Aspectos relevantes do possessivo no processo de aquisição do português brasileiro

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Faria, Flávia Carvalho
Data de Publicação: 2012
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFJF
Texto Completo: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/1682
Resumo: A tese investiga os aspectos do pronome possessivo relevantes para sua aquisição no português brasileiro (PB) e se desenvolve dentro de uma perspectiva psicolinguística da aqui-sição da língua materna. Assume-se, de acordo com o Programa Minimalista (Chomsky, 1995 e obras posteriores) uma gramática universal (GU) inata correspondente ao estado inicial da aquisição da linguagem e a concepção de uma língua I (interna) composta por um sistema computacional e um léxico. Assume-se, também, modelos de processamento que explique como a criança adquire esse léxico: o Bootstrapping Fonológico (Morgan & Demuth, 1996; Christophe et al., 1997), que considera que, antes de adquirir um léxico, a criança faz uso de habilidades perceptuais para segmentar informações do input em unidades linguísticas, e o Bootstrapping Sintático (Gleitman, 1990; 1994), segundo o qual a criança usa dados da estru-tura sintática para deduzir o significado das palavras. Dessa forma, pode-se dizer que a crian-ça em processo de aquisição do PB identifica o possessivo através de uma análise perceptual do fluxo da fala e, uma vez disponível no léxico, o sistema computacional opera sobre seus traços formais, relacionando-o numa estrutura hierárquica correspondente a uma expressão linguística. Tais itens são identificados na interface fônica através de um tratamento estatístico da fala recebida no input e seus traços semânticos/formais são adquiridos via processamento na interface semântica. O possessivo, apesar de se tratar de um elemento de comportamento complexo, surge relativamente cedo na produção inicial da criança, se comparado a outros itens determinantes. Em PB, tal elemento apresenta variação semântica de acordo com as pos-sibilidades de posicionamento na sentença, o que motivou uma proposta de divisão categorial dos pronomes possessivos em dois tipos: pronomes possessivos antepostos ao nome são de-terminantes e, portanto, considerados itens funcionais, enquanto os pospostos são adjetivos e, nesta tese, considerados itens semifuncionais. A fim de verificar a importância, para a aquisi-ção do pronome possessivo, de aspectos (i) fonológicos, como sua forma fônica, (ii) semânti-cos, como a relevância do traço de posse e (iii) sintáticos, como posicionamento na sentença, foram realizados três experimentos cujos resultados sugerem que a criança aos 11 meses de idade é sensível à forma fônica do pronome possessivo e, aos 3 anos e meio, é sensível ao seu traço de posse, assim como ao posicionamento destequando anteposto em SN adjetivado.
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Assume-se, de acordo com o Programa Minimalista (Chomsky, 1995 e obras posteriores) uma gramática universal (GU) inata correspondente ao estado inicial da aquisição da linguagem e a concepção de uma língua I (interna) composta por um sistema computacional e um léxico. Assume-se, também, modelos de processamento que explique como a criança adquire esse léxico: o Bootstrapping Fonológico (Morgan & Demuth, 1996; Christophe et al., 1997), que considera que, antes de adquirir um léxico, a criança faz uso de habilidades perceptuais para segmentar informações do input em unidades linguísticas, e o Bootstrapping Sintático (Gleitman, 1990; 1994), segundo o qual a criança usa dados da estru-tura sintática para deduzir o significado das palavras. Dessa forma, pode-se dizer que a crian-ça em processo de aquisição do PB identifica o possessivo através de uma análise perceptual do fluxo da fala e, uma vez disponível no léxico, o sistema computacional opera sobre seus traços formais, relacionando-o numa estrutura hierárquica correspondente a uma expressão linguística. Tais itens são identificados na interface fônica através de um tratamento estatístico da fala recebida no input e seus traços semânticos/formais são adquiridos via processamento na interface semântica. O possessivo, apesar de se tratar de um elemento de comportamento complexo, surge relativamente cedo na produção inicial da criança, se comparado a outros itens determinantes. Em PB, tal elemento apresenta variação semântica de acordo com as pos-sibilidades de posicionamento na sentença, o que motivou uma proposta de divisão categorial dos pronomes possessivos em dois tipos: pronomes possessivos antepostos ao nome são de-terminantes e, portanto, considerados itens funcionais, enquanto os pospostos são adjetivos e, nesta tese, considerados itens semifuncionais. A fim de verificar a importância, para a aquisi-ção do pronome possessivo, de aspectos (i) fonológicos, como sua forma fônica, (ii) semânti-cos, como a relevância do traço de posse e (iii) sintáticos, como posicionamento na sentença, foram realizados três experimentos cujos resultados sugerem que a criança aos 11 meses de idade é sensível à forma fônica do pronome possessivo e, aos 3 anos e meio, é sensível ao seu traço de posse, assim como ao posicionamento destequando anteposto em SN adjetivado.This thesis investigates relevant aspects of the acquisition of the possessive pronounsby Brazilian children in a psycholinguistic view of language acquisition. According to Minimalism Program (Chomsky, 1995 and subsequent works) an innate Universal Gram-mar (UG) corresponding to the initial state of language acquisition and the conception of I-language (internal) - that consists of a lexicon and a computational system – are assumed. We also assume Phonological Bootstrapping Model (Morgan & Demuth, 1996; Christophe et al., 1997), that explains how children acquire the lexicon using perceptual abilities to segment the input data into linguistic units, and Syntactic Bootstrapping Model (Gleitman, 1990; 1994). According to this model, children use information from syntactic structure to deduce the meaning of the words. We hypothesized that children acquiring BP identify the possessive pronouns through perceptual analysis of speech and, once they are available in the lexicon, the computational system operates on their formal features correlating them into a hierarchical structure as a linguistic expression. The possessives are identified in the phonologi-cal interface by a statistical analysis of speech and the semantic features are acquired via pro-cessing in the semantic interface. Despite the possessive behavior being considered complex, this pronouns appear before other functional items in children early production. Because pos-sessive pronoun semantic value changes according to its position in a sentence, we propose a categorical division of it into two types: functional and semi-functional items. Three experi-ments were conducted in order to verify phonological, semantic and syntactic aspects of pos-sessive pronouns learning. The results suggest that children at 11 months are sensitive to their phonetic forms, at 3 ½ years are sensitive to their semantic possession features as well as to their syntactic position in DP.porUniversidade Federal de Juiz de ForaPrograma de Pós-graduação em Letras: LinguísticaUFJFBrasilFaculdade de LetrasCNPQ::LINGUISTICA, LETRAS E ARTES::LINGUISTICAPronome possessivoAquisição da linguagemCategoria semifuncionalPossessive pronounLanguage acquisitionSemi-functional categoryAspectos relevantes do possessivo no processo de aquisição do português brasileiroinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFJFinstname:Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)instacron:UFJFTEXTflaviacarvalhofaria.pdf.txtflaviacarvalhofaria.pdf.txtExtracted texttext/plain216139https://repositorio.ufjf.br/jspui/bitstream/ufjf/1682/3/flaviacarvalhofaria.pdf.txteae683ac05ee21c91f54ed7ac36f3554MD53THUMBNAILflaviacarvalhofaria.pdf.jpgflaviacarvalhofaria.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1157https://repositorio.ufjf.br/jspui/bitstream/ufjf/1682/4/flaviacarvalhofaria.pdf.jpga5eaf9f2706c677eb1c06dfbe845cae5MD54ORIGINALflaviacarvalhofaria.pdfflaviacarvalhofaria.pdfapplication/pdf1606221https://repositorio.ufjf.br/jspui/bitstream/ufjf/1682/1/flaviacarvalhofaria.pdf51227a764c6f1f3ec1b3b2f9dde179b3MD51LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-81866https://repositorio.ufjf.br/jspui/bitstream/ufjf/1682/2/license.txt43cd690d6a359e86c1fe3d5b7cba0c9bMD52ufjf/16822019-11-07 11:51:16.857oai:hermes.cpd.ufjf.br:ufjf/1682TElDRU7Dh0EgREUgRElTVFJJQlVJw4fDg08gTsODTy1FWENMVVNJVkEKCkNvbSBhIGFwcmVzZW50YcOnw6NvIGRlc3RhIGxpY2Vuw6dhLCB2b2PDqiAobyBhdXRvciAoZXMpIG91IG8gdGl0dWxhciBkb3MgZGlyZWl0b3MgZGUgYXV0b3IpIGNvbmNlZGUgYW8gUmVwb3NpdMOzcmlvIApJbnN0aXR1Y2lvbmFsIG8gZGlyZWl0byBuw6NvLWV4Y2x1c2l2byBkZSByZXByb2R1emlyLCAgdHJhZHV6aXIgKGNvbmZvcm1lIGRlZmluaWRvIGFiYWl4byksIGUvb3UgZGlzdHJpYnVpciBhIApzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIChpbmNsdWluZG8gbyByZXN1bW8pIHBvciB0b2RvIG8gbXVuZG8gbm8gZm9ybWF0byBpbXByZXNzbyBlIGVsZXRyw7RuaWNvIGUgZW0gcXVhbHF1ZXIgbWVpbywgaW5jbHVpbmRvIG9zIApmb3JtYXRvcyDDoXVkaW8gb3UgdsOtZGVvLgoKVm9jw6ogY29uY29yZGEgcXVlIG8gRGVwb3NpdGEgcG9kZSwgc2VtIGFsdGVyYXIgbyBjb250ZcO6ZG8sIHRyYW5zcG9yIGEgc3VhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBwYXJhIHF1YWxxdWVyIG1laW8gb3UgZm9ybWF0byAKcGFyYSBmaW5zIGRlIHByZXNlcnZhw6fDo28uCgpWb2PDqiB0YW1iw6ltIGNvbmNvcmRhIHF1ZSBvIERlcG9zaXRhIHBvZGUgbWFudGVyIG1haXMgZGUgdW1hIGPDs3BpYSBkZSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIHBhcmEgZmlucyBkZSBzZWd1cmFuw6dhLCBiYWNrLXVwIAplIHByZXNlcnZhw6fDo28uCgpWb2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBhIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gw6kgb3JpZ2luYWwgZSBxdWUgdm9jw6ogdGVtIG8gcG9kZXIgZGUgY29uY2VkZXIgb3MgZGlyZWl0b3MgY29udGlkb3MgbmVzdGEgbGljZW7Dp2EuIApWb2PDqiB0YW1iw6ltIGRlY2xhcmEgcXVlIG8gZGVww7NzaXRvIGRhIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gbsOjbywgcXVlIHNlamEgZGUgc2V1IGNvbmhlY2ltZW50bywgaW5mcmluZ2UgZGlyZWl0b3MgYXV0b3JhaXMgCmRlIG5pbmd1w6ltLgoKQ2FzbyBhIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gY29udGVuaGEgbWF0ZXJpYWwgcXVlIHZvY8OqIG7Do28gcG9zc3VpIGEgdGl0dWxhcmlkYWRlIGRvcyBkaXJlaXRvcyBhdXRvcmFpcywgdm9jw6ogZGVjbGFyYSBxdWUgCm9idGV2ZSBhIHBlcm1pc3PDo28gaXJyZXN0cml0YSBkbyBkZXRlbnRvciBkb3MgZGlyZWl0b3MgYXV0b3JhaXMgcGFyYSBjb25jZWRlciBhbyBEZXBvc2l0YSBvcyBkaXJlaXRvcyBhcHJlc2VudGFkb3MgCm5lc3RhIGxpY2Vuw6dhLCBlIHF1ZSBlc3NlIG1hdGVyaWFsIGRlIHByb3ByaWVkYWRlIGRlIHRlcmNlaXJvcyBlc3TDoSBjbGFyYW1lbnRlIGlkZW50aWZpY2FkbyBlIHJlY29uaGVjaWRvIG5vIHRleHRvIApvdSBubyBjb250ZcO6ZG8gZGEgcHVibGljYcOnw6NvIG9yYSBkZXBvc2l0YWRhLgoKQ0FTTyBBIFBVQkxJQ0HDh8ODTyBPUkEgREVQT1NJVEFEQSBURU5IQSBTSURPIFJFU1VMVEFETyBERSBVTSBQQVRST0PDjU5JTyBPVSBBUE9JTyBERSBVTUEgQUfDik5DSUEgREUgRk9NRU5UTyBPVSBPVVRSTyAKT1JHQU5JU01PLCBWT0PDiiBERUNMQVJBIFFVRSBSRVNQRUlUT1UgVE9ET1MgRSBRVUFJU1FVRVIgRElSRUlUT1MgREUgUkVWSVPDg08gQ09NTyBUQU1Cw4lNIEFTIERFTUFJUyBPQlJJR0HDh8OVRVMgCkVYSUdJREFTIFBPUiBDT05UUkFUTyBPVSBBQ09SRE8uCgpPIERlcG9zaXRhIHNlIGNvbXByb21ldGUgYSBpZGVudGlmaWNhciBjbGFyYW1lbnRlIG8gc2V1IG5vbWUgKHMpIG91IG8ocykgbm9tZShzKSBkbyhzKSBkZXRlbnRvcihlcykgZG9zIGRpcmVpdG9zIAphdXRvcmFpcyBkYSBwdWJsaWNhw6fDo28sIGUgbsOjbyBmYXLDoSBxdWFscXVlciBhbHRlcmHDp8OjbywgYWzDqW0gZGFxdWVsYXMgY29uY2VkaWRhcyBwb3IgZXN0YSBsaWNlbsOnYS4KRepositório InstitucionalPUBhttps://repositorio.ufjf.br/oai/requestopendoar:2019-11-07T13:51:16Repositório Institucional da UFJF - Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)false
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