Fatores associados à não adesão ao tratamento farmacológico em idosos brasileiros: uma revisão sistemática

• Autor(a) principal: Silva, William Lucas Ferreira da
• Data de Publicação: 2021
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFJF
• Texto Completo: https://doi.org/10.34019/ufjf/di/2021/00179; https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/13403
• topic: CNPQ::CIENCIAS DA SAUDE::MEDICINA; Envelhecimento; Saúde do idoso; Atenção primária à saúde; Assistência farmacêutica; Adesão ao tratamento farmacológico; Aging; Health of the elderly; Primary health care; Pharmaceutical assistance; Adherence to pharmacological treatment

O envelhecimento populacional é um fato marcante e crescente na maioria das sociedades e se caracteriza principalmente como uma alteração no perfil de morbimortalidade e mudança na estrutura etária de uma determinada população, com o aumento na proporção de pessoas idosas. No Brasil, o processo de envelhecimento ocorre de forma rápida e impõe desafios para as políticas públicas e os serviços de saúde. Diante de alterações intrínsecas ao envelhecimento dos indivíduos e as diversas modificações da farmacocinética e farmacodinâmica do medicamento, é imprescindível o processo acurado para a tomada de decisão relacionada à utilização de medicamentos de forma a evitar que os problemas associados sejam mais frequentes que os benefícios terapêuticos. A não adesão ao tratamento farmacológico é considerada um grave problema de saúde pública e de natureza multifatorial, visto que envolve o sistema de saúde, as políticas de saúde, a família, a comunidade, os profissionais de saúde e os pacientes. Tem como desdobramento impactos negativos na saúde individual e coletiva, haja vista o descontrole de doenças e agravos em saúde, e o impedimento do cumprimento de uma etapa essencial para o sucesso da farmacoterapia proposta. A atenção primária à saúde em decorrência dos atributos que a permeiam, oferta alto potencial para o gerenciamento adequado do tratamento farmacológico e para o fomento de ações que entendam as reais necessidades dos indivíduos, respeitando aspectos geracionais, culturais e sociais. Configura-se assim como um nível privilegiado de observação das questões envolvidas na não adesão. Diante desse contexto, o objetivo do estudo foi identificar os fatores associados à não adesão ao tratamento farmacológico em idosos brasileiros no âmbito da atenção primária à saúde. Trata-se de uma revisão sistemática da literatura com metodologia recomendada pela Colaboração Cocrhane. O protocolo dessa revisão foi registrado na PROSPERO e foram analisados artigos publicados nos idiomas português, inglês e espanhol nas bases de dados SciELO, MEDLINE (via PubMed), LILACS, Embase e Web of Science no período de janeiro de 2010 a junho de 2020. A seleção dos estudos foi realizada de maneira independente por dois revisores, por meio do aplicativo de seleção Rayyan QCRI. Após a aplicação dos critérios de elegibilidade, foram incluídos nove estudos na revisão sistemática que revelam alta prevalência da não adesão à farmacoterapia, sendo a Escala de Morisky-Green (4-itens) o principal método de aferição. Os resultados apontam as dificuldades de acesso aos medicamentos, as multimorbidades, a polifarmácia, o uso de medicamentos potencialmente inapropriados para idosos, o grau de confiança no profissional de saúde e na prescrição, as crenças, a autopercepção de saúde negativa, a incapacidade funcional e as condições socioeconômicas como os principais fatores associados à não adesão à farmacoterapia na atenção primária à saúde. A literatura reconhece a não adesão ao tratamento farmacológico como um problema de saúde pública muito frequente na população idosa brasileira assistida na atenção primária à saúde. Os achados revelam a complexidade das interações entre os diversos fatores associados à não adesão e a potencialidade de consequências negativas para o controle das condições de saúde. Destacase que grande parte destes fatores são passíveis de intervenção nesse nível de atenção à saúde em prol de estratégias para o uso racional de medicamentos e para o envelhecimento saudável. É eminente que este estudo pode contribuir para o direcionamento de novas estratégias e avanços do cuidado farmacêutico como modelo de prática efetivo para a atenção à saúde do idoso na sociedade brasileira.