Utilização de fungos resistentes na redução da concentração de cromo hexavalente em efluente de curtume

• Autor(a) principal: Scapini, Thamarys
• Data de Publicação: 2018
• Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFFS (Repositório Digital da UFFS)
• Texto Completo: https://rd.uffs.edu.br/handle/prefix/3616
• topic: Curtume; Efluentes; Metais pesados; Fungos; Biotransformação; Biorremediação

Os metais pesados são alguns dos contaminantes ambientais antropogênicos mais persistentes e potentes, representando elevado risco ecológico e para a saúde humana, devido a seus efeitos tóxicos e a capacidade de bioacumular ao longo da cadeia alimentar. Com avanço da industrialização, a quantidade de cromo nos ecossistemas aquáticos e terrestres aumentou, tornando-se uma preocupação global, devido aos diversos efeitos tóxicos, mesmo em baixas concentrações. Devido a isso, a remoção deste metal pesado de águas residuárias é de extrema importância para proteção da saúde e do meio ambiente. Neste sentido, buscando uma alternativa a tratamentos físico-químicos para remoção de cromo hexavalente de efluente de curtume, propõe-se a biorremediação usando cepas dos fungos Penicillium commune, Fusarium equiseti e Paecilomyces lilacinus. As estirpes fúngicas foram submetidas a ensaios de tolerância ao Cr (VI) através da exposição a 150 mg.L-1, posteriormente foram feitas análises de microscopia ótica e identificadas possíveis alterações estruturais causadas pelo estresse em decorrência da presença de composto tóxico. Foi possível observar alterações, como inchaço da parede celular e formação de vacúolos. Ainda, as cepas fúngicas foram submetidas a diferentes concentrações de Cr (VI) visando avaliar o comportamento dos mecanismos de defesa das células fúngicas, que foram identificados como extracelular, por processo de biossorção, e intracelular, por formação de vacúolos, biotransformação, quelação por proteínas, entre outros. Tendo em vista os resultados obtidos, foram realizados testes para substituição da fonte de glicose do meio fermentativo por hidrolisado de cana-de-açúcar, buscando uma alternativa ao uso da glicose comercial. Os resultados foram satisfatórios, visto que mesmo na presença de interferentes, os fungos foram capazes de metabolizar a glicose do meio, aumentando a biomassa. Por fim, a biorremediação do efluente de curtume foi realizada por três experimentos, o primeiro na presença de glicose e sais, o segundo apenas o efluente, e um terceiro com hidrolisado. Apesar de ter ocorrido a redução da concentração de Cr (VI) no efluente, as concentrações que permaneceram ainda são tóxicas, sendo de 3,40 ± 0,61 mg Cr6+.L-1 para o fungo FE e 3,14 ± 0,31 mg Cr6+.L-1 para o fungo PL na presença de hidrolisado, e 2,56 ± 0,08 mg Cr6+.L-1 para o fungo PC na ausência de nutrientes, sendo tóxico para o meio ambiente e não se enquadrando no previsto pela legislação brasileira. Neste sentido, são propostos estudos de melhoramento do processo por meio de fluxo contínuo de nutrientes, visto que os mecanismos de defesa intracelulares, dependentes do metabolismo, são ativados no processo de redução da concentração de compostos tóxicos, e o aumento da biomassa fúngica faz com que ocorra com maior efetividade o biosequestro dos íons metálicos do meio.