O urbanismo como um dispositivo de governamento liberal biopolítico

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Freitas da Cunha, Hugo
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)
Texto Completo: http://app.uff.br/riuff/handle/1/25921
http://dx.doi.org/10.22409/PPGAU.2021.m.10196782759
Resumo: Através do pensamento de Michel Foucault, a presente pesquisa tem como objetivo principal indicar o momento na história em que a política moderna de gestão populacional produziu o urbanismo como seu dispositivo. Para Foucault, o que inaugura a modernidade política é o fato de que, a partir do século XVIII, a população torna-se objeto de governo do poder político estatal. Os Estados tiveram que tomar por encargo e objeto fundamental de seu exercício de poder, não mais a unidade do território, mas a complexidade de uma população. Foucault observa que as práticas de governo irão buscar maximizar a vida das populações, aumentar a sua saúde, assim como a sua riqueza e sua capacidade produtiva. Trata-se do desenvolvimento de uma biopolítica, uma política que objetiva gerir a vida das populações para fins produtivos, que irá se organizar dentro dos quadros do liberalismo e que será capaz de reunir os instrumentos indispensáveis para a emergência e desenvolvimento do capitalismo. A partir dessas análises, buscamos estudar como o “problema do espaço” aparece na estratégia política de gestão de massas. As cidades passam a cumprir funções fundamentais, elas irão compor um meio circundante por onde as técnicas de governo poderão fazer circular suas ações, de modo que atinja a conduta das populações. Portanto, o urbanismo se forma como um conjunto de instrumentos de projeto e de organização do espaço físico urbano, capaz de estruturar um meio por onde vai-se buscar gerir populações em face de processos econômicos. Deste modo, nossa pesquisa trabalhou com a hipótese de que o urbanismo só pôde se desenvolver na medida em que o governamento liberal biopolítico o situou como dispositivo de sua própria gestão. A partir desta perspectiva, buscamos estudar algumas das realizações do urbanismo na segunda metade do século XIX. Nestes casos, pudemos identificar alguns dos mais importantes instrumentos de intervenção urbana e como eles se organizaram em torno dos principais objetivos da biopolítica. Portanto, a pesquisa pôde compreender que, embora o urbanismo tenha no espaço urbano a matéria em que ele faz incidir estrategicamente seus instrumentos, é no corpo da população que o urbanismo encontra seu objeto último.
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Trata-se do desenvolvimento de uma biopolítica, uma política que objetiva gerir a vida das populações para fins produtivos, que irá se organizar dentro dos quadros do liberalismo e que será capaz de reunir os instrumentos indispensáveis para a emergência e desenvolvimento do capitalismo. A partir dessas análises, buscamos estudar como o “problema do espaço” aparece na estratégia política de gestão de massas. As cidades passam a cumprir funções fundamentais, elas irão compor um meio circundante por onde as técnicas de governo poderão fazer circular suas ações, de modo que atinja a conduta das populações. Portanto, o urbanismo se forma como um conjunto de instrumentos de projeto e de organização do espaço físico urbano, capaz de estruturar um meio por onde vai-se buscar gerir populações em face de processos econômicos. Deste modo, nossa pesquisa trabalhou com a hipótese de que o urbanismo só pôde se desenvolver na medida em que o governamento liberal biopolítico o situou como dispositivo de sua própria gestão. A partir desta perspectiva, buscamos estudar algumas das realizações do urbanismo na segunda metade do século XIX. Nestes casos, pudemos identificar alguns dos mais importantes instrumentos de intervenção urbana e como eles se organizaram em torno dos principais objetivos da biopolítica. Portanto, a pesquisa pôde compreender que, embora o urbanismo tenha no espaço urbano a matéria em que ele faz incidir estrategicamente seus instrumentos, é no corpo da população que o urbanismo encontra seu objeto último.Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível SuperiorThrough the thought of Michel Foucault, this research has as its main objective to indicate the moment in history when the modern population management policy produced urbanism as its device. For Foucault, what inaugurates political modernity is the fact that, from the 18th century onwards, the population becomes an object of government by the state political power. States had to take as their responsibility and fundamental object of their exercise of power, no longer the unity of their territory, but the complexity of a population. Foucault observes that government practices will seek to maximize the lives of populations, increase their health, as well as their wealth and productive capacity. It is about the development of a biopolitics, a policy that aims to manage the lives of populations for productive purposes, which will organize itself within the framework of liberalism and which will be able to bring together the indispensable instruments for the emergence and development of capitalism. Based on these analyses, we seek to study how the “space problem” appears in the political strategy of mass management. Cities start to fulfill fundamental functions, they will compose a surrounding environment through which government techniques will be able to circulate their actions, in a way that affects the behavior of populations. Therefore, urbanism is formed as a set of project and organization instruments of the urban physical space, capable of structuring a means through which populations are managed in the face of economic processes. In this way, our research worked with the hypothesis that urbanism could only develop to the extent that the biopolitical liberal government placed it as a device for its own management. From this perspective, we seek to study some of the achievements of urbanism in the second half of the 19th century. In these cases, we were able to identify some of the most important instruments of urban intervention and how they were organized around the main objectives of biopolitics. Therefore, the research was able to understand that, although urbanism has in the urban space the material on which it strategically focuses its instruments, it is in the body of the population that urbanism finds its ultimate object.160 p.Rezende, Vera Lucia Ferreira Mottahttp://lattes.cnpq.br/2310097484365082Yazbek, André Constantinohttp://lattes.cnpq.br/5671347362352390Ferraz, Sonia. M. T.http://lattes.cnpq.br/3767332014860479Holzer, Wertherhttp://lattes.cnpq.br/6585328267699491Pechman, Robert Moseshttp://lattes.cnpq.br/9409815749486776http://lattes.cnpq.br/0789240912266167Freitas da Cunha, Hugo2022-07-29T19:29:55Z2022-07-29T19:29:55Z2021info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfCUNHA, Hugo Freitas da. O urbanismo como um dispositivo de governamento liberal biopolítico. 2021. 160 f. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2021.http://app.uff.br/riuff/handle/1/25921http://dx.doi.org/10.22409/PPGAU.2021.m.10196782759CC-BY-SAinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)instname:Universidade Federal Fluminense (UFF)instacron:UFF2022-07-29T19:29:58Zoai:app.uff.br:1/25921Repositório InstitucionalPUBhttps://app.uff.br/oai/requestriuff@id.uff.bropendoar:21202022-07-29T19:29:58Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF) - Universidade Federal Fluminense (UFF)false
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