O campo e a educação: caminhos e descaminhos das políticas educacionais brasileiras

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: de Oliveira, Claudiomiro Ferreira
Data de Publicação: 2019
Outros Autores: Fernandes, Déa Nunes
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Revista Interdisciplinar em Cultura e Sociedade (Online)
Texto Completo: http://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/ricultsociedade/article/view/10513
Resumo: Educação do Campo é uma expressão que só recentemente foi incluída no vocabulário da educaçãobrasileira e na letra das leis relativas à educação nacional. A educação “no” campo, por outro lado, étão antiga quanto à própria manifestação do fenômeno da educação formal em nosso país. O processoeducativo ao qual se refere, hoje, a expressão Educação do Campo, se constituiu em oposição à chamadaEducação Rural pensada para o (e praticada no) campo brasileiro ao longo do tempo. Embora,a sociedade brasileira tenha se desenvolvido fundamentalmente no e a partir do campo a constituiçãodo processo educativo formal em nosso país subalternizou os sujeitos do campo, as sociabilidades docampo e o modo de vida campesino ao mesmo tempo em que hipervalorizou a urbanidade (que muitasvezes foi usada como sinônimo da civilidade). Esta situação/condição nutriu e tem nutrido discussõesem busca da criação e do fortalecimento do movimento por uma Educação do Campo. Os sinaisda organização de grupos da sociedade em torno das questões da Educação do Campo começam a sernotados mais efetivamente na década de 1990 quando os movimentos sociais do campo, apoiados naConstituição de 1988 que institui a educação como “um direito de todos”, trazem para os fóruns dediscussão a necessidade de se constituir espaços que reflitam e valorizem os saberes e sociabilidadesdos povos do campo no Brasil, destacando o direito ao respeito e à adequação da educação às singularidadesculturais e regionais. Em nossa investigação nos indagamos sobre como têm se configuradoou (re)constituído as narrativas e práticas identitárias associadas à expressão Educação do Campo?A quais sujeitos e espaços se referem este projeto de educação? Nossa discussão se espraiará comoem um a ensaio teórico, sem muita restrição bibliografia ou terminológica ou de categorias analíticas.Com um tema proposto de antemão – o diálogo entre a educação e o Campo brasileiros - nos permitimosseguir o curso do nosso pensamento e sentimento que tem por base nossa vivência social e acadêmica.O estudo nos permitiu dizer que na constituição do nosso sistema de educação formal foramsendo, ao longo do tempo, apagados dos pressupostos teóricos, da metodologia e da finalidade/objetivoda educação as referências relativas aos sujeitos e a vida do/no campo. É importante ressaltar,no entanto, que houve muita resistência a esse processo. Por exemplo, a criação dos sindicatos rurais(1934), da ASSESOAR (1966), das Casas Familiares Rurais e Escolas Famílias Agrícolas (1981), doMST (1984), etc. Essa resistência se nutre, sobretudo, do fato de a dinâmica da vida campestre terinfluenciado e inspirado profundamente, ao longo de toda a história de nosso país, a constituição dasnossas identidades e diferenças. Ela marcou fortemente nossa literatura, nossa música, nossa língua,nossa religião, nossa arte, nosso imaginário e nossa vida prática.
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