Gentes negras da baixada: deslocamentos e geografias em uma cidade do agronegócio
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Data de Publicação: | 2022 |
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Resumo: | As cidades do agronegócio, formadas a partir da década de 1970 com a expansão da fronteira agrícola para o planalto central, são caracterizadas por um conjunto de transformações em seu território, além de serem compreendidas como cidades sulistas, dada a migração das gentes do sul do país. A presença das gentes de outras regiões é também marca destas cidades, contudo, muitas destas têm suas identidades apagadas, ou são inseridas em condições subalternizadas, pois além de serem atravessadas pela condição regional, são também atravessadas pela condição de raça e classe. Pontua-se que estas cidades são também marcadas pela formação de periferias, ou áreas distantes ao centro comercial, que se apresentam como uma fronteira naturalizada. Nesse contexto, o presente trabalho, escrito entre primeira e terceira pessoa, visou compreender a geografia das gentes negras de Campo Verde – Mato Grosso, trazendo a Baixada, que é uma construção social presente na vivência dos moradores, regimentando as gentes que residem de lado específico da cidade, como conceito estruturante. Para construção desta pesquisa, utilizando-se do pretuguês de Lélia Gonzalez, utilizamos como metodologia, as fontes orais, por entendermos que as estórias tinham também relação com o lugar e seus atravessamentos durante a pesquisa. A busca pelos sujeitos ocorreu através de uma cartografia das andanças na Baixada da cidade. Optamos, com exceção de alguns autores brancos no texto, por valorizar autores negros na escrita do trabalho, muitos dos quais não são aceitos dentro dos cânones, mas que construíram uma geografia nas Baixadas. O trabalho traz a Baixada como o local da experiência das gentes negras, vivenciada de forma diferente por homens e mulheres, como ponto de encontro e desencontro, de tensão e solidariedade. Traz também a condição da migração, que quando atrelada a condição racial, condiciona o lugar das gentes negras e nordestinas na cidade, apagando suas culturas e modos de vida. Por fim, concluímos que na cidade de Campo Verde, as gentes negras, na Baixada são afetadas pelo tanto pela necromemória, quanto pelo alterocídio, ocupando os locais invisíveis e os trabalhos subalternos, muitos dos quais, carecem minimamente de cidadania. |
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Tese (Doutorado em Geografia) – Faculdade de Ciências Humanas, Universidade Federal da Grande Dourados, Dourados, MS, 2022.http://repositorio.ufgd.edu.br/jspui/handle/prefix/5440As cidades do agronegócio, formadas a partir da década de 1970 com a expansão da fronteira agrícola para o planalto central, são caracterizadas por um conjunto de transformações em seu território, além de serem compreendidas como cidades sulistas, dada a migração das gentes do sul do país. A presença das gentes de outras regiões é também marca destas cidades, contudo, muitas destas têm suas identidades apagadas, ou são inseridas em condições subalternizadas, pois além de serem atravessadas pela condição regional, são também atravessadas pela condição de raça e classe. Pontua-se que estas cidades são também marcadas pela formação de periferias, ou áreas distantes ao centro comercial, que se apresentam como uma fronteira naturalizada. Nesse contexto, o presente trabalho, escrito entre primeira e terceira pessoa, visou compreender a geografia das gentes negras de Campo Verde – Mato Grosso, trazendo a Baixada, que é uma construção social presente na vivência dos moradores, regimentando as gentes que residem de lado específico da cidade, como conceito estruturante. Para construção desta pesquisa, utilizando-se do pretuguês de Lélia Gonzalez, utilizamos como metodologia, as fontes orais, por entendermos que as estórias tinham também relação com o lugar e seus atravessamentos durante a pesquisa. A busca pelos sujeitos ocorreu através de uma cartografia das andanças na Baixada da cidade. Optamos, com exceção de alguns autores brancos no texto, por valorizar autores negros na escrita do trabalho, muitos dos quais não são aceitos dentro dos cânones, mas que construíram uma geografia nas Baixadas. O trabalho traz a Baixada como o local da experiência das gentes negras, vivenciada de forma diferente por homens e mulheres, como ponto de encontro e desencontro, de tensão e solidariedade. Traz também a condição da migração, que quando atrelada a condição racial, condiciona o lugar das gentes negras e nordestinas na cidade, apagando suas culturas e modos de vida. Por fim, concluímos que na cidade de Campo Verde, as gentes negras, na Baixada são afetadas pelo tanto pela necromemória, quanto pelo alterocídio, ocupando os locais invisíveis e os trabalhos subalternos, muitos dos quais, carecem minimamente de cidadania.The agribusiness cities, formed from the 1970 with the expansion of the agricultural frontier to the central plateau, are characterized by a set of transformations in their territory, in addition to being understood as southern cities, given the migration of people from the south of the country. The presence of people from other regions is also a mark of these cities, however, many of these have their identities erased, or are inserted in subaltern conditions, because in addition to being crossed by the regional condition, they are also crossed by the condition of race and class. It is pointed out that these cities are also marked by the formation of peripheries, or areas distant from the commercial center, which present themselves as a naturalized frontier. In this context, the present work, written between first and third person, aimed to understand the geography of the black people of Campo Verde - Mato Grosso, bringing the Baixada, which is a social construction present in the experience of the residents, regimenting the people who live on the side specific to the city, as a structuring concept. For the construction of this research, using Lélia Gonzalez's Portuguese, we used oral sources as a methodology, as we understand that the stories were also related to the place and its crossings during the research. The search for the subjects took place through a cartography of wanderings in Baixada da city. We chose, with the exception of some white authors in the text, to value black authors in the writing of the work, many of which are not accepted within the canons, but who built a geography in the Baixadas. The work brings the Baixada as a place of experience for black people, experienced differently by men and women, as a meeting and disagreement point, of tension and solidarity. It also brings the condition of migration, which when linked to racial condition, conditions the place of black and northeastern people in the city, erasing their cultures and ways of life. Finally, we conclude that in the city of Campo Verde, black people in the Baixada are affected by both necromemory and alterocide, occupying invisible places and menial jobs, many of which lack minimal citizenship.Las ciudades agroindustriales, formadas a partir de la década de 1970 con la expansión de la frontera agrícola hacia el altiplano central, se caracterizan por un conjunto de transformaciones en su territorio, además de ser entendidas como ciudades del sur, dada la migración de personas del sur del país. país. La presencia de personas de otras regiones también es una marca de estas ciudades, sin embargo, muchas de estas tienen sus identidades borradas, o se insertan en condiciones subalternas, porque además de ser atravesadas por la condición regional, también son atravesadas por la condición de raza y clase. Se señala que estas ciudades también están marcadas por la formación de periferias, o áreas alejadas del centro comercial, que se presentan como una frontera naturalizada. En ese contexto, el presente trabajo, escrito entre primera y tercera persona, tuvo como objetivo comprender la geografía del pueblo negro de Campo Verde - Mato Grosso, trayendo la Baixada, que es una construcción social presente en la experiencia de los habitantes, reglamentando la personas que viven en el lado propio de la ciudad, como concepto estructurante. Para la construcción de esta investigación, utilizando el portugués de Lélia González, utilizamos fuentes orales como metodología, ya que entendemos que las historias también se relacionaron con el lugar y sus cruces durante la investigación. La búsqueda de los sujetos se realizó a través de una cartografía de andanzas en Baixada da Cidade. Optamos, a excepción de algunos autores blancos en el texto, por valorar en la redacción de la obra a autores negros, muchos de los cuales no son aceptados dentro de los cánones, pero que construyeron una geografía en las Baixadas. La obra trae la Baixada como lugar de experiencia para los negros, vivida de manera diferente por hombres y mujeres, como punto de encuentro y desencuentro, de tensión y solidaridad. Trae también la condición de migración, que ligada a la condición racial, condiciona el lugar de los negros y nororientales en la ciudad, borrando sus culturas y formas de vida. Finalmente, concluimos que en la ciudad de Campo Verde, la población negra de la Baixada se ve afectada tanto por la nigromemoria como por el alterocidio, ocupando lugares invisibles y trabajos serviles, muchos de los cuales carecen de ciudadanía mínima.Submitted by Marcos Pimentel (marcospimentel@ufgd.edu.br) on 2023-04-19T16:34:11Z No. of bitstreams: 1 ArielCostadosSantos.pdf: 8324573 bytes, checksum: 451bbd1e2c38ff743e37afb72adc56b7 (MD5)Made available in DSpace on 2023-04-19T16:34:11Z (GMT). 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