A Interferência da familiaridade no processamento psicolinguístico de metáforas no Pb
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2019 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF) |
Texto Completo: | https://app.uff.br/riuff/handle/1/10170 |
Resumo: | As metáforas são melhor compreendidas no modelo de comparação gramatical ou no modelo de declaração? Alguns advogados são como tubarões ou alguns advogados são tubarões? O que parece mais natural? Bowdle e Gentner, em diversos estudos (BOWDLE; GENTNER, 2005, GENTNER; BOWDLE, 2001, BOWDLE; GENTNER, 1999), desenvolveram a teoria da carreira da metáfora, encontrando evidências, através de pesquisa experimental, de que quando as metáforas surgem na linguagem, sendo portanto novas ou de baixa convencionalidade, são processadas, obrigatoriamente, através do modelo gramatical de comparação, enquanto que metáforas altamente convencionalizadas são processadas, opcionalmente, pelo modelo gramatical de declaração ou comparação. Quase todos os estudos realizados para explicar o fenômeno psicolinguístico de processamento de metáfora, até então, tiveram seu olhar voltado para a convencionalidade do veículo metafórico. Nesse sentido, foi com base na convencionalidade que Searle (1979) defendeu o processamento indireto de metáforas através do Modelo Pragmático Padrão, em que o ouvinte se utilizaria de três estágios para compreender uma expressão metafórica, devendo passar primeiro pelo literal. Por outro lado, outros estudiosos também se ampararam na convencionalidade do veículo para sustentarem que as metáforas são interpretadas diretamente, como, por exemplo, Ortony et al. (1978) e Glucksberg et al. (1982, 2003). Para esses teóricos, com base na alta convencionalidade do veículo metafórico, não há obrigatoriedade de se fazer uma interpretação literal das metáforas. Ricci (2016) também testou no português brasileiro a teoria de Glucksberg (1982, 2003) e encontrou resultados semelhantes para metáforas com alto grau de convencionalidade, familiaridade e aptness. O presente trabalho, apoiado no ranqueamento produzido por Ricci (2016), buscou avaliar se o alto grau de familiaridade em metáforas pouco convencionalizadas e o baixo grau de familiaridade em metáforas altamente convencionalizadas interfere nesse processamento. Foi assim que foram idealizados quatro experimentos envolvendo a preferência pela forma gramatical (form preference task) de expressões metafóricas e, a partir da análise dos resultados, foi possível encontrar evidências suficientes de que a familiaridade interfere de forma substancial no processamento de metáforas no PB, fazendo com que os participantes, mesmo diante de expressão com alto grau de convencionalidade, preferissem a forma de comparação em razão da baixa familiaridade da expressão. Da mesma forma, os participantes demonstraram preferência opcional, por declaração ou comparação, diante de metáforas com baixo grau de convencionalidade mas com altas taxas de familiaridade. Tais resultados se diferenciam da hipótese da carreira da metáfora, justamente por olhar mais profundamente para a familiaridade, abrindo espaço para novos estudos direcionados para o processamento direto e indireto de metáforas |
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A Interferência da familiaridade no processamento psicolinguístico de metáforas no PbProcessamento Psicolinguístico de MetáforasInterferência da FamiliaridadeLinguagem figurada em geralProdução intelectualAvaliar se o alto grau de familiaridade em metáforas pouco convencionalizadas e o baixo grau de familiaridade em metáforas altamente convencionalizadas interfere nesse processamentoPsycholinguistic Processing of MetaphorsInterference of FamiliarityFigurative language in generalAs metáforas são melhor compreendidas no modelo de comparação gramatical ou no modelo de declaração? Alguns advogados são como tubarões ou alguns advogados são tubarões? O que parece mais natural? Bowdle e Gentner, em diversos estudos (BOWDLE; GENTNER, 2005, GENTNER; BOWDLE, 2001, BOWDLE; GENTNER, 1999), desenvolveram a teoria da carreira da metáfora, encontrando evidências, através de pesquisa experimental, de que quando as metáforas surgem na linguagem, sendo portanto novas ou de baixa convencionalidade, são processadas, obrigatoriamente, através do modelo gramatical de comparação, enquanto que metáforas altamente convencionalizadas são processadas, opcionalmente, pelo modelo gramatical de declaração ou comparação. Quase todos os estudos realizados para explicar o fenômeno psicolinguístico de processamento de metáfora, até então, tiveram seu olhar voltado para a convencionalidade do veículo metafórico. Nesse sentido, foi com base na convencionalidade que Searle (1979) defendeu o processamento indireto de metáforas através do Modelo Pragmático Padrão, em que o ouvinte se utilizaria de três estágios para compreender uma expressão metafórica, devendo passar primeiro pelo literal. Por outro lado, outros estudiosos também se ampararam na convencionalidade do veículo para sustentarem que as metáforas são interpretadas diretamente, como, por exemplo, Ortony et al. (1978) e Glucksberg et al. (1982, 2003). Para esses teóricos, com base na alta convencionalidade do veículo metafórico, não há obrigatoriedade de se fazer uma interpretação literal das metáforas. Ricci (2016) também testou no português brasileiro a teoria de Glucksberg (1982, 2003) e encontrou resultados semelhantes para metáforas com alto grau de convencionalidade, familiaridade e aptness. O presente trabalho, apoiado no ranqueamento produzido por Ricci (2016), buscou avaliar se o alto grau de familiaridade em metáforas pouco convencionalizadas e o baixo grau de familiaridade em metáforas altamente convencionalizadas interfere nesse processamento. Foi assim que foram idealizados quatro experimentos envolvendo a preferência pela forma gramatical (form preference task) de expressões metafóricas e, a partir da análise dos resultados, foi possível encontrar evidências suficientes de que a familiaridade interfere de forma substancial no processamento de metáforas no PB, fazendo com que os participantes, mesmo diante de expressão com alto grau de convencionalidade, preferissem a forma de comparação em razão da baixa familiaridade da expressão. Da mesma forma, os participantes demonstraram preferência opcional, por declaração ou comparação, diante de metáforas com baixo grau de convencionalidade mas com altas taxas de familiaridade. Tais resultados se diferenciam da hipótese da carreira da metáfora, justamente por olhar mais profundamente para a familiaridade, abrindo espaço para novos estudos direcionados para o processamento direto e indireto de metáforasThere is a big theoretical question about how regular people understand metaphors expressions in a language: are they processed directly or indirectly? Searle (1979) assumes an indirect processing of metaphors which involves three stages for its comprehension, i.e the speaker first seeks the literal meaning and, for not finding a satisfactory answer, makes a comparison between the terms to thus draw a coherent interpretation. Ortony et al. (1978) and Glucksberg et al. (1982) support the direct processing hypothesis by stating that highly conventionalized metaphors are understood as quickly as any literal expression. Ricci (2016), tested this theory in Brazilian Portuguese (BP). He argues that highly conventionalized metaphors were indeed processed directly. In many papers, Bowdle and Gentner (BOWDLE; GENTNER, 2005, GENTNER; BOWDLE, 2001, BOWDLE; GENTNER, 1999) developed the career theory of metaphor hypothesis, where they proposed that when metaphor expressions arise in a language, and therefore they have a low degree of conventionality, they are processed as comparison (i.e. via indirect processing), while highly conventionalized metaphors are optionally processed as a statement or a comparison (i.e. direct processing). This dissertation intends to verify the interference of “familiarity” in Bowdle and Gentner’s framework, by using psycholinguistic experiments with metaphors of high familiarity and low conventionality, as well as metaphors of low familiarity and high conventionality, and thus it seeks for evidence concerning the role of familiarity in metaphorical language comprehension processes. With the application of four experiments it was possible to find sufficient evidence that, in fact, familiarity interferes in a substantial way in the processing of metaphors in BP, because in all the questionnaires used the participants showed a high preference for the grammatical form of comparison when they came across with less familiar metaphors and greater conventionality, while optionally choosing the form of statement or comparison when the group of metaphors referred to those with high familiarity and low conventionality143 f.Kenedy, EduardoMendes, Luciana SanchezGarcia, Daniela Cid deSilva, Gladiston Alves Da2019-06-28T14:26:46Z2019-06-28T14:26:46Z2019info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttps://app.uff.br/riuff/handle/1/10170CC-BY-SAinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)instname:Universidade Federal Fluminense (UFF)instacron:UFF2022-01-13T15:21:48Zoai:app.uff.br:1/10170Repositório InstitucionalPUBhttps://app.uff.br/oai/requestriuff@id.uff.bropendoar:21202024-08-19T10:54:15.806927Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF) - Universidade Federal Fluminense (UFF)false |
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A Interferência da familiaridade no processamento psicolinguístico de metáforas no Pb Silva, Gladiston Alves Da Processamento Psicolinguístico de Metáforas Interferência da Familiaridade Linguagem figurada em geral Produção intelectual Avaliar se o alto grau de familiaridade em metáforas pouco convencionalizadas e o baixo grau de familiaridade em metáforas altamente convencionalizadas interfere nesse processamento Psycholinguistic Processing of Metaphors Interference of Familiarity Figurative language in general |
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As metáforas são melhor compreendidas no modelo de comparação gramatical ou no modelo de declaração? Alguns advogados são como tubarões ou alguns advogados são tubarões? O que parece mais natural? Bowdle e Gentner, em diversos estudos (BOWDLE; GENTNER, 2005, GENTNER; BOWDLE, 2001, BOWDLE; GENTNER, 1999), desenvolveram a teoria da carreira da metáfora, encontrando evidências, através de pesquisa experimental, de que quando as metáforas surgem na linguagem, sendo portanto novas ou de baixa convencionalidade, são processadas, obrigatoriamente, através do modelo gramatical de comparação, enquanto que metáforas altamente convencionalizadas são processadas, opcionalmente, pelo modelo gramatical de declaração ou comparação. Quase todos os estudos realizados para explicar o fenômeno psicolinguístico de processamento de metáfora, até então, tiveram seu olhar voltado para a convencionalidade do veículo metafórico. Nesse sentido, foi com base na convencionalidade que Searle (1979) defendeu o processamento indireto de metáforas através do Modelo Pragmático Padrão, em que o ouvinte se utilizaria de três estágios para compreender uma expressão metafórica, devendo passar primeiro pelo literal. Por outro lado, outros estudiosos também se ampararam na convencionalidade do veículo para sustentarem que as metáforas são interpretadas diretamente, como, por exemplo, Ortony et al. (1978) e Glucksberg et al. (1982, 2003). Para esses teóricos, com base na alta convencionalidade do veículo metafórico, não há obrigatoriedade de se fazer uma interpretação literal das metáforas. Ricci (2016) também testou no português brasileiro a teoria de Glucksberg (1982, 2003) e encontrou resultados semelhantes para metáforas com alto grau de convencionalidade, familiaridade e aptness. O presente trabalho, apoiado no ranqueamento produzido por Ricci (2016), buscou avaliar se o alto grau de familiaridade em metáforas pouco convencionalizadas e o baixo grau de familiaridade em metáforas altamente convencionalizadas interfere nesse processamento. Foi assim que foram idealizados quatro experimentos envolvendo a preferência pela forma gramatical (form preference task) de expressões metafóricas e, a partir da análise dos resultados, foi possível encontrar evidências suficientes de que a familiaridade interfere de forma substancial no processamento de metáforas no PB, fazendo com que os participantes, mesmo diante de expressão com alto grau de convencionalidade, preferissem a forma de comparação em razão da baixa familiaridade da expressão. Da mesma forma, os participantes demonstraram preferência opcional, por declaração ou comparação, diante de metáforas com baixo grau de convencionalidade mas com altas taxas de familiaridade. Tais resultados se diferenciam da hipótese da carreira da metáfora, justamente por olhar mais profundamente para a familiaridade, abrindo espaço para novos estudos direcionados para o processamento direto e indireto de metáforas |
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