a percepção da exploração da força de trabalho como sendo uma forma de “escravidão livre”, ou “escravidão moral”. Aqueles que, não escravizados de fato, teriam suas condições de existência rebaixadas em função da permanência do regime de escravidão. Desta forma os trabalhadores “livres”, em geral assalariados, de diversos ofícios agiram no sentido de transformação da realidade, formando e se incorporando nos debates centrais de seu período. Esta tese vem contribuir no debate sobre o processo de abolição da escravidão como elemento imprescindível para a formação da classe trabalhadora no Rio de Janeiro (e no Brasil). Parte-se, assim, da hipótese de que existia um movimento abolicionista composto por diversas frações da sociedade na cidade de Rio de Janeiro, um movimento composto por vários movimentos. Os diversos grupos sociais se articulavam, porém, apresentavam interesses e efetuavam ações muitas vezes contraditórias, evidenciando suas diferenças e marcando as relações estabelecidas por eles. Para além das ações parlamentares e do protagonismo dos próprios trabalhadores escravizados, os trabalhadores assalariados, organizados em suas associações, tiveram importante papel nas lutas pela liberdade. Neste movimento torna-se necessária também a busca pela compreensão dos elementos de dominação e de luta contra a dominação de classe, que entrelaçam-se e inundam as relações estabelecidas pelos diversos agentes sociais. Debate este que precisa ser entendido a partir de uma discussão conceitual em torno da luta de classes e dos direitos de cidadania, que tem, necessariamente, como referencial o momento em que escrevemosDuring the second half of the nineteenth century, in the Brazilian empire, free workers and slaves shared spaces and conditions of life and work. This was marked and had as a consequence the production of common experiences between these workers. As an element of these experiences, there was also the development of a perception of the exploitation of the workforce as a form of "free slavery", or "moral slavery". Those who were not enslaved had their conditions of existence lowered as a function of the permanence of the regime of slavery. In this way, "free" workers, generally paid workers of different professions, sought to transform their reality, generating and engaging with the central debates of their time. This thesis contributes to the debate on the process of the abolition of slavery as an indispensable element in the formation of the working class in Rio de Janeiro (and in Brazil). The thesis starts from the hypothesis that there was an abolitionist movement composed by different factions from the society of Rio de Janeiro, a movement composed by other various movements. These different social groups were articulated; however, they had different interests and engaged in actions that were often contradictory, putting in evidence their differences and highlighting the relationships established among them. Besides parliamentary actions and the engagements of enslaved workers, the paid workers, organized in associations, had an important role in the struggles for liberty. At this moment it becomes necessary to understand the elements of domination and struggle between classes that entwine and imbue the relations established by different social actors. This debate has to be understood in the framework of a broader theoretical debate on class struggle and the rights of the citizenship, which has necessarily as a referent our current historical situation263 f.NiteróiMattos, Marcelo BadaróGomes, Flávio dos SantosPereira, Leonardo Affonso de MirandaEngel, Magali GouveiaFontes, Virginia Maria Gomes de MattosMattos, Rômulo CostaCosta, Rafael Maul de Carvalho2020-12-10T17:11:32Z2020-12-10T17:11:32Z2012info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfCOSTA, Rafael Maul de Carvalho. A "escravidão livre" na corte: escravizados moralmente lutam contra a escravidão de fato (Rio de Janeiro no processo da abolição). 2012. 263f. Tese (Doutorado em História) - Universidade Federal Fluminense, 2012.https://app.uff.br/riuff/handle/1/16303Aluno de Doutoradohttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/CC-BY-SAinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)instname:Universidade Federal Fluminense (UFF)instacron:UFF2022-08-01T13:49:23Zoai:app.uff.br:1/16303Repositório InstitucionalPUBhttps://app.uff.br/oai/requestriuff@id.uff.bropendoar:21202024-08-19T11:15:14.998867Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF) - Universidade Federal Fluminense (UFF)false |
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