Teoria e política curricular de Educação Física: a conformação dos Conteúdos Básicos Comuns de Minas Gerais

• Autor(a) principal: Vargas, Cláudio Pellini
• Data de Publicação: 2017
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFJF
• Texto Completo: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/5378
• topic: CNPQ::CIENCIAS HUMANAS::EDUCACAO; Currículo; Educação física escolar; Conteúdos básicos comuns; Teorias curriculares; Ciclo de políticas; Curriculum; Physical school educa tion; Common core contents; Curricular theories; Policy cycle

Colocar-se diante de uma perspectiva histórica e crítica da Educação Física (EF) significa refletir sobre sua condição epistemológica, política e social numa realidade de disputas e contingências. Isso implica em considerar seus currículos como artefatos preciosos de investigação, pois se aceitamos que sejam invenções da modernidade, se constituindo num meio poderoso de organizar as experiências de estudantes objetivando construir determinadas identidades, eles tornam-se legítimos objetos de questionamento. Assim posto, são objetivos desta tese: (1) identificar e analisar os procedimentos de elaboração da proposta curricular de EF de Minas Gerais - os Conteúdos Básicos Comuns (CBC) - desenvolvidos pelos seus organizadores; (2) identificar que procedimentos nortearam suas decisões e em que contexto político isso ocorreu; e (3) analisar criticamente a proposta curricular, suas fundamentações teóricas, diretrizes, articulando as análises documentais com as falas dos sujeitos que elaboraram a proposta. O trabalho pretende investigar seus contextos de influência de produção considerando o método do Ciclo de Políticas de Ball. As questões principais são: (1) Quais teorias curriculares subsidiaram tal proposta? (2) Que aspectos políticos, ideológicos e epistemológicos aparecem na construção e no interior dos CBC? Os procedimentos metodológicos envolveram diferentes momentos articulados entre si: (1) revisão bibliográfica; (2) análise do conteúdo documental – o CBC de EF; (3) análise dos contextos de influência (histórico e político); e (4) o uso de entrevista não estruturada focalizada realizada com as elaboradoras centrais da proposta em pauta. A discussão é iluminada por referenciais consagrados no cenário educacional dos estudos de currículo, destacando-se Antonio Flavio Moreira, Tomáz Tadeu da Silva e José Augusto Pacheco, além dos teóricos com os quais costumam dialogar. Para o debate no campo da EF, destacam-se as teorias críticas do Movimento Renovador, desde João Paulo Medina e Valter Bracht, chegando aos trabalhos pós-críticos de Marcos Neira e Mário Nunes. Depreende-se da pesquisa que os CBC mantiveram-se vinculados às perspectivas tradicionais e instrumentais da área por inúmeras razões: (1) a inspiração nos PCN e o fomento das corporações neoliberais sobre a Educação mineira; (2) a fragilidade das propostas críticas, com dificuldade em significar um currículo que privilegie o pensamento crítico por meio do se-movimentar; (3) a influência das perspectivas da psicomotricidade que, mais do que estimular uma mudança, reforçam a visão acrítica da EF como suporte para a cognição; (4) a falta de coerência epistemológica interna do documento; (5) a influência dos padrões tecnicistas do documento curricular mineiro precedente; (6) a avaliação da EF escolar mantida na ideia de controle e pressão regulatória; (7) a política do processo e a falsa prerrogativa de autonomia que o poder central atribuía as escolas; (8) a frágil participação dos professores escolares nos Grupos de Desenvolvimento Profissional (GDP); e (9) a influência de outros setores institucionalizados do governo sobre a EF escolar. Argumentase, por fim, sobre a possibilidade de uma recontextualização cultural da política curricular como etapa que privilegie as localidades escolares.