A rabeca de José Gerôncio: Luiz Heitor Corrêa de Azevedo: música, folclore e academia na primeira metade do século XX

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Drach, Henrique
Data de Publicação: 2011
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)
Texto Completo: https://app.uff.br/riuff/handle/1/16334
Resumo: A partir de 1930, retoma-se o movimento em busca de uma identidade nacional, que datava quase da própria independência em 1822. Atraídos por sua força gravitacional, várias correntes da intelectualidade brasileira passaram a orbitar então à volta de um Estado renovadamente autoritário, lançando-se à procura das raízes do Brasil, identificadas por alguns como folclore. No contexto mundial das inéditas dimensões trazidas pela I Guerra Mundial e pelas vertiginosas transformações industriais e tecnológicas que acompanharam a expansão capitalista, decompunham-se as formas tradicionais de convivência como os referenciais considerados absolutos, surgindo o mundo propriamente moderno. Ao mesmo tempo, se a fotografia, o cinema e os processos de gravação sonora criavam a expectativa de poder conservar o passado, o telégrafo, o automóvel, o avião e o rádio pareciam superar as barreiras de incomunicabilidade do presente entre povos e países. Na iminência de um segundo conflito mundial, ressurgiu, promovido pelos Estados Unidos, o ideal panamericano. Em seu bojo, como ocorria na Europa de tantas nacionalidades distintas, estava a proposta de elaborar um gigantesco arquivo de folclore, que assegurasse o mapeamento musical das Américas. Nesse momento, primeiro catedrático (1939) da cadeira de folclore nacional na Escola Nacional de Música do Rio de Janeiro, Luiz Heitor Corrêa de Azevedo aproveita o oferecimento de uma estadia de seis meses em Washington D.C. Ao retornar, realiza quatro viagens de pesquisas folclóricas entre 1942 e 1946 – a Goiás, Ceará, Minas Gerais e Rio Grande do Sul – com a missão de resgatar o que restava da essência da alma brasileira, antes que se desintegrasse para sempre diante das novidades trazidas pelas ondas do rádio. Esta tese examina a trajetória desse personagem desde sua formação no Colégio Anchieta dos padres jesuítas em Friburgo, RJ, até sua partida para Paris, em 1947, onde passou a atuar como alto funcionário da UNESCO. De um lado, busca-se contextualizar sua atuação, em especial, quanto ao papel exercido pelo panamericanismo e quanto ao lugar ocupado pelo folclore na academia brasileira. De outro, evidenciar a tensão, presente nas viagens que realizou, entre regras metodológicas rigorosas de pesquisa, que supostamente devia seguir, e uma compreensão hermenêutica, que lhe permitia abordar pessoas muito diferentes daquelas com as quais convivia. Num plano mais profundo, de maneira quase imperceptível, porém, indaga-se também a respeito do lugar da música na sociedade contemporânea
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