Icônico ou arbitrário? Motivado ou imotivado? O signo linguístico na Língua Brasileira de Sinais
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Data de Publicação: | 2019 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFJF |
Texto Completo: | https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/11233 |
Resumo: | Para Saussure (2006 [1916]), o signo linguístico é essencialmente arbitrário: não há nenhuma relação de motivação entre o significante de um signo e o significado que ele veicula. Não parece, contudo, ser esse o caso das línguas de sinais, principalmente se considerarmos a modalidade gesto-visual dessas línguas. Strobel e Fernandes (1998) e Quadros e Karnopp (2004) afirmam e defendem que as línguas de sinais são essencialmente arbitrárias. Entretanto, há autores que consideram que a iconicidade esteja significativamente presente nessas línguas, como Ferreira-Brito (1995), Klima e Bellugi (1979), Sherman Wilcox (2004), Taub (2001), Xavier (2006), entre outros. Discutir as noções de arbitrariedade e de iconicidade nas línguas de sinais não é trivial. Aliás, por vezes, a iconicidade representou (e, em alguns casos, talvez, ainda represente) um problema para a aceitação de línguas sinalizadas, enquanto línguas naturais, uma vez que, por um lado, ela está significativamente presente nessas línguas e, por outro lado, a arbitrariedade consiste em um princípio linguístico, comum a todas as línguas. Nesse sentido, o objetivo principal desta dissertação é (re)discutir, bem como problematizar, as noções de arbitrariedade e de iconicidade nas línguas de sinais, de modo geral, e na Língua Brasileira de Sinais (Libras), de modo específico. Para isso, fizemos uma revisão na literatura, a fim de verificar o modo como esses conceitos vêm sendo abordados em línguas sinalizadas, e analisamos os sinais que compõem a letra ‘A’ de Capovilla et al. (2017), no que diz respeito à(s) possível(is) motivação(ões) que eles apresentam. Encontramos e categorizamos motivações de seis tipos: (1) classificador; (2) gestualidade; (3) espacialidade; (4) empréstimo linguístico do português; (5) expressão não manual; e (6) movimento. Observamos algumas sistematizações em relação a essas motivações e percebemos que algumas delas nem sempre elas conferem iconicidade aos signos linguísticos. De modo geral, assumimos e defendemos, neste trabalho, que a arbitrariedade e a iconicidade não são noções opostas, nem sequer de mesma ordem; mostramos que os conceitos de arbitrariedade e de imotivação, e os conceitos de iconicidade e de motivação, embora estejam relacionados, não são sinônimos; e apontamos que os sinais da Libras são altamente motivados, apresentando, aliás, na maioria das vezes, mais de uma motivação. Consideramos que é bastante complexo pensar em propostas de análise da iconicidade na Libras, a partir de certo tipo de gradação, não obstante, argumentamos que talvez uma proposta menos problemática seja a que considere a natureza dos tipos de motivação propostos neste trabalho, em sua relação com a iconicidade. Por fim, mostramos que os classificadores são muito produtivos, na Libras, sendo, inclusive, o tipo de motivação mais recorrente nos dados, e que eles apresentam um caráter essencialmente imagético, conferindo sempre iconicidade aos signos linguísticos por eles formados, o que ratifica o fato de eles fazerem parte do núcleo lexical dessa língua. |
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Entretanto, há autores que consideram que a iconicidade esteja significativamente presente nessas línguas, como Ferreira-Brito (1995), Klima e Bellugi (1979), Sherman Wilcox (2004), Taub (2001), Xavier (2006), entre outros. Discutir as noções de arbitrariedade e de iconicidade nas línguas de sinais não é trivial. Aliás, por vezes, a iconicidade representou (e, em alguns casos, talvez, ainda represente) um problema para a aceitação de línguas sinalizadas, enquanto línguas naturais, uma vez que, por um lado, ela está significativamente presente nessas línguas e, por outro lado, a arbitrariedade consiste em um princípio linguístico, comum a todas as línguas. Nesse sentido, o objetivo principal desta dissertação é (re)discutir, bem como problematizar, as noções de arbitrariedade e de iconicidade nas línguas de sinais, de modo geral, e na Língua Brasileira de Sinais (Libras), de modo específico. 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De modo geral, assumimos e defendemos, neste trabalho, que a arbitrariedade e a iconicidade não são noções opostas, nem sequer de mesma ordem; mostramos que os conceitos de arbitrariedade e de imotivação, e os conceitos de iconicidade e de motivação, embora estejam relacionados, não são sinônimos; e apontamos que os sinais da Libras são altamente motivados, apresentando, aliás, na maioria das vezes, mais de uma motivação. Consideramos que é bastante complexo pensar em propostas de análise da iconicidade na Libras, a partir de certo tipo de gradação, não obstante, argumentamos que talvez uma proposta menos problemática seja a que considere a natureza dos tipos de motivação propostos neste trabalho, em sua relação com a iconicidade. Por fim, mostramos que os classificadores são muito produtivos, na Libras, sendo, inclusive, o tipo de motivação mais recorrente nos dados, e que eles apresentam um caráter essencialmente imagético, conferindo sempre iconicidade aos signos linguísticos por eles formados, o que ratifica o fato de eles fazerem parte do núcleo lexical dessa língua.According to Saussure (2006), the linguistic sign is essentially arbitrary, which means there is no relation of motivation between the signifier of a sign and the meaning it conveys. Yet, this does not seem to be the case when it comes to sign languages, especially when considering their gestural-visual modality. Strobel and Fernandes (1998), and Quadros and Karnopp (2004) are authors that state and argue that sign languages are essentially arbitrary. However, there are other authors such as Ferreira- Brito (1995), Klima and Bellugi (1979), Sherman Wilcox (2004), Taub (2001), Xavier (2006), among others, who consider iconicity as being significantly present in these languages. Moreover, discussing the notions of arbitrariness and iconicity in sign languages is not an easy task. In fact, when it comes to accepting sign languages as natural languages, iconicity has represented (and in some cases it probably still represents) an issue since, on one hand, it is significantly present in these languages, and on the other hand, arbitrariness consists in a linguistic principle common to all languages. In this sense, the main objective of this thesis is to discuss and to question the notions of arbitrariness and iconicity in sign languages and more specifically in Brazilian Sign Language (Libras). To do so, we verified how the existing literature approaches these concepts in relation to sign languages, and analyzed the signs within the letter 'A' in Capovilla et al. (2017) concerning their possible motivation(s). We have detected and classified six types of motivations, which are: (1) classifiers; (2) gestuality; (3) spatiality; (4) linguistic borrowing from Portuguese; (5) non-manual markers and (6) movement. We noticed that there is a frequent systematization of these motivations and we also realized that they do not always confer iconicity to the signs. Furthermore, in this paper, we assume and argue that arbitrariness and iconicity are not opposing notions, and they are concepts of different orders. We demonstrate that arbitrariness and immotivation, and iconicity and motivation, although related, are not synonymous. We also point out that signs of Libras are highly motivated and, in most cases, are made up from more than one motivation. Coming up with proposals for the analysis of iconicity in Libras from a certain type of gradation can be quite a complex task. Nevertheless, we argue that a less problematic proposal could involve the nature of the aforementioned types of motivation in regards to iconicity. Finally, we demonstrate that classifiers are very productive in Libras, and that they are the most recurrent type of motivation in our data. Moreover, they have an essentially imagery character, which confers iconicity to the linguistic signs they form. This confirms that they are in fact part of the lexical nucleus of the language.porUniversidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)Programa de Pós-graduação em Letras: LinguísticaUFJFBrasilFaculdade de LetrasAttribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Brazilhttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/info:eu-repo/semantics/openAccessCNPQ::LINGUISTICA, LETRAS E ARTES::LINGUISTICAArbitrariedadeIconicidade(I)motivação linguísticaLínguas de sinaisLibrasArbitrarinessIconicityLinguistic motivation and immotivationSign languagesLibrasIcônico ou arbitrário? Motivado ou imotivado? O signo linguístico na Língua Brasileira de Sinaisinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisreponame:Repositório Institucional da UFJFinstname:Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)instacron:UFJFCC-LICENSElicense_rdflicense_rdfapplication/rdf+xml; charset=utf-8811https://repositorio.ufjf.br/jspui/bitstream/ufjf/11233/2/license_rdfe39d27027a6cc9cb039ad269a5db8e34MD52LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-81748https://repositorio.ufjf.br/jspui/bitstream/ufjf/11233/3/license.txt8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33MD53ORIGINALdavivieiramedeiros.pdfdavivieiramedeiros.pdfapplication/pdf9605398https://repositorio.ufjf.br/jspui/bitstream/ufjf/11233/1/davivieiramedeiros.pdfcd7c3ba44d09f79e2ba4f155778c8677MD51TEXTdavivieiramedeiros.pdf.txtdavivieiramedeiros.pdf.txtExtracted texttext/plain803911https://repositorio.ufjf.br/jspui/bitstream/ufjf/11233/4/davivieiramedeiros.pdf.txt7a1b2cec4cb808ca23194be362b98e75MD54THUMBNAILdavivieiramedeiros.pdf.jpgdavivieiramedeiros.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1230https://repositorio.ufjf.br/jspui/bitstream/ufjf/11233/5/davivieiramedeiros.pdf.jpga4f1b2696fd14b0322f28625b2ec59f9MD55ufjf/112332019-10-31 04:06:59.877oai:hermes.cpd.ufjf.br:ufjf/11233Tk9URTogUExBQ0UgWU9VUiBPV04gTElDRU5TRSBIRVJFClRoaXMgc2FtcGxlIGxpY2Vuc2UgaXMgcHJvdmlkZWQgZm9yIGluZm9ybWF0aW9uYWwgcHVycG9zZXMgb25seS4KCk5PTi1FWENMVVNJVkUgRElTVFJJQlVUSU9OIExJQ0VOU0UKCkJ5IHNpZ25pbmcgYW5kIHN1Ym1pdHRpbmcgdGhpcyBsaWNlbnNlLCB5b3UgKHRoZSBhdXRob3Iocykgb3IgY29weXJpZ2h0Cm93bmVyKSBncmFudHMgdG8gRFNwYWNlIFVuaXZlcnNpdHkgKERTVSkgdGhlIG5vbi1leGNsdXNpdmUgcmlnaHQgdG8gcmVwcm9kdWNlLAp0cmFuc2xhdGUgKGFzIGRlZmluZWQgYmVsb3cpLCBhbmQvb3IgZGlzdHJpYnV0ZSB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gKGluY2x1ZGluZwp0aGUgYWJzdHJhY3QpIHdvcmxkd2lkZSBpbiBwcmludCBhbmQgZWxlY3Ryb25pYyBmb3JtYXQgYW5kIGluIGFueSBtZWRpdW0sCmluY2x1ZGluZyBidXQgbm90IGxpbWl0ZWQgdG8gYXVkaW8gb3IgdmlkZW8uCgpZb3UgYWdyZWUgdGhhdCBEU1UgbWF5LCB3aXRob3V0IGNoYW5naW5nIHRoZSBjb250ZW50LCB0cmFuc2xhdGUgdGhlCnN1Ym1pc3Npb24gdG8gYW55IG1lZGl1bSBvciBmb3JtYXQgZm9yIHRoZSBwdXJwb3NlIG9mIHByZXNlcnZhdGlvbi4KCllvdSBhbHNvIGFncmVlIHRoYXQgRFNVIG1heSBrZWVwIG1vcmUgdGhhbiBvbmUgY29weSBvZiB0aGlzIHN1Ym1pc3Npb24gZm9yCnB1cnBvc2VzIG9mIHNlY3VyaXR5LCBiYWNrLXVwIGFuZCBwcmVzZXJ2YXRpb24uCgpZb3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgdGhlIHN1Ym1pc3Npb24gaXMgeW91ciBvcmlnaW5hbCB3b3JrLCBhbmQgdGhhdCB5b3UgaGF2ZQp0aGUgcmlnaHQgdG8gZ3JhbnQgdGhlIHJpZ2h0cyBjb250YWluZWQgaW4gdGhpcyBsaWNlbnNlLiBZb3UgYWxzbyByZXByZXNlbnQKdGhhdCB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gZG9lcyBub3QsIHRvIHRoZSBiZXN0IG9mIHlvdXIga25vd2xlZGdlLCBpbmZyaW5nZSB1cG9uCmFueW9uZSdzIGNvcHlyaWdodC4KCklmIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uIGNvbnRhaW5zIG1hdGVyaWFsIGZvciB3aGljaCB5b3UgZG8gbm90IGhvbGQgY29weXJpZ2h0LAp5b3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgeW91IGhhdmUgb2J0YWluZWQgdGhlIHVucmVzdHJpY3RlZCBwZXJtaXNzaW9uIG9mIHRoZQpjb3B5cmlnaHQgb3duZXIgdG8gZ3JhbnQgRFNVIHRoZSByaWdodHMgcmVxdWlyZWQgYnkgdGhpcyBsaWNlbnNlLCBhbmQgdGhhdApzdWNoIHRoaXJkLXBhcnR5IG93bmVkIG1hdGVyaWFsIGlzIGNsZWFybHkgaWRlbnRpZmllZCBhbmQgYWNrbm93bGVkZ2VkCndpdGhpbiB0aGUgdGV4dCBvciBjb250ZW50IG9mIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uLgoKSUYgVEhFIFNVQk1JU1NJT04gSVMgQkFTRUQgVVBPTiBXT1JLIFRIQVQgSEFTIEJFRU4gU1BPTlNPUkVEIE9SIFNVUFBPUlRFRApCWSBBTiBBR0VOQ1kgT1IgT1JHQU5JWkFUSU9OIE9USEVSIFRIQU4gRFNVLCBZT1UgUkVQUkVTRU5UIFRIQVQgWU9VIEhBVkUKRlVMRklMTEVEIEFOWSBSSUdIVCBPRiBSRVZJRVcgT1IgT1RIRVIgT0JMSUdBVElPTlMgUkVRVUlSRUQgQlkgU1VDSApDT05UUkFDVCBPUiBBR1JFRU1FTlQuCgpEU1Ugd2lsbCBjbGVhcmx5IGlkZW50aWZ5IHlvdXIgbmFtZShzKSBhcyB0aGUgYXV0aG9yKHMpIG9yIG93bmVyKHMpIG9mIHRoZQpzdWJtaXNzaW9uLCBhbmQgd2lsbCBub3QgbWFrZSBhbnkgYWx0ZXJhdGlvbiwgb3RoZXIgdGhhbiBhcyBhbGxvd2VkIGJ5IHRoaXMKbGljZW5zZSwgdG8geW91ciBzdWJtaXNzaW9uLgo=Repositório InstitucionalPUBhttps://repositorio.ufjf.br/oai/requestopendoar:2019-10-31T06:06:59Repositório Institucional da UFJF - Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)false |
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