O poema como morada: exílio em Ferreira Gullar
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Data de Publicação: | 2017 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFJF |
Texto Completo: | https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/6267 |
Resumo: | O ser humano precisa ter um lugar para morar. Um lugar onde se sinta protegido, que foi também a casa de seus antepassados e pode ser a de seus descendentes, um lugar onde ele esteja sempre e que, de alguma maneira, o acompanhe em seus deslocamentos. Morar diz respeito a sobreviver, a ter um significado para o outro e vice-versa, a criar uma identidade. A morada humana é construída no dia a dia e dia após dia, em um trabalho de reinvenção e readaptação. No caso de exilados, essa construção sofre uma interrupção, às vezes abrupta, e o trabalho deve ser reiniciado na terra de asilo. Mas, para todos, a criação da morada é um trabalho difícil, pois a morada tem faces contraditórias, está exposta às dificuldades da vida e é sempre instável. Devido às particularidades do exílio, essa construção pode se tornar ainda mais penosa. Na literatura de exílio, observa-se que o autor, impossibilitado de ter onde morar, constrói no texto sua morada. No texto literário, o exilado tenta rejuntar as partes de seu eu dilacerado. Como resultado, o poema pode se tornar essa morada como uma carga de estranhamento, ambiguidades, insegurança e sofrimento. Mas o poema também é o local de recuperação da identidade, especialmente da identidade linguística, da vivência do luto e da sobrevivência. Nesta tese, são analisados poemas que podem indicar que se tornaram a morada do poeta exilado. De maneira diferente, cada um vive seu exílio. Assim são os poetas e os poemas. Mas percebe-se que há cinco características que se repetem nesses poemas de exílio: o exilado está fora de casa, tem consciência do exílio, é um ser sozinho, deseja um paraíso e passou por uma experiência de exílio anterior. A presença dessas características em diversos poemas aqui é uma pequena amostra da tradição ocidental e brasileira de poesia de exílio. Herdeiro dessa tradição, Ferreira Gullar cria poemas que reinventam sua cidade natal, fazem reflexões a respeito de seu exílio por razões políticas e demonstram certo ensimesmamento. Supõe-se que esses são três tipos de exílio existentes na poesia desse autor. |
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Morar diz respeito a sobreviver, a ter um significado para o outro e vice-versa, a criar uma identidade. A morada humana é construída no dia a dia e dia após dia, em um trabalho de reinvenção e readaptação. No caso de exilados, essa construção sofre uma interrupção, às vezes abrupta, e o trabalho deve ser reiniciado na terra de asilo. Mas, para todos, a criação da morada é um trabalho difícil, pois a morada tem faces contraditórias, está exposta às dificuldades da vida e é sempre instável. Devido às particularidades do exílio, essa construção pode se tornar ainda mais penosa. Na literatura de exílio, observa-se que o autor, impossibilitado de ter onde morar, constrói no texto sua morada. No texto literário, o exilado tenta rejuntar as partes de seu eu dilacerado. Como resultado, o poema pode se tornar essa morada como uma carga de estranhamento, ambiguidades, insegurança e sofrimento. Mas o poema também é o local de recuperação da identidade, especialmente da identidade linguística, da vivência do luto e da sobrevivência. Nesta tese, são analisados poemas que podem indicar que se tornaram a morada do poeta exilado. De maneira diferente, cada um vive seu exílio. Assim são os poetas e os poemas. Mas percebe-se que há cinco características que se repetem nesses poemas de exílio: o exilado está fora de casa, tem consciência do exílio, é um ser sozinho, deseja um paraíso e passou por uma experiência de exílio anterior. A presença dessas características em diversos poemas aqui é uma pequena amostra da tradição ocidental e brasileira de poesia de exílio. Herdeiro dessa tradição, Ferreira Gullar cria poemas que reinventam sua cidade natal, fazem reflexões a respeito de seu exílio por razões políticas e demonstram certo ensimesmamento. Supõe-se que esses são três tipos de exílio existentes na poesia desse autor.The human being must have a place to live. A place where he feels protected and which was also the home of his ancestors and may be that of his descendants, a place where he is always and that somehow accompanies him in his movements. To live is to survive, to have meaning for the other and vice versa, to create an identity. The human dwelling is built daily and day after day, in a work of reinvention and readjustment. In the case of exiles, this construction is interrupted, sometimes abruptly, and the work must be restarted in the land of asylum. But for all the people, the creation of the abode is a difficult task, because it has contradictory faces, is exposed to the difficulties of life and is always unstable. Due to the peculiarities of the exile, such construction can become even more painful. In literature of exile, it is observed that the author, unable to have where to live, constructs in the text his address. In the literary text, the exile attempts to rejoin the parts of his torn-out self. As a result, the poem can become this dwelling with a burden of strangeness, ambiguity, insecurity, and suffering. But the poem is also the place of recovery of identity, especially of linguistic identity, the mourning and survival experiences. In this thesis, poems are analyzed that may indicate that they have become the home of the exiled poet. In a different way, each one lives his exile. So are poets and poems. But five characteristics can be seeing in these poems and we noted that they are repeated: the exile is away from home, aware of the exile, is a being alone, wants a paradise and went through an experience of former exile. The presence of these characteristics in several poems is a small sample of the western and Brazilian tradition of exile poetry. Heir to this tradition, Ferreira Gullar creates poems that reinvent his hometown, make reflections about his exile for political reasons and show certain self-absorption. It is supposed that these are three types of exile existing in the poetry of this author.PROQUALI (UFJF)porPontifícia Universidade Católica de Minas Gerais-PUC-MGBrasil-CNPQ::LINGUISTICA, LETRAS E ARTES::LETRASExílioMoradaLínguaFerreira GullarPoesia brasileiraExileDwellingLanguageFerreira GullarBrazilian poetryO poema como morada: exílio em Ferreira Gullarinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFJFinstname:Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)instacron:UFJFTEXTmarceliaguimaraespaiva.pdf.txtmarceliaguimaraespaiva.pdf.txtExtracted texttext/plain444739https://repositorio.ufjf.br/jspui/bitstream/ufjf/6267/3/marceliaguimaraespaiva.pdf.txta756a2559a9937b06759c414d9e92b8aMD53THUMBNAILmarceliaguimaraespaiva.pdf.jpgmarceliaguimaraespaiva.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1147https://repositorio.ufjf.br/jspui/bitstream/ufjf/6267/4/marceliaguimaraespaiva.pdf.jpgb8582e1fe35fb64e3857ff9db5b0f920MD54ORIGINALmarceliaguimaraespaiva.pdfmarceliaguimaraespaiva.pdfapplication/pdf1156482https://repositorio.ufjf.br/jspui/bitstream/ufjf/6267/1/marceliaguimaraespaiva.pdfd7ac4eb6617e15938bbef1a1b8d9c681MD51LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-82197https://repositorio.ufjf.br/jspui/bitstream/ufjf/6267/2/license.txt000e18a5aee6ca21bb5811ddf55fc37bMD52ufjf/62672019-06-16 08:52:18.712oai:hermes.cpd.ufjf.br:ufjf/6267TElDRU7vv71BIERFIERJU1RSSUJVSe+/ve+/vU8gTu+/vU8tRVhDTFVTSVZBCgpDb20gYSBhcHJlc2VudGHvv73vv71vIGRlc3RhIGxpY2Vu77+9YSwgdm9j77+9IChvIGF1dG9yIChlcykgb3UgbyB0aXR1bGFyIGRvcyBkaXJlaXRvcyBkZSBhdXRvcikgY29uY2VkZSBhbyBSZXBvc2l077+9cmlvIApJbnN0aXR1Y2lvbmFsIGRhIFVuaXZlcnNpZGFkZSBGZWRlcmFsIGRlIEp1aXogZGUgRm9yYSBvIGRpcmVpdG8gbu+/vW8tZXhjbHVzaXZvIGRlIHJlcHJvZHV6aXIsIHRyYWR1emlyIChjb25mb3JtZSBkZWZpbmlkbyBhYmFpeG8pLCBlL291IGRpc3RyaWJ1aXIgYSBzdWEgcHVibGljYe+/ve+/vW8gKGluY2x1aW5kbyBvIHJlc3VtbykgcG9yIHRvZG8gbyBtdW5kbyBubyBmb3JtYXRvIGltcHJlc3NvIGUgZWxldHLvv71uaWNvIGUgZW0gcXVhbHF1ZXIgbWVpbywgaW5jbHVpbmRvIG9zIGZvcm1hdG9zIO+/vXVkaW8gb3Ugdu+/vWRlby4KClZvY++/vSBjb25jb3JkYSBxdWUgbyBSZXBvc2l077+9cmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgZGEgVW5pdmVyc2lkYWRlIEZlZGVyYWwgZGUgSnVpeiBkZSBGb3JhIHBvZGUsIHNlbSBhbHRlcmFyIG8gY29udGXvv71kbywgdHJhbnNwb3IgYSBzdWEgcHVibGljYe+/ve+/vW8gcGFyYSBxdWFscXVlciBtZWlvIG91IGZvcm1hdG8gcGFyYSBmaW5zIGRlIHByZXNlcnZh77+977+9by4gVm9j77+9IHRhbWLvv71tIGNvbmNvcmRhIHF1ZSBvIFJlcG9zaXTvv71yaW8gSW5zdGl0dWNpb25hbCBkYSBVbml2ZXJzaWRhZGUgRmVkZXJhbCBkZSBKdWl6IGRlIEZvcmEgcG9kZSBtYW50ZXIgbWFpcyBkZSB1bWEgY++/vXBpYSBkZSBzdWEgcHVibGljYe+/ve+/vW8gcGFyYSBmaW5zIGRlIHNlZ3VyYW7vv71hLCBiYWNrLXVwIGUgcHJlc2VydmHvv73vv71vLiBWb2Pvv70gZGVjbGFyYSBxdWUgYSBzdWEgcHVibGljYe+/ve+/vW8g77+9IG9yaWdpbmFsIGUgcXVlIHZvY++/vSB0ZW0gbyBwb2RlciBkZSBjb25jZWRlciBvcyBkaXJlaXRvcyBjb250aWRvcyBuZXN0YSBsaWNlbu+/vWEuIFZvY++/vSB0YW1i77+9bSBkZWNsYXJhIHF1ZSBvIGRlcO+/vXNpdG8gZGEgc3VhIHB1YmxpY2Hvv73vv71vIG7vv71vLCBxdWUgc2VqYSBkZSBzZXUgY29uaGVjaW1lbnRvLCBpbmZyaW5nZSBkaXJlaXRvcyBhdXRvcmFpcyBkZSBuaW5nde+/vW0uCgpDYXNvIGEgc3VhIHB1YmxpY2Hvv73vv71vIGNvbnRlbmhhIG1hdGVyaWFsIHF1ZSB2b2Pvv70gbu+/vW8gcG9zc3VpIGEgdGl0dWxhcmlkYWRlIGRvcyBkaXJlaXRvcyBhdXRvcmFpcywgdm9j77+9IGRlY2xhcmEgcXVlIG9idGV2ZSBhIHBlcm1pc3Pvv71vIGlycmVzdHJpdGEgZG8gZGV0ZW50b3IgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzIHBhcmEgY29uY2VkZXIgYW8gUmVwb3NpdO+/vXJpbyBJbnN0aXR1Y2lvbmFsIGRhIFVuaXZlcnNpZGFkZSBGZWRlcmFsIGRlIEp1aXogZGUgRm9yYSBvcyBkaXJlaXRvcyBhcHJlc2VudGFkb3MgbmVzdGEgbGljZW7vv71hLCBlIHF1ZSBlc3NlIG1hdGVyaWFsIGRlIHByb3ByaWVkYWRlIGRlIHRlcmNlaXJvcyBlc3Tvv70gY2xhcmFtZW50ZSBpZGVudGlmaWNhZG8gZSByZWNvbmhlY2lkbyBubyB0ZXh0byBvdSBubyBjb250Ze+/vWRvIGRhIHB1YmxpY2Hvv73vv71vIG9yYSBkZXBvc2l0YWRhLgoKQ0FTTyBBIFBVQkxJQ0Hvv73vv71PIE9SQSBERVBPU0lUQURBIFRFTkhBIFNJRE8gUkVTVUxUQURPIERFIFVNIFBBVFJPQ++/vU5JTyBPVSBBUE9JTyBERSBVTUEgQUfvv71OQ0lBIERFIEZPTUVOVE8gT1UgT1VUUk8gT1JHQU5JU01PLCBWT0Pvv70gREVDTEFSQSBRVUUgUkVTUEVJVE9VIFRPRE9TIEUgUVVBSVNRVUVSIERJUkVJVE9TIERFIFJFVklT77+9TyBDT01PIFRBTULvv71NIEFTIERFTUFJUyBPQlJJR0Hvv73vv71FUyBFWElHSURBUyBQT1IgQ09OVFJBVE8gT1UgQUNPUkRPLgoKTyBSZXBvc2l077+9cmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgZGEgVW5pdmVyc2lkYWRlIEZlZGVyYWwgZGUgSnVpeiBkZSBGb3JhIHNlIGNvbXByb21ldGUgYSBpZGVudGlmaWNhciBjbGFyYW1lbnRlIG8gc2V1IG5vbWUgKHMpIG91IG8ocykgbm9tZShzKSBkbyhzKSBkZXRlbnRvcihlcykgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzIGRhIHB1YmxpY2Hvv73vv71vLCBlIG7vv71vIGZhcu+/vSBxdWFscXVlciBhbHRlcmHvv73vv71vLCBhbO+/vW0gZGFxdWVsYXMgY29uY2VkaWRhcyBwb3IgZXN0YSBsaWNlbu+/vWEuCg==Repositório InstitucionalPUBhttps://repositorio.ufjf.br/oai/requestopendoar:2019-06-16T11:52:18Repositório Institucional da UFJF - Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)false |
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