A imposição da dádiva: unidade e distinção no kula melanésio
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2014 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFJF |
Texto Completo: | https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/438 |
Resumo: | As relações de reciprocidade são relações que comumente são caracterizadas por consistirem de vínculos onde as partes envolvidas formam uma unidade simétrica, ou seja, onde não há qualquer tipo de imposição distintiva na relação. Foi justamente sob esse signo que Mauss desenvolveu sua teoria da dádiva, tornando-se, inclusive, a referência mais importante no tema. Seu esforço foi o de apontar o caráter pacífico e simétrico que se estabelece através desse tipo de relação. Posto isso, pode-se definir o objetivo dessa Dissertação como a tentativa de contestar essa definição vigente da reciprocidade, que a considera como um tipo de relação formador de vínculos meramente pacíficos, cujo baluarte na reflexão sociológica é o pensamento de Marcel Mauss. Almeja-se realizar essa contestação a partir da análise do Kula melanésio, exemplo célebre de instituição baseada em vínculos de reciprocidade, a partir da perspectiva interacionista, com base, sobretudo, na reflexão de Georg Simmel. Como se sabe, oKula pode ser definido genericamente como um sistema ampliado de trocas de dádivas, onde indivíduos pertencentes às diversas comunidades melanésias permutam objetos cerimoniais específicos (vaygu’a) com o intuito de formarem alianças políticas estratégicas entre si. Mas essas transações kula não envolvem apenas cooperação entre os diversos parceiros, mas também uma áspera disputa. Sendo assim, na medida em que o Kula representa uma encarnação do princípio geral das relações de reciprocidade, então a análise desse exemplo poderá nos evidenciar que não há nenhum modelo puro de cooperação, onde as partes envolvidas colaborem de forma absolutamente simétrica, de tal forma que em qualquer relação de reciprocidade sempre será possível destacar elementos de imposição entre as partes, o que significa que mesmo os laços de reciprocidade envolvem certa dose de distinção e imposição individual. Logo, esse estudo pode ser caracterizado como uma pesquisa qualitativa baseada em fontes secundárias que visa reinterpretar a descrição etnográfica do Kula melanésio, ou seja, reconstruir o contexto social descrito por Malinowski, com base na teoria interacionista, oferecendo também uma nova forma de conceber as relações de reciprocidade. |
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Posto isso, pode-se definir o objetivo dessa Dissertação como a tentativa de contestar essa definição vigente da reciprocidade, que a considera como um tipo de relação formador de vínculos meramente pacíficos, cujo baluarte na reflexão sociológica é o pensamento de Marcel Mauss. Almeja-se realizar essa contestação a partir da análise do Kula melanésio, exemplo célebre de instituição baseada em vínculos de reciprocidade, a partir da perspectiva interacionista, com base, sobretudo, na reflexão de Georg Simmel. Como se sabe, oKula pode ser definido genericamente como um sistema ampliado de trocas de dádivas, onde indivíduos pertencentes às diversas comunidades melanésias permutam objetos cerimoniais específicos (vaygu’a) com o intuito de formarem alianças políticas estratégicas entre si. Mas essas transações kula não envolvem apenas cooperação entre os diversos parceiros, mas também uma áspera disputa. Sendo assim, na medida em que o Kula representa uma encarnação do princípio geral das relações de reciprocidade, então a análise desse exemplo poderá nos evidenciar que não há nenhum modelo puro de cooperação, onde as partes envolvidas colaborem de forma absolutamente simétrica, de tal forma que em qualquer relação de reciprocidade sempre será possível destacar elementos de imposição entre as partes, o que significa que mesmo os laços de reciprocidade envolvem certa dose de distinção e imposição individual. Logo, esse estudo pode ser caracterizado como uma pesquisa qualitativa baseada em fontes secundárias que visa reinterpretar a descrição etnográfica do Kula melanésio, ou seja, reconstruir o contexto social descrito por Malinowski, com base na teoria interacionista, oferecendo também uma nova forma de conceber as relações de reciprocidade.The reciprocal relationships are relationships that are generally characterized to consist of bonds where parties form a symmetrical unit, i. e., where there is any kind of distinctive imposition in the relationship. It was precisely under this sign, that Mauss, the most important theorist of the theme, developed his theory of giving. His effort was to point the peaceful and symmetrical character that is established through this type of relationship. Thus, the goal of this Dissertation is an attempt to challenge this prevailing definition of reciprocity, which considers it as a kind of relationship forming purely peaceful bonds, whose stronghold in sociological thought is the thought of Marcel Mauss. The intention is to accomplish this challenge by analyzing the Melanesian Kula, a celebrated example of institution based on reciprocal links, through the interactionist perspective, based mainly on the reflection of Georg Simmel. As you know, the Kula can be generically defined as an expanded system of exchanges of gifts, where individuals belonging to various Melanesian communities exchange specific ceremonial objects (vaygu'a) in order to form strategic alliances with each other policies. But these kula transactions not only involve cooperation between different partners, but also a harsh dispute. Thus, to the extent that the Kula is an embodiment of the general principle of reciprocity relations, so the analysis in this example will show that there are no pure cooperation model, where the parties involved cooperate perfectly symmetrical, so that in any relationship of reciprocity should be possible to highlight elements of imposition between the parties, which means that even the bonds of reciprocity involve a certain amount of distinction and individual taxation. Therefore, this study can be characterized as a qualitative research based on secondary sources that aims to reinterpret the ethnographic description of Melanesian Kula, i. e., reconstruct the social context described by Malinowski, based on interactive theory, also offering a new way of conceiving reciprocal relationships.CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível SuperiorporUniversidade Federal de Juiz de ForaPrograma de Pós-graduação em Ciências SociaisUFJFBrasilICH – Instituto de Ciências HumanasCNPQ::CIENCIAS HUMANAS::ANTROPOLOGIAGeorg SimmelKulaDádivarelações de poderA imposição da dádiva: unidade e distinção no kula melanésioinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFJFinstname:Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)instacron:UFJFTEXTrobsonrochadesouzajunior.pdf.txtrobsonrochadesouzajunior.pdf.txtExtracted texttext/plain811651https://repositorio.ufjf.br/jspui/bitstream/ufjf/438/3/robsonrochadesouzajunior.pdf.txt29d1780b69228e7062d656d05746bfa5MD53THUMBNAILrobsonrochadesouzajunior.pdf.jpgrobsonrochadesouzajunior.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1184https://repositorio.ufjf.br/jspui/bitstream/ufjf/438/4/robsonrochadesouzajunior.pdf.jpgf4908c60edd058d8dadd93224718dc6eMD54ORIGINALrobsonrochadesouzajunior.pdfrobsonrochadesouzajunior.pdfapplication/pdf1599807https://repositorio.ufjf.br/jspui/bitstream/ufjf/438/1/robsonrochadesouzajunior.pdfee54fd6895b15ef0b8f2f59c416e8a7fMD51LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-81866https://repositorio.ufjf.br/jspui/bitstream/ufjf/438/2/license.txt43cd690d6a359e86c1fe3d5b7cba0c9bMD52ufjf/4382019-11-07 11:13:23.935oai:hermes.cpd.ufjf.br:ufjf/438TElDRU7Dh0EgREUgRElTVFJJQlVJw4fDg08gTsODTy1FWENMVVNJVkEKCkNvbSBhIGFwcmVzZW50YcOnw6NvIGRlc3RhIGxpY2Vuw6dhLCB2b2PDqiAobyBhdXRvciAoZXMpIG91IG8gdGl0dWxhciBkb3MgZGlyZWl0b3MgZGUgYXV0b3IpIGNvbmNlZGUgYW8gUmVwb3NpdMOzcmlvIApJbnN0aXR1Y2lvbmFsIG8gZGlyZWl0byBuw6NvLWV4Y2x1c2l2byBkZSByZXByb2R1emlyLCAgdHJhZHV6aXIgKGNvbmZvcm1lIGRlZmluaWRvIGFiYWl4byksIGUvb3UgZGlzdHJpYnVpciBhIApzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIChpbmNsdWluZG8gbyByZXN1bW8pIHBvciB0b2RvIG8gbXVuZG8gbm8gZm9ybWF0byBpbXByZXNzbyBlIGVsZXRyw7RuaWNvIGUgZW0gcXVhbHF1ZXIgbWVpbywgaW5jbHVpbmRvIG9zIApmb3JtYXRvcyDDoXVkaW8gb3UgdsOtZGVvLgoKVm9jw6ogY29uY29yZGEgcXVlIG8gRGVwb3NpdGEgcG9kZSwgc2VtIGFsdGVyYXIgbyBjb250ZcO6ZG8sIHRyYW5zcG9yIGEgc3VhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBwYXJhIHF1YWxxdWVyIG1laW8gb3UgZm9ybWF0byAKcGFyYSBmaW5zIGRlIHByZXNlcnZhw6fDo28uCgpWb2PDqiB0YW1iw6ltIGNvbmNvcmRhIHF1ZSBvIERlcG9zaXRhIHBvZGUgbWFudGVyIG1haXMgZGUgdW1hIGPDs3BpYSBkZSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIHBhcmEgZmlucyBkZSBzZWd1cmFuw6dhLCBiYWNrLXVwIAplIHByZXNlcnZhw6fDo28uCgpWb2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBhIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gw6kgb3JpZ2luYWwgZSBxdWUgdm9jw6ogdGVtIG8gcG9kZXIgZGUgY29uY2VkZXIgb3MgZGlyZWl0b3MgY29udGlkb3MgbmVzdGEgbGljZW7Dp2EuIApWb2PDqiB0YW1iw6ltIGRlY2xhcmEgcXVlIG8gZGVww7NzaXRvIGRhIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gbsOjbywgcXVlIHNlamEgZGUgc2V1IGNvbmhlY2ltZW50bywgaW5mcmluZ2UgZGlyZWl0b3MgYXV0b3JhaXMgCmRlIG5pbmd1w6ltLgoKQ2FzbyBhIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gY29udGVuaGEgbWF0ZXJpYWwgcXVlIHZvY8OqIG7Do28gcG9zc3VpIGEgdGl0dWxhcmlkYWRlIGRvcyBkaXJlaXRvcyBhdXRvcmFpcywgdm9jw6ogZGVjbGFyYSBxdWUgCm9idGV2ZSBhIHBlcm1pc3PDo28gaXJyZXN0cml0YSBkbyBkZXRlbnRvciBkb3MgZGlyZWl0b3MgYXV0b3JhaXMgcGFyYSBjb25jZWRlciBhbyBEZXBvc2l0YSBvcyBkaXJlaXRvcyBhcHJlc2VudGFkb3MgCm5lc3RhIGxpY2Vuw6dhLCBlIHF1ZSBlc3NlIG1hdGVyaWFsIGRlIHByb3ByaWVkYWRlIGRlIHRlcmNlaXJvcyBlc3TDoSBjbGFyYW1lbnRlIGlkZW50aWZpY2FkbyBlIHJlY29uaGVjaWRvIG5vIHRleHRvIApvdSBubyBjb250ZcO6ZG8gZGEgcHVibGljYcOnw6NvIG9yYSBkZXBvc2l0YWRhLgoKQ0FTTyBBIFBVQkxJQ0HDh8ODTyBPUkEgREVQT1NJVEFEQSBURU5IQSBTSURPIFJFU1VMVEFETyBERSBVTSBQQVRST0PDjU5JTyBPVSBBUE9JTyBERSBVTUEgQUfDik5DSUEgREUgRk9NRU5UTyBPVSBPVVRSTyAKT1JHQU5JU01PLCBWT0PDiiBERUNMQVJBIFFVRSBSRVNQRUlUT1UgVE9ET1MgRSBRVUFJU1FVRVIgRElSRUlUT1MgREUgUkVWSVPDg08gQ09NTyBUQU1Cw4lNIEFTIERFTUFJUyBPQlJJR0HDh8OVRVMgCkVYSUdJREFTIFBPUiBDT05UUkFUTyBPVSBBQ09SRE8uCgpPIERlcG9zaXRhIHNlIGNvbXByb21ldGUgYSBpZGVudGlmaWNhciBjbGFyYW1lbnRlIG8gc2V1IG5vbWUgKHMpIG91IG8ocykgbm9tZShzKSBkbyhzKSBkZXRlbnRvcihlcykgZG9zIGRpcmVpdG9zIAphdXRvcmFpcyBkYSBwdWJsaWNhw6fDo28sIGUgbsOjbyBmYXLDoSBxdWFscXVlciBhbHRlcmHDp8OjbywgYWzDqW0gZGFxdWVsYXMgY29uY2VkaWRhcyBwb3IgZXN0YSBsaWNlbsOnYS4KRepositório InstitucionalPUBhttps://repositorio.ufjf.br/oai/requestopendoar:2019-11-07T13:13:23Repositório Institucional da UFJF - Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)false |
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