A Dinâmica da gestão de ilegalismos na fronteira entre Ponta Porã e Pedro Juan Caballero
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Data de Publicação: | 2020 |
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Resumo: | A violência na fronteira está associada a vários tipos de percepções. Pelas representações sociais produzidas pela imprensa, ela se esboça como um lugar de tensão permanente. Se posta sob o olhar da população, apresenta-se relacionada às disputas pelos mercados. Dimensionada pelas taxas de homicídios, pode expressar um lugar de insegurança. A violência se coloca com um problema para região como produto de uma criminalidade. Dois grupos da fronteira se propõem a resolver o problema de uma criminalidade que se resume em roubos e furtos: os Defensores da Fronteira e os Justiceiros da Fronteira, que concentram suas práticas em torno do criminoso - o delinquente. Os primeiros buscam uma aproximação com o Estado, para participação na formulação das políticas de segurança, enquanto os Justiceiros se apresentam vingadores de uma sociedade que não suporta mais tantos crimes (contra o patrimônio). O grupo atua por meio do suplício e da aniquilação física, em práticas que se assemelham aos grupos de extermínio e esquadrões da morte do passado. Disputam com o Estado o monopólio da violência. De início, a pesquisa se propõe a discutir a categoria fronteira. Em seguida, procuramos compreender os mercados ilegais a partir de uma retomada histórica da região e seu desenvolvimento para entender sua formação. Analisamos os aspectos dessa economia criminal e sua conversão em capitais legais, e a alternativa que representa para aqueles não encontram espaço nas atividades legais, propondo uma discussão sobe o que vem a ser legalidade. Constatamos que as políticas proibicionistas, editadas pelos Estados nacionais como uma resposta ao movimento global dos capitais nos anos 1990, aumentaram os controles punitivos que resultaram em enormes custos sociais, como a elevada taxa de encarceramento em massa. Os mercados ilegais e as redes de crimes são produtos daquelas políticas, favorecidas pelo contexto histórico da região, em que o processo de ocupação a partir do grande latifúndio e da atividade monocultora originou o banditismo e o coronelismo, evoluindo para a formação das redes de crimes, a partir da tomada de poder pelo general Stroessner no Paraguai, em 1954, quando o Estado se associou à atividade criminosa. Em seguida, voltamos para a questão da criminalidade em sua forma geral na região, direcionando a discussão em torno de dois chefes dessas redes, compreendidos pelo seu poder como “reis da fronteira”: Fahd Jamil, cujo poder esteve associado às alianças que manteve com os militares paraguaios, e Jorge Rafaat, que seguiu os passos do antecessor. Em seguida, evidenciamos a presença das facções na fronteira e as disputas que levaram a morte de Rafaat. Por fim, a pesquisa se propõe a explicar a dinâmica dos ilegalismos na fronteira a partir da gestão de ilegalismos e do delinquente, produzido pelo mecanismo polícia/justiça/prisão e associado às ilegalidades populares, relacionadas a bens. A gestão de ilegalismos organiza e diferencia as ilegalidades e a criminalidade e a própria violência é tratada segundo essa lógica pelos Defensores da Fronteira e Justiceiros da Fronteira. A gestão de ilegalismos estabelece uma ordem na fronteira, por meio das disciplinas, que todos devem obedecer. |
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A violência se coloca com um problema para região como produto de uma criminalidade. Dois grupos da fronteira se propõem a resolver o problema de uma criminalidade que se resume em roubos e furtos: os Defensores da Fronteira e os Justiceiros da Fronteira, que concentram suas práticas em torno do criminoso - o delinquente. Os primeiros buscam uma aproximação com o Estado, para participação na formulação das políticas de segurança, enquanto os Justiceiros se apresentam vingadores de uma sociedade que não suporta mais tantos crimes (contra o patrimônio). O grupo atua por meio do suplício e da aniquilação física, em práticas que se assemelham aos grupos de extermínio e esquadrões da morte do passado. Disputam com o Estado o monopólio da violência. De início, a pesquisa se propõe a discutir a categoria fronteira. Em seguida, procuramos compreender os mercados ilegais a partir de uma retomada histórica da região e seu desenvolvimento para entender sua formação. 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A gestão de ilegalismos estabelece uma ordem na fronteira, por meio das disciplinas, que todos devem obedecer.Border violence is associated with several types of perceptions. Through the social representations produced by the press, it is outlined as a permanent place. If you are looking at the population, it is useful for disputes over markets. Scaled by homicide rates, it may indicate a place of insecurity. That said, violence poses a problem for the region as a product of criminality. Two groups from the border propose to solve a crime problem that is resumed in robberies and thefts: “Defensores da Fronteira” and “Justiceiros da Fronteira”, who concentrate their practices around the criminal - or delinquent. The former seek an approximation with the State, for a participation in the application of security policies, while the Justiceiros show the heroes of a society that no longer support crimes (against private properties). The groups act through supplements and physical annihilation, in practices that resemble death squads and death patterns from the past, thus challenging the State’s monopoly of violence. In the first part of this research, the boundary as a sociological category is discussed. Then, the research aims to understand illegal markets from a historical line of the region and its development to understand its formation. Next, aspects of a criminal economics and its conversion to a legal capital – especially to people with no opportunities in legal markets – is the basis of a discussion of legality.The research results conclude that prohibitionist policies edited by national states as a response to the global movement of capital in the 1990s increased punitive controls, resulting in huge social costs, such as a high rate of mass incarceration. Illegal markets and crime networks are policy products, favored by the historical context of the region based on large landowning and monoculture activities that originates banditry and “coronelismo” in the region, later evolving to the formation of networks of crimes – since General Stroessner in Paraguay, in 1954, when the State joined the criminal activity. Then, we turn to the issue of criminality in its general form in the region, directing a discussion around two heads of these networks, understanding by their power as “frontier kings”: Fahd Jamil, whose member is involved in the alliances that maintained with the Paraguayan military, and Jorge Rafaat, who followed in the footsteps of the predecessor. Then, we highlight the presence of factions at the border and disputes that led to the Rafaat’s death. Finally, the research explains the use of illegality at the border based on the management of the illegal and the delinquent as subjects produced by the police/justice/prison mechanism and associated with popular, property-related illegalities. The management of organized and differentiated illegal issues, such as illegalities and criminality and violence itself are treated according to this logic by the Defensores and Justiceiros da Fronteira. The management of illegalities establishes an order at the border, through disciplines, which everyone must obey.Submitted by Alison Souza (alisonsouza@ufgd.edu.br) on 2020-08-18T12:48:48Z No. of bitstreams: 1 MauriliodeSousaJunior.pdf: 1582980 bytes, checksum: eb75468b3b2456c17380117bea7d6800 (MD5)Made available in DSpace on 2020-08-18T12:48:48Z (GMT). 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