Koroniago: manifestação etno-linguístico cultural de uma coiné “nipobrasileira”

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Carlos Neto, Marcionilo Euro
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)
Texto Completo: https://app.uff.br/riuff/handle/1/14610
Resumo: O presente trabalho investiga a koroniago – variedade linguística decorrente do contato entre a língua japonesa e a língua portuguesa no contexto imigratório brasileiro – numa perspectiva sociolinguística, buscando evidenciar, através de obras escritas por nipobrasileiros, traços de nipobrasilianidade existentes nas palavras dessas produções escritas. Com base na localidade comum e na formação étnica dos indivíduos, propomos termos e/ou mudanças terminológicas tais como “nipobrasileiros”, de maneira aglutinada, bem como “nipopaulistas” e “nipofluminenses”, objetivando salientar a nipobrasilianidade intrínseca desses sujeitos no contexto dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, sobrelevando, também, a importância desses indivíduos para a formação identitária multiétnica de nosso país. Discutimos a história do Japão com ênfase na imigração nipônica para as terras brasileiras, assim como compendiamos fatores relevantes da língua japonesa, situando o leitor de nosso trabalho diante de nosso objeto de estudo: a variedade da língua japonesa usada por nipobrasileiros nos estados supracitados. Fundamentamos nossa discussão nos conceitos e efeitos do contato linguístico (HAUGEN, 1979; THOMASON, 2001; MUFWENE, 2004, 2008; TRUDGILL, 1986.), assim como na perspectiva ecológica da linguagem, ou seja, na área dos estudos de linguagem denominada Ecolinguística (COUTO, 2007, 2009, 2015, 2016a, 2016b; MUFWENE, 2001, 2016; SAPIR, 2016; HAUGEN, 2016) que leva em consideração as inter-relações estabelecidas entre organismos de uma determinada área, seu habitat/território e as interações comunicativas que eles estabelecem nos diferentes ecossistemas que formam, entre eles, o ecossistema linguístico. Discutimos os processos de formação de uma coiné (SIEGEL, 1985; TRUDGILL, 1986, 2004, 2008; KERSWILL & WILLIAMS, 2000, 2005 e 2007; KERSWILL, 2010), objetivando explicar e relacionar, de certa maneira, a formação da koroniago a uma coiné nipobrasileira que possui um papel identitário saliente para os seus falantes. A metodologia de nosso estudo se baseou no modelo de testes de inteligibilidade dialetal estabelecidos por Casad (1974, 2005) que permitem aferir a distância e/ou proximidade de variedades linguísticas inteligíveis, assim como em questionamentos realizados de maneira on-line, através do modelo de questionário, para evitar a influência do pesquisador nas respostas dos informantes. Construímos questionários de identidade nipobrasileira, bem como testes de inteligibilidade através dos quais pudemos testar o grau de compreensão e inteligibilidade dos informantes a respeito da variedade linguística investigada. Os resultados apontam a distância dialetal existente entre a koroniago no nível lexical e o japonês padrão, já que há um baixo grau de inteligibilidade pelos informantes japoneses nos léxicos levantados na investigação. O teste de inteligibilidade também corrobora com a premissa da existência latente de traços de nipobrasilianidade nas obras investigadas, já que os informantes nipobrasileiros apresentam, de modo geral, um alto grau de inteligibilidade em relação aos vocábulos testados. A pesquisa também logrou evidenciar que a maioria dos nipobrasileiros conhece o termo “koroniago”, enxergando-a como uma variedade linguística nipobrasileira com características sui generis, principalmente, no nível lexical, sobrelevando que a referida variedade vem passando por constantes mudanças com o passar do tempo
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Com base na localidade comum e na formação étnica dos indivíduos, propomos termos e/ou mudanças terminológicas tais como “nipobrasileiros”, de maneira aglutinada, bem como “nipopaulistas” e “nipofluminenses”, objetivando salientar a nipobrasilianidade intrínseca desses sujeitos no contexto dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, sobrelevando, também, a importância desses indivíduos para a formação identitária multiétnica de nosso país. Discutimos a história do Japão com ênfase na imigração nipônica para as terras brasileiras, assim como compendiamos fatores relevantes da língua japonesa, situando o leitor de nosso trabalho diante de nosso objeto de estudo: a variedade da língua japonesa usada por nipobrasileiros nos estados supracitados. Fundamentamos nossa discussão nos conceitos e efeitos do contato linguístico (HAUGEN, 1979; THOMASON, 2001; MUFWENE, 2004, 2008; TRUDGILL, 1986.), assim como na perspectiva ecológica da linguagem, ou seja, na área dos estudos de linguagem denominada Ecolinguística (COUTO, 2007, 2009, 2015, 2016a, 2016b; MUFWENE, 2001, 2016; SAPIR, 2016; HAUGEN, 2016) que leva em consideração as inter-relações estabelecidas entre organismos de uma determinada área, seu habitat/território e as interações comunicativas que eles estabelecem nos diferentes ecossistemas que formam, entre eles, o ecossistema linguístico. Discutimos os processos de formação de uma coiné (SIEGEL, 1985; TRUDGILL, 1986, 2004, 2008; KERSWILL & WILLIAMS, 2000, 2005 e 2007; KERSWILL, 2010), objetivando explicar e relacionar, de certa maneira, a formação da koroniago a uma coiné nipobrasileira que possui um papel identitário saliente para os seus falantes. A metodologia de nosso estudo se baseou no modelo de testes de inteligibilidade dialetal estabelecidos por Casad (1974, 2005) que permitem aferir a distância e/ou proximidade de variedades linguísticas inteligíveis, assim como em questionamentos realizados de maneira on-line, através do modelo de questionário, para evitar a influência do pesquisador nas respostas dos informantes. Construímos questionários de identidade nipobrasileira, bem como testes de inteligibilidade através dos quais pudemos testar o grau de compreensão e inteligibilidade dos informantes a respeito da variedade linguística investigada. Os resultados apontam a distância dialetal existente entre a koroniago no nível lexical e o japonês padrão, já que há um baixo grau de inteligibilidade pelos informantes japoneses nos léxicos levantados na investigação. O teste de inteligibilidade também corrobora com a premissa da existência latente de traços de nipobrasilianidade nas obras investigadas, já que os informantes nipobrasileiros apresentam, de modo geral, um alto grau de inteligibilidade em relação aos vocábulos testados. A pesquisa também logrou evidenciar que a maioria dos nipobrasileiros conhece o termo “koroniago”, enxergando-a como uma variedade linguística nipobrasileira com características sui generis, principalmente, no nível lexical, sobrelevando que a referida variedade vem passando por constantes mudanças com o passar do tempoThe aim of the current study is to investigate koroniago - which is a linguistic variety resulting from the contact between the Japanese and Portuguese languages in the Brazilian immigration context - based on the sociolinguistic perspective, in order to find traces of “nipo-brazilianity” in the lexicon of publications written by Japanese-Brazilian individuals. The study has suggested terms and/or terminological changes such as “NipoBrazilians”, in an collective way, as well as “Nipo-paulistas” (Japanese-descendant individuals born in São Paulo State) and “Nipo-fluminenses” (Japanese-descendant individuals born in Rio de Janeiro State) by taking into consideration the common location and ethnic formation of the investigated individuals. It was done in order to highlight the intrinsic nipo-brazilianity of these individuals in their respective states’ context, as well asthe important role played by them in the multi-ethnic identity formation in Brazil. The history of Japan was herein addressed, with emphasis on the Japanese immigration to Brazil, to help better understanding relevant factors of the Japanese language and to introduce readers to our object of study, namely: the Japanese language variety used by Nipo-Brazilians living in the aforementioned states. The discussion was based on the concepts and effects of language contact (HAUGEN, 1979; THOMASON, 2001; MUFWENE, 2004, 2008; TRUDGILL, 1986.), as well as on the ecological perspective of language, i.e., on the language-study field called Ecolinguistics (COUTO, 2007, 2009, 2015, 2016a, 2016b; MUFWENE, 2001, 2016; SAPIR, 2016; HAUGEN, 2016). This field takes into consideration the interrelationships among individuals living in a given area, their habitat/territory and their communicative interactions in different ecosystems that, together, form the linguistic ecosystem. The study also addressed the formation of koine (SIEGEL, 1985; TRUDGILL, 1986, 2004, 2008; KERSWILL & WILLIAMS, 2000, 2005 and 2007; KERSWILL, 2010) to explain and, somehow, associate koroniago formation with the Nipo-Brazilian koine, which plays a prominent role in its speakers’ identity. The adopted methodology was based on the dialect intelligibility testing model by Casad (1974, 2005) - which allows measuring the distance and/or the proximity between intelligible linguistic varieties -, as well as on a questionnaire - which was applied online in order to avoid researcher’s influence on respondents’ answers. The questionnaire about the Nipo-Brazilian identity and intelligibility tests were developed to test participants’ degree of understanding and intelligibility towards the investigated linguistic variety. Based on the results, there is dialectal distance between koroniago and the standard Japanese language at lexical level, since Japanese respondents recorded low intelligibility degree towards the investigated lexicon. Results of the intelligibility test have corroborated the hypothesis about the latent existence of nipo-brazilianity traces in the assessed publications, since Nipo-Brazilian participants overall recorded high intelligibility degree toward the tested words. The current study has successfully shown that most Nipo-Brazilians know the term “koroniago”, as well as that they see it as a Nipo-Brazilian linguistic variety with sui generis features, mainly, at lexical level, with emphasis on the fact that this variety has been undergoing constant changes over time258 f.Savedra, Mônica Maria GuimarãesPereira, Telma Cristina de Almeida SilvaLagares, Xóan CarlosGonçalves, Ana Beatriz RodriguesChristino, Beatriz ProttiCarlos Neto, Marcionilo Euro2020-08-11T16:10:14Z2020-08-11T16:10:14Z2020info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttps://app.uff.br/riuff/handle/1/14610CC-BY-SAinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)instname:Universidade Federal Fluminense (UFF)instacron:UFF2022-01-24T12:45:10Zoai:app.uff.br:1/14610Repositório InstitucionalPUBhttps://app.uff.br/oai/requestriuff@id.uff.bropendoar:21202024-08-19T11:13:18.104184Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF) - Universidade Federal Fluminense (UFF)false
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