Política macroprudencial e estabilidade financeira: uma revisão crítica pós-Keynesiana

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Ferreira, Mateus Coelho
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)
Texto Completo: http://app.uff.br/riuff/handle/1/30483
Resumo: A presente dissertação tem como seu objetivo fazer uma revisão crítica da política macroprudencial sob a perspectiva pós-Keynesiana. A ocorrência de uma nova crise econômica global, como a crise financeira de 2008, gerou certos questionamentos acerca das políticas regulatórias adotadas até então, devido aos seus efeitos negativos sobre o nível de produto e emprego nos diversos países do mundo. A partir deste momento, houve um certo consenso de que se havia uma baixa compreensão sobre a natureza e a dimensão do chamado risco sistêmico. Deste modo, retoma-se a defesa de uma estrutura de regulação dita macroprudencial no debate macroeconômico, isto é, voltando a regulação para prevenção e analise da acumulação do risco sistêmico no sistema financeiro em sua totalidade. Com a introdução do Acordo de Basileia III, as bases para implementação dessa política macroprudencial foram efetivamente lançadas. Por exemplo, ficaram definidos instrumentos com a capacidade de lidar com o comportamento pró-cíclico do sistema financeiro, tal como o buffer de capital contracíclico. Entretanto, os instrumentos de política macroprudencial têm como referência teórica para as causas das crises financeiras os impactos de choques exógenos ou comportamentos ineficientes advindos da teoria da informação assimétrica. Todavia, do ponto de vista pós-Keynesiano, as causas para instabilidade financeira apresentam pressupostos diferentes. Neste ponto de vista, a instabilidade financeira assume um caráter essencialmente endógeno e suas causas estão no próprio modo de funcionamento do sistema capitalista moderno. Sob a hipótese de que decisões são tomadas sob incerteza fundamental, o processo de financiamento em economias modernas, em particular do investimento de longa duração, assume caráter pró-cíclico, e por isso as crises financeiras se mostram inevitáveis. Neste sentido, os instrumentos de políticas macroprudenciais apresentam limitações evidentes na configuração atual. Uma dessas limitações reside no fato do sistema bancário criar inovações financeiras que buscam burlar as regulações instituídas. Com relação ao debate em aberto, a teoria pós-Keynesiana acredita que o banco central deve ser o responsável pela política macroprudencial como também pela implementação dos seus instrumentos. Também, aponta para economias sem moeda conversível, principalmente, que o uso do controle de capitais deve ser considerado como um instrumento de política macroprudencial, pois, teria um duplo papel: reduzir a volatilidade cambial e impedir os bancos de investirem em ativos externos mais arriscados, evitando descasamento de moedas no seu balanço patrimonial. Outro ponto indica que o buffer de capital contracíclico não seria suficiente para lidar com a natureza pro-cíclica presente no sistema financeiro. Por outro lado, uma proposta pós-Keynesiana para estabilização do sistema financeiro deveria passar pela estabilidade da sua própria lucratividade, que em última instância, significa estabilizar a demanda agregada. Desta forma, esta dissertação defende, seguindo Minsky, uma adoção conjunta das políticas do chamado “Big Bank”, “Big Government” e “Big Employment” com a premissa de que para a estabilização de economias capitalistas modernas é necessário o compromisso com o atingimento do pleno emprego da economia.
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Deste modo, retoma-se a defesa de uma estrutura de regulação dita macroprudencial no debate macroeconômico, isto é, voltando a regulação para prevenção e analise da acumulação do risco sistêmico no sistema financeiro em sua totalidade. Com a introdução do Acordo de Basileia III, as bases para implementação dessa política macroprudencial foram efetivamente lançadas. Por exemplo, ficaram definidos instrumentos com a capacidade de lidar com o comportamento pró-cíclico do sistema financeiro, tal como o buffer de capital contracíclico. Entretanto, os instrumentos de política macroprudencial têm como referência teórica para as causas das crises financeiras os impactos de choques exógenos ou comportamentos ineficientes advindos da teoria da informação assimétrica. Todavia, do ponto de vista pós-Keynesiano, as causas para instabilidade financeira apresentam pressupostos diferentes. Neste ponto de vista, a instabilidade financeira assume um caráter essencialmente endógeno e suas causas estão no próprio modo de funcionamento do sistema capitalista moderno. Sob a hipótese de que decisões são tomadas sob incerteza fundamental, o processo de financiamento em economias modernas, em particular do investimento de longa duração, assume caráter pró-cíclico, e por isso as crises financeiras se mostram inevitáveis. Neste sentido, os instrumentos de políticas macroprudenciais apresentam limitações evidentes na configuração atual. Uma dessas limitações reside no fato do sistema bancário criar inovações financeiras que buscam burlar as regulações instituídas. Com relação ao debate em aberto, a teoria pós-Keynesiana acredita que o banco central deve ser o responsável pela política macroprudencial como também pela implementação dos seus instrumentos. Também, aponta para economias sem moeda conversível, principalmente, que o uso do controle de capitais deve ser considerado como um instrumento de política macroprudencial, pois, teria um duplo papel: reduzir a volatilidade cambial e impedir os bancos de investirem em ativos externos mais arriscados, evitando descasamento de moedas no seu balanço patrimonial. Outro ponto indica que o buffer de capital contracíclico não seria suficiente para lidar com a natureza pro-cíclica presente no sistema financeiro. Por outro lado, uma proposta pós-Keynesiana para estabilização do sistema financeiro deveria passar pela estabilidade da sua própria lucratividade, que em última instância, significa estabilizar a demanda agregada. Desta forma, esta dissertação defende, seguindo Minsky, uma adoção conjunta das políticas do chamado “Big Bank”, “Big Government” e “Big Employment” com a premissa de que para a estabilização de economias capitalistas modernas é necessário o compromisso com o atingimento do pleno emprego da economia.Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível SuperiorThe present dissertation aims to make a critical review of macroprudential policy from a post-Keynesian perspective. The occurrence of a new global economic crisis, such as the financial crisis of 2008, has raised questions about the regulatory policies adopted until then, due to their negative effects on the level of output and employment in the various countries of the world. From this point on, there was some consensus that there was a low understanding of the nature and extent of so-called systemic risk. In this way, the defense of a macroprudential regulation structure in the macroeconomic debate is resumed, that is, returning the regulation to prevent and analyze the accumulation of systemic risk in the financial system as a whole. With the introduction of the Basle III Agreement, the bases for implementing this macroprudential policy were effectively launched. For example, instruments with the capacity to deal with the procyclical behavior of the financial system, such as the countercyclical capital buffer, have been defined. However, the macroprudential policy instruments have as theoretical reference to the causes of financial crises the impacts of exogenous shocks or inefficient behavior arising from asymmetric information theory. However, from the post-Keynesian point of view, the causes for financial instability present different assumptions. In this view, financial instability assumes an essentially endogenous character and its causes lie in the very mode of functioning of the modern capitalist system. Under the assumption that decisions are made under fundamental uncertainty, the process of financing in modern economies, particularly long-term investment, takes a procyclical character, and therefore financial crises are inevitable. In this sense, macroprudential policy instruments present obvious limitations in the current configuration. One of these limitations lies in the fact that the banking system creates financial innovations that seek to circumvent established regulations. Regarding the open debate, post-Keynesian theory believes that the central bank should be responsible for macro-prudential policy as well as for the implementation of its instruments. It also points to economies without convertible currency, mainly, that the use of capital controls should be considered as a macro prudential policy instrument, since it would have a dual role: to reduce exchange rate volatility and to prevent banks from investing in riskier external assets, avoiding mismatching of currencies in its balance sheet. Another point indicates that the countercyclical capital buffer would not be enough to deal with the pro-cyclical nature present in the financial system. On the other hand, a post-Keynesian proposal to stabilize the financial system should go through the stability of its own profitability, which ultimately means stabilizing aggregate demand. According to Minsky, this dissertation proposes a joint adoption of the policies of the so-called "Big Bank", "Big Government" and "Big Employment" with the premise that the stabilization of modern capitalist economies requires a commitment to attainment of full employment of the economy.107 f.Feijó, Carmem Aparecida do Valle Costahttp://lattes.cnpq.br/9040659895653917Alves Junior, Antônio Joséhttp://lattes.cnpq.br/0805445354046859Lamônica, Marcos Tosteshttp://lattes.cnpq.br/2037440454332124http://lattes.cnpq.br/4059846124926048Ferreira, Mateus Coelho2023-09-21T13:39:57Z2023-09-21T13:39:57Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfFERREIRA, Mateus Coelho. Política macroprudencial e estabilidade financeira: uma revisão crítica pós-Keynesiana. 2019. 107 f. 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