“Ñanderu é meu pastor e nada me faltará”. Pentecostalismos, invenções culturais e povos indígenas Guarani

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Reis, Gustavo Soldati
Data de Publicação: 2017
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Fronteiras (Dourados. Online)
Texto Completo: https://ojs.ufgd.edu.br/index.php/FRONTEIRAS/article/view/7602
Resumo: O objetivo desse artigo é analisar a presença de movimentos pentecostais e neopentecostais em aldeamentos indígenas, com presença étnica majoritariamente Guarani, na região sul do Estado de Mato Grosso do Sul. Na análise empreendida, via de regra, prevalecem perspectivas antropológicas mais “funcionalistas” que focam a presença de missionamentos pentecostais nas aldeias como agências “lacunares”, ou seja, só ocupam os espaços históricos e sociais onde a religião tradicional não encontra mais as condições necessárias para se reproduzir (BRAND & VIETTA, 2004). Assim, as igrejas e movimentos pentecostais assumem funções antes atribuídas à tradição de conhecimento nativo. Sem querer desconsiderar as importantes contribuições dessas análises, a perspectiva aqui proposta procura outras direções. Uma dessas direções, com o auxílio dos estudos culturais, é perceber como os próprios indígenas apropriam-se do “universo simbólico” de produção de sentido posto pelas tradições pentecostais e “reinventam” suas experiências religiosas, em uma dialética entre táticas construídas e estratégias prescritas, tal como postulada por Michel de Certeau. Com isso, além da procura por homologias entre funções religiosas tradicionais e pentecostais, é importante interpretar as heterologias, ou seja, os discursos e práticas que instauram diferenças para as produções de sentido, “rupturas de mediações” que geram novos espaços religiosos (CERTEAU, 2003; 2005; 2006). A presença pentecostal nos aldeamentos radicaliza, por hipótese, o jogo dialético entre tradições e traduções religiosas (HALL, 2006), onde o protagonismo Guarani reinventa o seu jeito de ser religiosamente plural (teko retã), ao mesmo tempo em que os pentecostalismos são, também, profundamente ressignificados.
id UFGD-6_e627d78623a01849c6181181f8b4b479
oai_identifier_str oai:ojs.pkp.sfu.ca:article/7602
network_acronym_str UFGD-6
network_name_str Fronteiras (Dourados. Online)
repository_id_str http://ojs.ufgd.edu.br/index.php/FRONTEIRAS/oaihttp://ojs.ufgd.edu.br/index.php/FRONTEIRAS/oai
spelling “Ñanderu é meu pastor e nada me faltará”. Pentecostalismos, invenções culturais e povos indígenas GuaraniReligião (Pentecostalismo). Indígenas (Guarani). Missões. Mediação (Cultural).O objetivo desse artigo é analisar a presença de movimentos pentecostais e neopentecostais em aldeamentos indígenas, com presença étnica majoritariamente Guarani, na região sul do Estado de Mato Grosso do Sul. Na análise empreendida, via de regra, prevalecem perspectivas antropológicas mais “funcionalistas” que focam a presença de missionamentos pentecostais nas aldeias como agências “lacunares”, ou seja, só ocupam os espaços históricos e sociais onde a religião tradicional não encontra mais as condições necessárias para se reproduzir (BRAND & VIETTA, 2004). Assim, as igrejas e movimentos pentecostais assumem funções antes atribuídas à tradição de conhecimento nativo. Sem querer desconsiderar as importantes contribuições dessas análises, a perspectiva aqui proposta procura outras direções. Uma dessas direções, com o auxílio dos estudos culturais, é perceber como os próprios indígenas apropriam-se do “universo simbólico” de produção de sentido posto pelas tradições pentecostais e “reinventam” suas experiências religiosas, em uma dialética entre táticas construídas e estratégias prescritas, tal como postulada por Michel de Certeau. Com isso, além da procura por homologias entre funções religiosas tradicionais e pentecostais, é importante interpretar as heterologias, ou seja, os discursos e práticas que instauram diferenças para as produções de sentido, “rupturas de mediações” que geram novos espaços religiosos (CERTEAU, 2003; 2005; 2006). A presença pentecostal nos aldeamentos radicaliza, por hipótese, o jogo dialético entre tradições e traduções religiosas (HALL, 2006), onde o protagonismo Guarani reinventa o seu jeito de ser religiosamente plural (teko retã), ao mesmo tempo em que os pentecostalismos são, também, profundamente ressignificados.Editora da Universidade Federal da Grande Dourados2017-12-30info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttps://ojs.ufgd.edu.br/index.php/FRONTEIRAS/article/view/760210.30612/frh.v19i34.7602Fronteiras; v. 19 n. 34 (2017): DOSSIÊ 12: PROTESTANTISMOS E HISTÓRIA: A PROPÓSITO DOS 500 ANOS DA REFORMA PROTESTANTE; 302 - 3182175-0742reponame:Fronteiras (Dourados. Online)instname:Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD)instacron:UFGDporhttps://ojs.ufgd.edu.br/index.php/FRONTEIRAS/article/view/7602/4189Copyright (c) 2018 FRONTEIRAS: Revista de Históriainfo:eu-repo/semantics/openAccessReis, Gustavo Soldati2020-02-07T16:38:48Zoai:ojs.pkp.sfu.ca:article/7602Revistahttps://ojs.ufgd.edu.br/index.php/FRONTEIRASPUBhttps://ojs.ufgd.edu.br/index.php/FRONTEIRAS/oairevistafronteirasufgd@gmail.com||editora.suporte@ufgd.edu.br2175-07421517-9265opendoar:http://ojs.ufgd.edu.br/index.php/FRONTEIRAS/oaihttp://ojs.ufgd.edu.br/index.php/FRONTEIRAS/oai2020-02-07T16:38:48Fronteiras (Dourados. Online) - Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD)false
dc.title.none.fl_str_mv “Ñanderu é meu pastor e nada me faltará”. Pentecostalismos, invenções culturais e povos indígenas Guarani
title “Ñanderu é meu pastor e nada me faltará”. Pentecostalismos, invenções culturais e povos indígenas Guarani
spellingShingle “Ñanderu é meu pastor e nada me faltará”. Pentecostalismos, invenções culturais e povos indígenas Guarani
Reis, Gustavo Soldati
Religião (Pentecostalismo). Indígenas (Guarani). Missões. Mediação (Cultural).
title_short “Ñanderu é meu pastor e nada me faltará”. Pentecostalismos, invenções culturais e povos indígenas Guarani
title_full “Ñanderu é meu pastor e nada me faltará”. Pentecostalismos, invenções culturais e povos indígenas Guarani
title_fullStr “Ñanderu é meu pastor e nada me faltará”. Pentecostalismos, invenções culturais e povos indígenas Guarani
title_full_unstemmed “Ñanderu é meu pastor e nada me faltará”. Pentecostalismos, invenções culturais e povos indígenas Guarani
title_sort “Ñanderu é meu pastor e nada me faltará”. Pentecostalismos, invenções culturais e povos indígenas Guarani
author Reis, Gustavo Soldati
author_facet Reis, Gustavo Soldati
author_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Reis, Gustavo Soldati
dc.subject.por.fl_str_mv Religião (Pentecostalismo). Indígenas (Guarani). Missões. Mediação (Cultural).
topic Religião (Pentecostalismo). Indígenas (Guarani). Missões. Mediação (Cultural).
description O objetivo desse artigo é analisar a presença de movimentos pentecostais e neopentecostais em aldeamentos indígenas, com presença étnica majoritariamente Guarani, na região sul do Estado de Mato Grosso do Sul. Na análise empreendida, via de regra, prevalecem perspectivas antropológicas mais “funcionalistas” que focam a presença de missionamentos pentecostais nas aldeias como agências “lacunares”, ou seja, só ocupam os espaços históricos e sociais onde a religião tradicional não encontra mais as condições necessárias para se reproduzir (BRAND & VIETTA, 2004). Assim, as igrejas e movimentos pentecostais assumem funções antes atribuídas à tradição de conhecimento nativo. Sem querer desconsiderar as importantes contribuições dessas análises, a perspectiva aqui proposta procura outras direções. Uma dessas direções, com o auxílio dos estudos culturais, é perceber como os próprios indígenas apropriam-se do “universo simbólico” de produção de sentido posto pelas tradições pentecostais e “reinventam” suas experiências religiosas, em uma dialética entre táticas construídas e estratégias prescritas, tal como postulada por Michel de Certeau. Com isso, além da procura por homologias entre funções religiosas tradicionais e pentecostais, é importante interpretar as heterologias, ou seja, os discursos e práticas que instauram diferenças para as produções de sentido, “rupturas de mediações” que geram novos espaços religiosos (CERTEAU, 2003; 2005; 2006). A presença pentecostal nos aldeamentos radicaliza, por hipótese, o jogo dialético entre tradições e traduções religiosas (HALL, 2006), onde o protagonismo Guarani reinventa o seu jeito de ser religiosamente plural (teko retã), ao mesmo tempo em que os pentecostalismos são, também, profundamente ressignificados.
publishDate 2017
dc.date.none.fl_str_mv 2017-12-30
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
info:eu-repo/semantics/publishedVersion
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://ojs.ufgd.edu.br/index.php/FRONTEIRAS/article/view/7602
10.30612/frh.v19i34.7602
url https://ojs.ufgd.edu.br/index.php/FRONTEIRAS/article/view/7602
identifier_str_mv 10.30612/frh.v19i34.7602
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv https://ojs.ufgd.edu.br/index.php/FRONTEIRAS/article/view/7602/4189
dc.rights.driver.fl_str_mv Copyright (c) 2018 FRONTEIRAS: Revista de História
info:eu-repo/semantics/openAccess
rights_invalid_str_mv Copyright (c) 2018 FRONTEIRAS: Revista de História
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv Editora da Universidade Federal da Grande Dourados
publisher.none.fl_str_mv Editora da Universidade Federal da Grande Dourados
dc.source.none.fl_str_mv Fronteiras; v. 19 n. 34 (2017): DOSSIÊ 12: PROTESTANTISMOS E HISTÓRIA: A PROPÓSITO DOS 500 ANOS DA REFORMA PROTESTANTE; 302 - 318
2175-0742
reponame:Fronteiras (Dourados. Online)
instname:Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD)
instacron:UFGD
instname_str Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD)
instacron_str UFGD
institution UFGD
reponame_str Fronteiras (Dourados. Online)
collection Fronteiras (Dourados. Online)
repository.name.fl_str_mv Fronteiras (Dourados. Online) - Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD)
repository.mail.fl_str_mv revistafronteirasufgd@gmail.com||editora.suporte@ufgd.edu.br
_version_ 1797231668917960704