O mito da publicidade antirracista ou sobre o capital de representatividade: por outra ética publicitária

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Santos, Pedro Henrique Conceição dos
Data de Publicação: 2024
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)
Texto Completo: https://app.uff.br/riuff/handle/1/33333
Resumo: A partir dos anos 1980, as representações de pessoas negras na publicidade começam a sair de papéis de subalternização e começam a ocupar outros lugares, como aponta Dilma de Melo Silva. Com a responsabilidade social se tornando uma característica valiosa para o crescimento das empresas, houve a mobilização para que grupos antes ignorados em suas propostas de promoção fossem inseridos para ampliar a representatividade da diversidade. Nesse contexto, nossa pesquisa se propõe a investigar se a publicidade pode assumir um papel antirracista. Francisco Leite defende a existência de uma publicidade antirracista que, historicamente, está sendo construída como uma forma de combate ao racismo nas mídias. No entanto, nossa hipótese é que a publicidade dita antirracista é um conceito inviável devido ao fato de que a Comunicação é uma área que acompanha o capitalismo e o capitalismo se erigiu como sistema econômico dominante, em sua forma insipiente, através do processo de escravização de pessoas negras, ou seja, por meio do racismo. Assim, nosso propósito principal é a investigação das possibilidades de a publicidade ser um meio no qual a luta antirracista pode se propagar e, dessa maneira, avaliar a efetividade do uso do termo antirracista para qualificar um novo tipo de publicidade. Nossos objetivos específicos são: 1) compreender a esfera comunicativa científica, de maneira a pormenorizar como a área se configura como aliada ao capitalismo; 2) situar nossa pesquisa dentro da esfera de Mídia e Cotidiano; 3) apresentar como se deu a ascensão do consumo dentro da cultura contemporânea, apontando como é realizada a pesquisa em consumo na esfera publicitária; 4) discutir sobre o racismo e relacionar sua construção ao estabelecimento das ideias de “humanidade” e “civilização”, advindas da modernidade; 5) traçar um histórico da publicidade sob um ponto de vista negro; 6) realizar estudos de caso para investigar a aplicabilidade do conceito de “publicidade antirracista”. Organizamo-nos metodologicamente através de um ferramental que se formula, majoritariamente, a partir da Teoria Crítica e do letramento racial para compreender as contradições estabelecidas entre a produção publicitária, sua conduta ética e como a luta antirracista se faz presente em suas condições reais e materiais de existência. Para tanto, foram feitos 6 estudos de caso: 1) “Natal da Família Silva” (Perdigão, 2018); 2) Campanhas de O Boticário (2018 e 2020); 3) “Casa de Férias” (trivago, 2019); 4) “O ano que a gente quer” (Avon, 2018); 5) projeto de combate ao racismo e à discriminação de Carrefour Brasil (2020-2022); e 6) campanha em “homenagem” a Kathlen Romeu (Farm, 2021). Como resultados, percebemos a manutenção de padrões baseados no racismo e na difusão de ideias vinculadas ao poder opressor, que se mantém em posição de superioridade devido ao capital de representatividade angariado através da troca estabelecida entre mercado e reivindicações de indivíduos em posição de subalternização.
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Francisco Leite defende a existência de uma publicidade antirracista que, historicamente, está sendo construída como uma forma de combate ao racismo nas mídias. No entanto, nossa hipótese é que a publicidade dita antirracista é um conceito inviável devido ao fato de que a Comunicação é uma área que acompanha o capitalismo e o capitalismo se erigiu como sistema econômico dominante, em sua forma insipiente, através do processo de escravização de pessoas negras, ou seja, por meio do racismo. Assim, nosso propósito principal é a investigação das possibilidades de a publicidade ser um meio no qual a luta antirracista pode se propagar e, dessa maneira, avaliar a efetividade do uso do termo antirracista para qualificar um novo tipo de publicidade. Nossos objetivos específicos são: 1) compreender a esfera comunicativa científica, de maneira a pormenorizar como a área se configura como aliada ao capitalismo; 2) situar nossa pesquisa dentro da esfera de Mídia e Cotidiano; 3) apresentar como se deu a ascensão do consumo dentro da cultura contemporânea, apontando como é realizada a pesquisa em consumo na esfera publicitária; 4) discutir sobre o racismo e relacionar sua construção ao estabelecimento das ideias de “humanidade” e “civilização”, advindas da modernidade; 5) traçar um histórico da publicidade sob um ponto de vista negro; 6) realizar estudos de caso para investigar a aplicabilidade do conceito de “publicidade antirracista”. Organizamo-nos metodologicamente através de um ferramental que se formula, majoritariamente, a partir da Teoria Crítica e do letramento racial para compreender as contradições estabelecidas entre a produção publicitária, sua conduta ética e como a luta antirracista se faz presente em suas condições reais e materiais de existência. Para tanto, foram feitos 6 estudos de caso: 1) “Natal da Família Silva” (Perdigão, 2018); 2) Campanhas de O Boticário (2018 e 2020); 3) “Casa de Férias” (trivago, 2019); 4) “O ano que a gente quer” (Avon, 2018); 5) projeto de combate ao racismo e à discriminação de Carrefour Brasil (2020-2022); e 6) campanha em “homenagem” a Kathlen Romeu (Farm, 2021). Como resultados, percebemos a manutenção de padrões baseados no racismo e na difusão de ideias vinculadas ao poder opressor, que se mantém em posição de superioridade devido ao capital de representatividade angariado através da troca estabelecida entre mercado e reivindicações de indivíduos em posição de subalternização.Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível SuperiorFrom the 1980s onwards, representations of black people in advertising began to move away from subordinate roles and occupy other places, as Dilma de Melo Silva points out. With social responsibility becoming a valuable characteristic for the growth of companies, there was a mobilization for groups previously ignored in their promotion proposals to be included to increase the representativeness of diversity. In this context, our research aims to investigate whether advertising can take on an anti-racist role. Francisco Leite defends the existence of anti-racist advertising, which has historically been constructed as a way of combating racism in the media. However, our hypothesis is that so-called anti-racist advertising is an unfeasible concept since Communication is a field that goes hand in hand with capitalism and capitalism was erected as the dominant economic system, in its insipient form, through the process of enslaving black people, in other words, through racism. Thus, our main purpose is to investigate the possibilities of advertising being a medium in which the anti-racist struggle can spread and, in this way, evaluate the effectiveness of using the term anti-racist to qualify a new type of advertising. Our specific objectives are: 1) to understand the scientific communicative sphere, in order to detail how the area is configured as an ally of capitalism; 2) to situate our research within the sphere of Media and Everyday Life; 3) to present how the rise of consumption has taken place within contemporary culture, pointing out how consumer research is carried out in the advertising sphere; 4) discuss racism and relate its construction to the establishment of the ideas of "humanity" and "civilization", which come from modernity; 5) trace the history of advertising from a black point of view; 6) carry out case studies to investigate the applicability of the concept of "anti-racist advertising". We have organized ourselves methodologically through a toolkit that is mostly formulated from Critical Theory and racial literacy to understand the contradictions established between advertising production, its ethical conduct and how the anti-racist struggle is present in its real and material conditions of existence. To this end, six case studies were carried out: 1) “Natal da Família Silva” (Perdigão, 2018); 2) O Boticário campaigns (2018 and 2020); 3) “Casa de Férias” (trivago, 2019); 4) “O ano que a gente quer” (Avon, 2018); 5) Carrefour Brasil's project to combat racism and discrimination (2020-2022); and 6) a campaign in “homage” to Kathlen Romeu (Farm, 2021). As a result, we see the maintenance of standards based on racism and the dissemination of ideas linked to the oppressive power, which remains in a position of superiority due to the capital of representativeness raised through the exchange established between the market and the demands of individuals in a position of subalternization.354 p.Bragaglia, Ana Paulahttp://lattes.cnpq.br/2542584687169854Felix, Carla Baiensehttp://lattes.cnpq.br/2716034436852580Filho, Eneus Trindade Barretohttp://lattes.cnpq.br/1421349592402127Viana, Pablo Moreno Fernandeshttp://lattes.cnpq.br/4127751269220367Burrowes, Patricia Ceciliahttp://lattes.cnpq.br/5814638513632403http://lattes.cnpq.br/0528643662217396Santos, Pedro Henrique Conceição dos2024-07-16T16:22:34Z2024-07-16T16:22:34Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfSANTOS, Pedro Henrique Conceição dos . 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