Os meios e as condições de vida dos agricultores familiares produtores de tabaco frente à convenção quadro para o controle do tabaco – um estudo no município de Laranjeiras do Sul/PR

• Autor(a) principal: Sartorelli, Anderson
• Data de Publicação: 2014
• Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFFS (Repositório Digital da UFFS)
• Texto Completo: https://rd.uffs.edu.br/handle/prefix/3773
• topic: Agricultura familiar; Condição econômica; Desenvolvimento rural; Fumo

Este estudo objetiva caracterizar e problematizar os meios e as condições de vida dos agricultores familiares produtores de tabaco no município de Laranjeiras do Sul/PR, considerando o cenário da Convenção Quadro para o Controle de Tabaco (CQCT). Sendo assim, conhecer a maneira como os agricultores sobrevivem no meio rural, torna-se importante, sobretudo para orientar ações ou políticas de diversificação que contribuam para o desenvolvimento rural. A pesquisa está baseada na abordagem das capacitações de Amartya Sen e na perspectiva dos meios de vida de Frank Ellis. As hipóteses que embasaram este estudo consideram que, por um lado, as condições de vida dos agricultores familiares produtores de tabaco são influenciadas pela diversificação de seus meios de vida e, por outro lado, que o tabaco contribui para ampliar o capital financeiro das famílias, o que não necessariamente se reverte em melhores condições de vida. Para tal, foram aplicados dois questionários a quarenta famílias produtoras de tabaco no município. O primeiro buscou levantar os meios de vida das famílias, o que estas possuem para sobreviverem. O segundo questionário procurou levantar as condições de vida destas famílias, objetivando captar as percepções das mesmas acerca destas condições. A pesquisa ainda contou com um roteiro de entrevista com questões abertas referentes às opiniões e aos anseios dos agricultores sobre a produção de tabaco. Além disso, foi criada uma tipologia quanto ao grau de diversificação dos meios de vida. Desta forma, foi possível observar e analisar as condições de vida das famílias diversificadas, pouco diversificadas e especializadas do referido município. Com relação aos resultados, pode-se dizer que a hipótese inicialmente levantada foi confirmada, sendo que as famílias diversificadas possuem melhores meios e condições de vida em relação às demais. A outra hipótese referente à contribuição do tabaco para a ampliação do capital financeiro das famílias, se confirmou em parte, uma vez que se observou que a renda do tabaco não se reflete propriamente no capital financeiro, sendo os efeitos maiores que o próprio capital. Pode-se depreender, portanto, que o tabaco garante os intitulamentos/meios para as famílias produtoras, porém não necessariamente garante a capacidade para funcionar no meio rural. Essa capacidade fica condicionada ao cultivo do tabaco, ou seja, as famílias só conseguem realizações se continuarem a produzi-lo. Evidenciou-se também que os produtores não possuem a liberdade de alcançar bens e recursos tal como desejam, pois mesmo eles dispondo de capitais, estes são decorrentes da produção de tabaco, ou seja, há uma falta de liberdade de escolha para as famílias, todas as suas ações são voltadas e dependentes do tabaco. Observou-se durante o trabalho de campo, que ainda faltam ações que possibilitem às famílias obter as condições necessárias para que estas deixem de produzir tabaco e/ou diversifiquem suas propriedades, passando a produzir outros cultivos, sobretudo aquelas que se mostram propensas a isso. Esta situação ficou clara durante as entrevistas: a maioria dos entrevistados relatou que deixaria de produzir tabaco se fosse possível produzir outro cultivo tão rentável quanto o atual.