Investimento e desenvolvimento em economias financeirizadas: um estudo para o Brasil pós-tripé macroeconômico

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Araújo, Eduardo Mantoan de
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)
Texto Completo: http://app.uff.br/riuff/handle/1/26458
Resumo: O atual fenômeno da financeirização no Brasil, segundo Lavinas et al. (2019), se expressa por um padrão ditado por ganhos com as altas taxas de juros, conectados à dívida pública interna, dada sua elevada rentabilidade e liquidez, que se consolidou com as reformas do Plano Real e o tripé macroeconômico. Estas reformas junto do processo de financeirização “estreitaram” o espaço para políticas anticíclicas e limitaram a sustentação de maiores taxas de investimento, como descrevem Feijó e Lamônica (2016). Portanto, este trabalho objetiva investigar os canais e as consequências da financeirização sobre a atividade produtiva brasileira e como este fenômeno permeia o comportamento gerencial das empresas não financeiras na tomada de decisão de investimentos produtivos. Para amparar a investigação teórica, utiliza-se o conceito de financeirização de firmas e suas implicações no investimento (Feijó et al., 2016; Stockhammer, 2007) a partir do entendimento da fragilidade financeira presente nos ciclos econômicos (Minsky, 1986). Utiliza-se dados contábil-financeiros de 125 grandes empresas não-financeiras de capital aberto no Brasil no período entre 1999 e 2019. A análise dos dados indica que mesmo com o aumento dos investimentos produtivos até o ano de 2013 as empresas estiveram inclinadas à lógica financeirizada, elevando suas aplicações financeiras e ampliando a participação das receitas financeiras em seus fluxos de caixas. Porém, a partir de 2014 e, especialmente, com a irrupção da crise de 2015-2016, a lógica financeirizada assume maior dominância no interior das firmas, com maior participação relativa das remunerações rentistas e aplicações financeiras em detrimento do desestímulo de investimentos produtivos. Destaca-se também que o processo de financeirização na Petrobras, maior empresa brasileira, se aprofundou junto de um processo de desinvestimento, sobretudo após a instalação da Operação lava-Jato. Diante de um cenário macroeconômico de elevada incerteza e com insuficiência de demanda, os destinos rentistas se tornaram prioritários no interior das firmas e uma alternativa mais atraente em comparação com investimentos produtivos, que foram sistematicamente reduzidos neste período. Assim, a financeirização de firmas tem atenuado o caráter pró-cíclico do comportamento empresarial e ativado mecanismos que desestimulam a alocação em investimentos produtivos, tornando-as menos dispostas para auxiliar no processo de retomada do desenvolvimento econômico no Brasil.
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Estas reformas junto do processo de financeirização “estreitaram” o espaço para políticas anticíclicas e limitaram a sustentação de maiores taxas de investimento, como descrevem Feijó e Lamônica (2016). Portanto, este trabalho objetiva investigar os canais e as consequências da financeirização sobre a atividade produtiva brasileira e como este fenômeno permeia o comportamento gerencial das empresas não financeiras na tomada de decisão de investimentos produtivos. Para amparar a investigação teórica, utiliza-se o conceito de financeirização de firmas e suas implicações no investimento (Feijó et al., 2016; Stockhammer, 2007) a partir do entendimento da fragilidade financeira presente nos ciclos econômicos (Minsky, 1986). Utiliza-se dados contábil-financeiros de 125 grandes empresas não-financeiras de capital aberto no Brasil no período entre 1999 e 2019. A análise dos dados indica que mesmo com o aumento dos investimentos produtivos até o ano de 2013 as empresas estiveram inclinadas à lógica financeirizada, elevando suas aplicações financeiras e ampliando a participação das receitas financeiras em seus fluxos de caixas. Porém, a partir de 2014 e, especialmente, com a irrupção da crise de 2015-2016, a lógica financeirizada assume maior dominância no interior das firmas, com maior participação relativa das remunerações rentistas e aplicações financeiras em detrimento do desestímulo de investimentos produtivos. Destaca-se também que o processo de financeirização na Petrobras, maior empresa brasileira, se aprofundou junto de um processo de desinvestimento, sobretudo após a instalação da Operação lava-Jato. Diante de um cenário macroeconômico de elevada incerteza e com insuficiência de demanda, os destinos rentistas se tornaram prioritários no interior das firmas e uma alternativa mais atraente em comparação com investimentos produtivos, que foram sistematicamente reduzidos neste período. Assim, a financeirização de firmas tem atenuado o caráter pró-cíclico do comportamento empresarial e ativado mecanismos que desestimulam a alocação em investimentos produtivos, tornando-as menos dispostas para auxiliar no processo de retomada do desenvolvimento econômico no Brasil.Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível SuperiorThe current phenomenon of financialization in Brazil, according to Lavinas et al. (2019), is expressed by a pattern dictated by gains from high interest rates, connected to the internal public debt, given its high profitability and liquidity, which was consolidated with the reforms of the Real Plan and the macroeconomic tripod. These reforms together with the financialization process contributed to a “narrowing” of the space for countercyclical policies and limited the support of higher investment rates, as described by Feijó and Lamônica (2016). Therefore, this work aims to investigate the channels and consequences of financialization on Brazilian productive activity and how this phenomenon permeates the managerial behavior of non-financial companies in decision-making on productive investments. To support the theoretical investigation, the concept of financialization of firms and its implications for investment (Feijó et al., 2016; Stockhammer, 2007) is used from the understanding of the financial fragility present in economic cycles (Minsky, 1986). Accounting-financial data from 125 large non-financial publicly traded companies in Brazil in the period between 1999 and 2019 are used. Data analysis indicates that even with the increase in productive investments up to 2013, companies were inclined to the logic financialized, increasing its financial investments and increasing the share of financial income in its cash flows. However, from 2014 onwards, and especially with the onset of the 2015-2016 crisis, the financialized logic assumes greater dominance within firms, with a greater relative share of rentier remunerations and financial investments to the detriment of the discouragement of productive investments. It is also noteworthy that the financialization process at Petrobrás, the largest Brazilian company, deepened along with a divestment process, especially after the installation of Operation “Lava-Jato”. Faced with a macroeconomic scenario of high uncertainty and insufficient demand, rentier destinations became priorities within firms and a more attractive alternative compared to productive investments, which were systematically reduced in this period. Thus, the financialization of firms has attenuated the pro-cyclical nature of business behavior and activated mechanisms that discourage allocation to productive investments, making them less willing to assist in the process of resuming economic development in Brazil.138 f.Feijó, Carmem Aparecidahttp://lattes.cnpq.br/9040659895653917http://lattes.cnpq.br/0160836238877302Araújo, Eduardo Mantoan de2022-10-11T22:02:01Z2022-10-11T22:02:01Z2021info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfARAÚJO, Eduardo Mantoan de. Investimento e desenvolvimento em economias financeirizadas: um estudo para o Brasil pós-tripé macroeconômico. 2021. 138 f. Dissertação (Mestrado em Economia) – Programa de Pós-Graduação em Economia, Faculdade de Economia, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2021.http://app.uff.br/riuff/handle/1/26458CC-BY-SAinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)instname:Universidade Federal Fluminense (UFF)instacron:UFF2022-10-11T22:02:05Zoai:app.uff.br:1/26458Repositório InstitucionalPUBhttps://app.uff.br/oai/requestriuff@id.uff.bropendoar:21202022-10-11T22:02:05Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF) - Universidade Federal Fluminense (UFF)false
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