Avaliação clínica e laboratorial pós-laparoscópica em ovelhas submetidas a diferentes pressões de pneumoperitônio

• Autor(a) principal: Gouvêa, Liana Villela de
• Data de Publicação: 2024
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)
• Texto Completo: http://app.uff.br/riuff/handle/1/32396
• topic: Videolaparoscopia; Ceruloplasmina; Albumina; Malondialdeído,; Índice; Laparoscopia; Ovino; Pós-operatório; Ventilação pulmonar; Videolaparoscopy; Ceruloplasmin; Albumin; Malondialdehyde; Index

O modelo experimental ovino está sendo cada vez mais usado na laparoscopia, e é necessário garantir o bem-estar dos animais durante e após os procedimentos. No entanto, complicações relacionadas apenas ao pneumoperitônio e ventilação mecânica na laparoscopia geralmente não podem ser medidas sem interferência. Este estudo tem como objetivo avaliar a resposta clínica e laboratorial pós-laparoscópica de ovelhas submetidas a diferentes pressões intrabdominais (PIA), sem outro procedimento invasivo concomitante, caracterizando e mensurando a resposta de fase aguda (RFA) através das concentrações destas proteínas, quatro índices, suas respectivas alterações percentuais e correlações de grupo ao longo do tempo. Dez ovelhas Santa Inês não prenhes (48,8 ± 5,6 kg) foram submetidas a um estudo crossover randomizado usando diferentes pressões intrabdominais (IAPs): 0 mmHg (G1), 10 mmHg (G2), 12 mmHg (G3) e 15 mmHg, (G4). Os animais foram anestesiados e ventilados mecanicamente (Vt = 15 ml/kg) com pressão final positiva (3 cmH2O) e fiO2 = 1,0. Ao mesmo tempo, o pneumoperitônio foi induzido e mantido pela cânula de Hasson ligada a um insuflador e não houve intervenção visceral invasiva. Os parâmetros de exame físico foram coletados e as concentrações de malondialdeído (MDA) e proteínas de fase aguda (PFA) foram dosadas. Dentre essas, albumina (Alb), transferrina (Tf), apolipoproteína A1 (Apo A1), fibrinogênio (FB), haptoglobina (Hp), ceruloplasmina (Cp), α1 - glicoproteína ácida (α1-GPA) e α1-antitripsina (α-1-ATT), foram dosados imediatamente antes do procedimento (T0) e 24H (T1), 72H (T2), 7 dias (T3) e 14 dias (T4) após o procedimento. As variáveis de hematologia e fibrinogênio (FB) foram avaliadas em T0, T2 e T3, enquanto a bioquímica sérica em T0 e T2. As alterações nos parâmetros clínicos foram discretas e dentro de valores normais para as espécie e raça em todos os grupos. Leucócitos, neutrófilos, linfócitos e relação N: L aumentaram acima dos níveis normais em 72 horas após o procedimento e retornaram ao normal dentro de 7 dias, exceto no grupo G4, que o valor mais alto foi 7 dias pós-procedimento. A análise bioquímica para todos os parâmetros se manteve dentro da faixa de normalidade em todos os grupos. Ainda assim, é aconselhável o monitoramento da aspartato aminotransferase (AST) até 7 dias após a conclusão dos procedimentos laparoscópicos devido ao aumento em 72 horas. No grupo G4, os níveis de FB sugerem uma resposta inflamatória tardia que persistiu por até 7 dias (de 310 ± 179 a 610 ± 335 mg/dL), e os níveis de MDA foram ascendentes por até 14 dias (de 257,2 ± 136,5 a 369,7 ± 201,4 nm/g Hb). Em G4, Alb e Tf atingiram uma diminuição de valor semelhante em T3 e T4. A Apo A1 apresentou valores decrescentes em todos os grupos, exceto G4. Os níveis de Hp, Cp e α1-AGP apresentaram comportamento semelhante, no entanto, a Cp apresentou a maior alteração percentual em T3 e T4. Em G4, α1-ATT diminuiu em T3 e T4, enquanto aumentou em todos os outros grupos. Os níveis de Alb, Tf e Cp e mudanças percentuais foram mais úteis para caracterizar a dinâmica da RFA que foi observada 7 e 14 dias após o procedimento no grupo G4, como consequência do pneumoperitônio e da ventilação mecânica em laparoscopia. As diferenças dos índices 1, 2 e 3 e suas respectivas variações percentuais foram mais evidentes ao longo do tempo que o índice 4, mostrando uma RFA em T3 e T4 para G4. Os índices 1 e 2 apresentaram uma forte correlação positiva, enquanto os índices 3 e 4 apresentaram uma fraca correlação positiva. Embora não tenham sido observadas alterações clínicas e hematológicas significativas, alterações bioquímicas e estresse oxidativo foram maiores até 14 dias após o procedimento no grupo com IAP de 15 mmHg. Essas alterações podem ser interpretadas como consequência do pneumoperitônio e da ventilação mecânica. Recomendam-se cuidados pós-operatórios superiores a esse período também em estudos translacionais para melhoria das técnicas e dos cuidados pós- laparoscópicos em ovinos.