A narradora irônica como dispositivo de crítica feminista: movimentos excêntricos na poética da casa e da rua em A vida invisível de Eurídice Gusmão, de Martha Batalha

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Schmitt, Francine Nogueira
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFJF
Texto Completo: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/16294
Resumo: A presente dissertação realiza um percurso teórico-crítico pela obra A vida invisível de Eurídice Gusmão, de Martha Batalha (2016), sob o olhar da crítica feminista literária atenta à multiplicidade narrativa, acolhida pela proposta da literatura brasileira contemporânea. Mais especificamente, busca identificar as estratégias empregadas pela narradora de Batalha para ressignificar o passado contado a partir de sua contextualização no presente, desvelando as origens dos sistemas socioculturais que alicerçam as expectativas e os julgamentos na construção da alteridade, ao mesmo tempo em que opera um movimento de ex-centralização de polaridades, em consonância com a proposta da poética do pós-modernismo de Hutcheon (1991). A presente análise aponta como o traçado da arquitetura genealógica das personagens é empregado nesse sentido, já que, ao expor ao leitor os elementos que integram o construto das mesmas, delineando sua ocupação espaço-temporal na trama, promove-se a ruptura com binarismos que, historicamente, encerraram homens e mulheres em polos opostos. Identificamos, também, o uso da ironia, de modo especial o chiste, presença marcante na narrativa batalheana como instrumento de subversão da história contada. Por meio desse recurso, percebemos que uma trama, aparentemente despretensiosa, é transformada em instrumento de reflexão crítica quanto aos papéis socialmente instituídos sob o enfoque dos moldes totalizantes. De um modo geral, este estudo indica como a genealogia tingida de ironia, na perspectiva do narrador onisciente batalheano, é aplicada como instrumento-chave no processo da despetrificação do olhar do leitor no sentido de lhe aguçar a percepção para uma leitura plural.
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Mais especificamente, busca identificar as estratégias empregadas pela narradora de Batalha para ressignificar o passado contado a partir de sua contextualização no presente, desvelando as origens dos sistemas socioculturais que alicerçam as expectativas e os julgamentos na construção da alteridade, ao mesmo tempo em que opera um movimento de ex-centralização de polaridades, em consonância com a proposta da poética do pós-modernismo de Hutcheon (1991). A presente análise aponta como o traçado da arquitetura genealógica das personagens é empregado nesse sentido, já que, ao expor ao leitor os elementos que integram o construto das mesmas, delineando sua ocupação espaço-temporal na trama, promove-se a ruptura com binarismos que, historicamente, encerraram homens e mulheres em polos opostos. Identificamos, também, o uso da ironia, de modo especial o chiste, presença marcante na narrativa batalheana como instrumento de subversão da história contada. Por meio desse recurso, percebemos que uma trama, aparentemente despretensiosa, é transformada em instrumento de reflexão crítica quanto aos papéis socialmente instituídos sob o enfoque dos moldes totalizantes. De um modo geral, este estudo indica como a genealogia tingida de ironia, na perspectiva do narrador onisciente batalheano, é aplicada como instrumento-chave no processo da despetrificação do olhar do leitor no sentido de lhe aguçar a percepção para uma leitura plural.The present dissertation takes a theoretical-critical journey through the novel A vida invisível de Eurídice Gusmão, by Martha Batalha (2016), under the literary feminist criticism perspective, focused on the narrative multiplicity, which is embraced by the proposal of the contemporary Brazilian literature. More specifically, it seeks to identify the strategies employed by Batalha's storyteller to re-signify the past by contextualizing it in the present, thus disclosing the origins of the sociocultural systems that underlie expectations and judgments in the construction of otherness. At the same time, it operates the ex-centralization of polarities, in line with Hutcheon's (1991) proposal regarding the poetics of postmodernism. This analysis points out the genealogical architecture of the characters, used by the author to break with binary constructions, which have historically locked men and women in opposite poles. The character's space-time occupation in the plot is also analyzed, since it comes to be a consequence of such a genealogical structure. We have also identified the use of irony, especially the jokes, strongly present in Batalha's narrative as an instrument of subversion of the story told. By means irony, we perceive that an apparently unpretentious plot is transformed into an instrument of critical reflection regarding the socially instituted roles under the focus of totalizing molds. Generally speaking, this study indicates how the genealogy and the irony, from an omniscient narrator's perspective, are applied as a key instrument to reframe the reader's view to sharpen their perception towards a plural reading.CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível SuperiorporUniversidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)Programa de Pós-graduação em Letras: Estudos LiteráriosUFJFBrasilFaculdade de LetrasAttribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Brazilhttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/info:eu-repo/semantics/openAccessCNPQ::LINGUISTICA, LETRAS E ARTES::LETRASLiteratura brasileira contemporâneaGenealogiaCrítica feministaMartha batalhaA vida invisível de Eurídice GusmãoContemporary brazilian literatureFeminist criticismoIronyA narradora irônica como dispositivo de crítica feminista: movimentos excêntricos na poética da casa e da rua em A vida invisível de Eurídice Gusmão, de Martha Batalhainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisreponame:Repositório Institucional da UFJFinstname:Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)instacron:UFJFORIGINALfrancinenogueiraschmitt.pdffrancinenogueiraschmitt.pdfapplication/pdf1184507https://repositorio.ufjf.br/jspui/bitstream/ufjf/16294/1/francinenogueiraschmitt.pdfe7b22158f0c2702540ad5451eda33ea0MD51CC-LICENSElicense_rdflicense_rdfapplication/rdf+xml; charset=utf-8811https://repositorio.ufjf.br/jspui/bitstream/ufjf/16294/2/license_rdfe39d27027a6cc9cb039ad269a5db8e34MD52LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-81748https://repositorio.ufjf.br/jspui/bitstream/ufjf/16294/3/license.txt8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33MD53TEXTfrancinenogueiraschmitt.pdf.txtfrancinenogueiraschmitt.pdf.txtExtracted texttext/plain361907https://repositorio.ufjf.br/jspui/bitstream/ufjf/16294/4/francinenogueiraschmitt.pdf.txt5be2d956e3809a94499a6accfdcef33dMD54THUMBNAILfrancinenogueiraschmitt.pdf.jpgfrancinenogueiraschmitt.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1248https://repositorio.ufjf.br/jspui/bitstream/ufjf/16294/5/francinenogueiraschmitt.pdf.jpg4e20ef8bc0b82e7bfbc17acd36fb5482MD55ufjf/162942023-12-08 04:04:54.729oai:hermes.cpd.ufjf.br:ufjf/16294Tk9URTogUExBQ0UgWU9VUiBPV04gTElDRU5TRSBIRVJFClRoaXMgc2FtcGxlIGxpY2Vuc2UgaXMgcHJvdmlkZWQgZm9yIGluZm9ybWF0aW9uYWwgcHVycG9zZXMgb25seS4KCk5PTi1FWENMVVNJVkUgRElTVFJJQlVUSU9OIExJQ0VOU0UKCkJ5IHNpZ25pbmcgYW5kIHN1Ym1pdHRpbmcgdGhpcyBsaWNlbnNlLCB5b3UgKHRoZSBhdXRob3Iocykgb3IgY29weXJpZ2h0Cm93bmVyKSBncmFudHMgdG8gRFNwYWNlIFVuaXZlcnNpdHkgKERTVSkgdGhlIG5vbi1leGNsdXNpdmUgcmlnaHQgdG8gcmVwcm9kdWNlLAp0cmFuc2xhdGUgKGFzIGRlZmluZWQgYmVsb3cpLCBhbmQvb3IgZGlzdHJpYnV0ZSB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gKGluY2x1ZGluZwp0aGUgYWJzdHJhY3QpIHdvcmxkd2lkZSBpbiBwcmludCBhbmQgZWxlY3Ryb25pYyBmb3JtYXQgYW5kIGluIGFueSBtZWRpdW0sCmluY2x1ZGluZyBidXQgbm90IGxpbWl0ZWQgdG8gYXVkaW8gb3IgdmlkZW8uCgpZb3UgYWdyZWUgdGhhdCBEU1UgbWF5LCB3aXRob3V0IGNoYW5naW5nIHRoZSBjb250ZW50LCB0cmFuc2xhdGUgdGhlCnN1Ym1pc3Npb24gdG8gYW55IG1lZGl1bSBvciBmb3JtYXQgZm9yIHRoZSBwdXJwb3NlIG9mIHByZXNlcnZhdGlvbi4KCllvdSBhbHNvIGFncmVlIHRoYXQgRFNVIG1heSBrZWVwIG1vcmUgdGhhbiBvbmUgY29weSBvZiB0aGlzIHN1Ym1pc3Npb24gZm9yCnB1cnBvc2VzIG9mIHNlY3VyaXR5LCBiYWNrLXVwIGFuZCBwcmVzZXJ2YXRpb24uCgpZb3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgdGhlIHN1Ym1pc3Npb24gaXMgeW91ciBvcmlnaW5hbCB3b3JrLCBhbmQgdGhhdCB5b3UgaGF2ZQp0aGUgcmlnaHQgdG8gZ3JhbnQgdGhlIHJpZ2h0cyBjb250YWluZWQgaW4gdGhpcyBsaWNlbnNlLiBZb3UgYWxzbyByZXByZXNlbnQKdGhhdCB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gZG9lcyBub3QsIHRvIHRoZSBiZXN0IG9mIHlvdXIga25vd2xlZGdlLCBpbmZyaW5nZSB1cG9uCmFueW9uZSdzIGNvcHlyaWdodC4KCklmIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uIGNvbnRhaW5zIG1hdGVyaWFsIGZvciB3aGljaCB5b3UgZG8gbm90IGhvbGQgY29weXJpZ2h0LAp5b3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgeW91IGhhdmUgb2J0YWluZWQgdGhlIHVucmVzdHJpY3RlZCBwZXJtaXNzaW9uIG9mIHRoZQpjb3B5cmlnaHQgb3duZXIgdG8gZ3JhbnQgRFNVIHRoZSByaWdodHMgcmVxdWlyZWQgYnkgdGhpcyBsaWNlbnNlLCBhbmQgdGhhdApzdWNoIHRoaXJkLXBhcnR5IG93bmVkIG1hdGVyaWFsIGlzIGNsZWFybHkgaWRlbnRpZmllZCBhbmQgYWNrbm93bGVkZ2VkCndpdGhpbiB0aGUgdGV4dCBvciBjb250ZW50IG9mIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uLgoKSUYgVEhFIFNVQk1JU1NJT04gSVMgQkFTRUQgVVBPTiBXT1JLIFRIQVQgSEFTIEJFRU4gU1BPTlNPUkVEIE9SIFNVUFBPUlRFRApCWSBBTiBBR0VOQ1kgT1IgT1JHQU5JWkFUSU9OIE9USEVSIFRIQU4gRFNVLCBZT1UgUkVQUkVTRU5UIFRIQVQgWU9VIEhBVkUKRlVMRklMTEVEIEFOWSBSSUdIVCBPRiBSRVZJRVcgT1IgT1RIRVIgT0JMSUdBVElPTlMgUkVRVUlSRUQgQlkgU1VDSApDT05UUkFDVCBPUiBBR1JFRU1FTlQuCgpEU1Ugd2lsbCBjbGVhcmx5IGlkZW50aWZ5IHlvdXIgbmFtZShzKSBhcyB0aGUgYXV0aG9yKHMpIG9yIG93bmVyKHMpIG9mIHRoZQpzdWJtaXNzaW9uLCBhbmQgd2lsbCBub3QgbWFrZSBhbnkgYWx0ZXJhdGlvbiwgb3RoZXIgdGhhbiBhcyBhbGxvd2VkIGJ5IHRoaXMKbGljZW5zZSwgdG8geW91ciBzdWJtaXNzaW9uLgo=Repositório InstitucionalPUBhttps://repositorio.ufjf.br/oai/requestopendoar:2023-12-08T06:04:54Repositório Institucional da UFJF - Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)false
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