Aspecto sanitário e potencial alergênico de helmintos parasitos de peixes teleósteos marinhos do estado do Rio de Janeiro, Brasil

• Autor(a) principal: Mattos, Danuza Pinheiro Bastos Garcia de
• Data de Publicação: 2012
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)
• Texto Completo: http://app.uff.br/riuff/handle/1/28764
• topic: Parasitos de peixe; Pterobothrium heteracanthum; Pterobothrium crassicolle; Alergia; Parasito; Contaminação de peixe; Cestóide; Hipersensibilidade; Fish parasites; Pterobothrium heteracanthum; Pterobothrium crassicolle; Allergy

O consumo de peixes parasitados pode representar um sério risco à Saúde Pública. Os cestóides Pterobothrium crassicolle e Pterobothrium heteracanthum (Trypanorhyncha: Pterobothriidae) são parasitos comumente encontrados em peixes teleósteos marinhos da América do Sul. Seu plerocerco pode se desenvolver nas vísceras e musculatura destes animais, conferindo aspecto repugnante quando em grande quantidade. Atualmente, algumas moléculas de parasitos de peixes têm sido implicadas no desenvolvimento de diversas manifestações clínicas em seres humanos, incluindo graus variados de alergias, que vão desde uma reação localizada até a anafilaxia. Entretanto, o potencial alergênico de extratos de Pterobotrídeos ainda não é conhecido, sendo assim, o objetivo deste estudo foi analisar o parasitismo em peixes teleósteos marinhos do Estado do Rio de Janeiro por helmintos zoonóticos e em seguida determinar o potencial alergênico de componentes presentes no extrato bruto (EB) de plerocercos e blastocistos de P. crassicolle e P. heteracanthum. Para este propósito, dois protocolos experimentais foram realizados. No primeiro, 18 camundongos fêmeas BALB/c foram separadas em 3 grupos que receberam 10 µg, 50 µg ou 100 µg de EB de P. heteracanthum, por via intraperitoneal (i.p.), nos dias 1 e 35. No segundo protocolo, 14 camundongos BALB/c do sexo feminino foram separados em dois grupos recebendo 50 µg de EB de plerocercos ou blastocistos de P. crassicolle, i.p., nos dias 1, 35 e 120. Em paralelo, grupos controle (animais não sensibilizados) foram instituídos para ambos os experimentos. Amostras de sangue foram coletadas pelo plexo retro-orbital antes da primeira imunização e repetidas nos dias 14, 35, 42, 49 e 56, para ambos osprotocolos, e também dias nos 120, 127 e 135 no segundo experimento. Os níveis séricos de IgG e IgE específicas foram testados por ELISA. A atividade biológica da IgE específica produzida nos animais foi avaliada pelo ensaio de anafilaxia cutânea passiva (ACP) em 6 ratos Lou-M/Tor do sexo masculino, desafiados com os EB parasitários ou extrato de bruto de musculatura de Micropogonias furnieri como controle. O perfil proteico e a imunorreatividade dos extratos foram analisados por SDS-PAGE e Western blot, respectivamente. Os animais imunizados com EB de P. heteracanthum e P. crassicolle apresentaram produção de IgG e IgE específicas logo após a primeira imunização, e a partir da segunda semana a maior parte das titulações já era estatisticamente distinta do grupo controle. A elevada concentração de IgE específica em algumas amostras induziu fortes reações de ACP na pele de ratos desafiados com EB de P. crassicolle, mostrando biologicamente a atividade alergênica do extrato. Perfis proteicos distintos entre os extratos, assim como as áreas de reconhecimento específico, foram observados por SDS-PAGE e Western blot. Os resultados obtidos mostraram que os EBs de P. crassicolle e P. heteracanthum apresentam moléculas capazes de induzir a produção de IgG e IgE específicas, apresentando assim atividade alergênica em modelos murinos.