Da cozinha à lavanderia: a propaganda como dispositivo de captura dos corpos femininos

• Autor(a) principal: Dallastra, Débora
• Data de Publicação: 2019
• Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFFS (Repositório Digital da UFFS)
• Texto Completo: https://rd.uffs.edu.br/handle/prefix/3628
• topic: Mulheres; Papéis sexuais; Propaganda; Estereótipos

O século XIX foi marcado por grandes transformações sociais que resultaram em diversas características formadoras da sociedade atual. Os ecos da França revolucionária colaboraram para a organização de uma esfera pública como espaço distinto da esfera privada onde são identificadas relações de poder que determinam papéis a serem desempenhados por homens e mulheres. De acordo com essa visão, os homens são atores da vida pública, enquanto às mulheres é destinada a atuação no espaço privado do lar. Essa perspectiva construída socialmente aliou-se a outros discursos de mesmo teor e erigiu-se de tal forma a ponto de determinar um “destino natural” para as mulheres: ser esposa, mãe e dona de casa. Esse discurso teve grande repercussão no Brasil do século XX, visto que era apoiado pela ascensão da sociedade burguesa capitalista que se formava sob o ideal de modernidade. O desenvolvimento industrial brasileiro do “Anos Dourados” – período que se refere às décadas de 1950 e 1960 – fomentou ainda mais esse discurso devido à entrada de uma vasta gama de utilidades e eletrodomésticos no mercado. Diante disso, a imprensa se mostrou um importante veículo de perpetuação para esse discurso. A presente pesquisa, tendo esse horizonte de perspectiva, busca observar a forma com que as propagandas de eletrodomésticos veiculadas na revista “O Cruzeiro” – maior semanário brasileiro do século XX – durante os “Anos Dourados”, reafirmaram os papéis de gênero impostos às mulheres através da reprodução do discurso que afirmava um lugar e uma função específica a elas. Para tanto, a discussão envolverá os aspectos formadores do discurso que opõe as esferas sociais pública e privada, o surgimento da imprensa no Brasil e de que forma ela se tornou um veículo de difusão e manutenção desse ideal e, principalmente, a análise das propagandas que afirmam os papéis de gênero impostos pelas duas esferas.