Dinâmica dos atropelamentos de fauna em uma região de floresta subtropical no sul do Brasil

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Deffaci, Ângela Camila Grando
Data de Publicação: 2015
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFFS (Repositório Digital da UFFS)
Texto Completo: https://rd.uffs.edu.br/handle/prefix/1569
Resumo: Rodovias estão entre as mais evidentes alterações ambientais geradas pelo homem. Um dos impactos mais perceptíveis é a morte por atropelamento da fauna que pode causar importantes efeitos demográficos nas populações silvestres. O objetivo deste estudo foi estimar a diversidade da fauna atropelada em duas rodovias no norte do Estado do Rio Grande do Sul. As rodovias definidas para o estudo foram RS-331 (T1), que liga os municípios de Erechim e Gaurama e RS-420 (T2), que liga os municípios de Erechim e Aratiba. A região do estudo está situada dentro dos domínios do bioma Mata Atlântica, caracterizado por uma vegetação ombrófila densa e clima subtropical úmido. Foram realizados 10 dias de amostragens por mês, de setembro de 2014 a fevereiro de 2015, totalizando 2.880 Km. Foram considerados aves, mamíferos e répteis neste estudo. Foi calculada a taxa de atropelamentos e a curva de acumulação de espécies. Estimou-se a riqueza de espécies com base no uso do estimador de riqueza Jacknife 1 e determinou-se as espécies mais atropeladas a partir da média dos indivíduos atropelados por mês. As espécies foram classificadas segundo o índice de Constância de Ocorrência. Foram encontrados 209 indivíduos atropelados de 45 espécies, sendo que as aves representaram a maioria dos registros 57,42% (n=120), seguidas pelos mamíferos 24,88% (n=52), e répteis 17,7% (n=37). A taxa de atropelamento foi de 0,14 ind./km/dia considerando os três grupos taxonômicos. Para aves foram identificadas 30 espécies. Para mamíferos foram identificadas oito espécies e para répteis sete. A riqueza estimada, considerando todos os grupos, foi de 67 espécies (± 4,06), para aves foi de 46,5 espécies (± 3,71), para mamíferos 11,67 espécies (±1,56) e 8,83 espécies para répteis (± 1,24). As cinco espécies mais atropeladas foram: Salvator merianae (n=24), Didelphis albiventris (n=22), Cerdocyon thous (n=8), Zonotrichia capensis (n=7) e Cavia aperea (n=6). Uma espécie consta na lista da fauna ameaçada de extinção do Estado do Rio Grande do Sul: Leopardus tigrinus, na categoria “vulnerável”. As curvas de acumulação de espécies, apesar das tendências para a assíntota em répteis, indicam que novos registros podem ser feitos com mais tempo de amostragem. As espécies com maior número de atropelamentos coincidem em grande parte com as espécies classificadas como Constantes ou Acessórias. A taxa de atropelamento indica que ao longo do período de um ano podem ser encontrados ao menos 50 animais atropelados por quilômetro nas rodovias avaliadas. A similaridade baixa e as diferenças na diversidade entre os dois trechos indicam a forte influência da paisagem do entorno da rodovia nas características da diversidade de fauna atropelada. Rodovias que cortam áreas mais degradadas parecem gerar impactos sobre animais de hábitos generalistas, com alta capacidade de ocupar áreas antrópicas e aparentemente com populações grandes. Rodovias que cortam áreas preservadas, ou menos degradadas, tendem a gerar impactos sobre espécies mais exigentes ao uso de habitat, com áreas de vida mais restritas e possivelmente populações menores. A identificação das espécies mais frequentemente atropeladas e dos padrões ecológicos envolvidos pode servir como ferramenta para a tomada de decisão a fim de buscar alternativas para reduzir os atropelamentos.
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spelling Hartmann, Paulo AfonsoHartmann, Marilia TeresinhaHartmann, Paulo AfonsoHartmann, Marilia TeresinhaZanella, NoeliGonsales, Elaine LucasDeffaci, Ângela Camila Grando2015-12-222017-10-26T16:58:35Z2017-10-26T16:58:35Z2015-12-22https://rd.uffs.edu.br/handle/prefix/1569Rodovias estão entre as mais evidentes alterações ambientais geradas pelo homem. Um dos impactos mais perceptíveis é a morte por atropelamento da fauna que pode causar importantes efeitos demográficos nas populações silvestres. O objetivo deste estudo foi estimar a diversidade da fauna atropelada em duas rodovias no norte do Estado do Rio Grande do Sul. As rodovias definidas para o estudo foram RS-331 (T1), que liga os municípios de Erechim e Gaurama e RS-420 (T2), que liga os municípios de Erechim e Aratiba. A região do estudo está situada dentro dos domínios do bioma Mata Atlântica, caracterizado por uma vegetação ombrófila densa e clima subtropical úmido. Foram realizados 10 dias de amostragens por mês, de setembro de 2014 a fevereiro de 2015, totalizando 2.880 Km. Foram considerados aves, mamíferos e répteis neste estudo. Foi calculada a taxa de atropelamentos e a curva de acumulação de espécies. Estimou-se a riqueza de espécies com base no uso do estimador de riqueza Jacknife 1 e determinou-se as espécies mais atropeladas a partir da média dos indivíduos atropelados por mês. As espécies foram classificadas segundo o índice de Constância de Ocorrência. Foram encontrados 209 indivíduos atropelados de 45 espécies, sendo que as aves representaram a maioria dos registros 57,42% (n=120), seguidas pelos mamíferos 24,88% (n=52), e répteis 17,7% (n=37). A taxa de atropelamento foi de 0,14 ind./km/dia considerando os três grupos taxonômicos. Para aves foram identificadas 30 espécies. Para mamíferos foram identificadas oito espécies e para répteis sete. A riqueza estimada, considerando todos os grupos, foi de 67 espécies (± 4,06), para aves foi de 46,5 espécies (± 3,71), para mamíferos 11,67 espécies (±1,56) e 8,83 espécies para répteis (± 1,24). As cinco espécies mais atropeladas foram: Salvator merianae (n=24), Didelphis albiventris (n=22), Cerdocyon thous (n=8), Zonotrichia capensis (n=7) e Cavia aperea (n=6). Uma espécie consta na lista da fauna ameaçada de extinção do Estado do Rio Grande do Sul: Leopardus tigrinus, na categoria “vulnerável”. As curvas de acumulação de espécies, apesar das tendências para a assíntota em répteis, indicam que novos registros podem ser feitos com mais tempo de amostragem. As espécies com maior número de atropelamentos coincidem em grande parte com as espécies classificadas como Constantes ou Acessórias. A taxa de atropelamento indica que ao longo do período de um ano podem ser encontrados ao menos 50 animais atropelados por quilômetro nas rodovias avaliadas. A similaridade baixa e as diferenças na diversidade entre os dois trechos indicam a forte influência da paisagem do entorno da rodovia nas características da diversidade de fauna atropelada. Rodovias que cortam áreas mais degradadas parecem gerar impactos sobre animais de hábitos generalistas, com alta capacidade de ocupar áreas antrópicas e aparentemente com populações grandes. Rodovias que cortam áreas preservadas, ou menos degradadas, tendem a gerar impactos sobre espécies mais exigentes ao uso de habitat, com áreas de vida mais restritas e possivelmente populações menores. A identificação das espécies mais frequentemente atropeladas e dos padrões ecológicos envolvidos pode servir como ferramenta para a tomada de decisão a fim de buscar alternativas para reduzir os atropelamentos.Roads are among the most obvious environmental changes generated by man. One of the most noticeable impact is death by run over of fauna that can cause major demographic effects on wild populations. The objective of this study was to estimate the diversity of fauna run over in two highways in northern Rio Grande do Sul. The Roads defined for the study were ERS-331 (T1), which connects the cities of Erechim and Gaurama and RS-420 (T2), which connects the cities of Erechim and Aratiba. The studied region is located within the areas of the Atlantic Forest biome, characterized by a dense rain vegetation and humid subtropical climate. Ten (10) days of sampling were performed by September 2014 to February 2015, totaling 2,880 Km. Only Birds, Mammals and Reptiles were considered in this study. The roadkill rate and the species accumulation curve was calculated. The species richness was estimated based on the use of Jacknife 1 wealth estimator and the species most knocked down was determined from an average of individuals hit by month. The species were classified according to an index of constancy of occurrence. Two hundred and nine individuals of 45 species were found knocked down, being Birds the species with majority of records 57,42% (n=120), followed by Mammals 24,88% (n=52) and Reptiles 17,7% (n=37). The road-kill rates was 0,14 ind./Km/day considering the three taxonomic groups. To Bird we identified 30 species. Eight species of Mammals and seven of Reptiles were identified. Considering all groups the estimated wealth was 67 species (±4,06), among which 46,5 (±3,71) were species of Birds, 11.67 (±1,56) Mammalian species and 8,83 species of reptiles (±1,24). The top five species in running over episodes were: Salvator merianae (n = 24), Didelphis albiventris (n=22), Cerdocyon thous (n=8), Zonotrichia capensis (n=7) and Cavia aperea (n=6). One species is in the list of Rio Grande do Sul's endangered fauna: Leopardus tigrinus, on the "vulnerable" category. The diversity of species ran over, in comparison with estimated species diversity for the region, reinforces the idea that the collisions are directed to some species, probably abundant and who don't avoid the highways. The species with the highest number of accidents coincide largely with the species classified as Constants or Accessory. The road-kill rates showed that at less 50 animals can be found road killed by year in the evaluated roads. The low similarity and the differences between the two roads showed the strong influence the landscape around the roads in the diversity of fauna road-killed. Roads that crossing degraded areas seems impact more animals with generalist habits and roads that crossing preserved areas seems impact animals more exigents about the habitat use. The identification of the species that are most frequently hit and the concerned ecological standards can serve as a tool to make decisions in order to seek alternatives to reduce road kills.Submitted by Tania Ivani Rokohl (tania.rokohl@uffs.edu.br) on 2017-10-24T13:49:10Z No. of bitstreams: 1 DEFFACI.pdf: 1034549 bytes, checksum: 28263ea05ca5e525d33bb72c57c4f873 (MD5)Approved for entry into archive by Diego dos Santos Borba (dborba@uffs.edu.br) on 2017-10-26T16:58:35Z (GMT) No. of bitstreams: 1 DEFFACI.pdf: 1034549 bytes, checksum: 28263ea05ca5e525d33bb72c57c4f873 (MD5)Made available in DSpace on 2017-10-26T16:58:35Z (GMT). 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