A natureza política das Minas: mineração, sociedade e ambiente no século XVIII
Autor(a) principal: | |
---|---|
Data de Publicação: | 2013 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFMG |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/1843/BUBD-9HMFAF |
Resumo: | A atribuição de um caráter predatório e rudimentar à exploração do ouro praticada na América portuguesa no século XVIII difundiu a imagem de uma sociedade mineradora ignorante das consequências de suas ações sobre o meio físico. As fontes documentais indicam, contudo, que os habitantes locais não apenas reconheciam as consequências nefastas das atividades de mineração sobre o ambiente, mas também sugeriam medidas de recuperação das áreas atingidas. A partir do estudo da exploração do ouro na capitania de Minas Gerais, entre os anos de 1702 e 1799, esta tese se dedica ao questionamento dessa tradicional e consagrada interpretação sobre a mineração setecentista e à análise das representações construídas sobre a natureza naquele contexto de intensa exploração do ouro. Nossa documentação consistiu em fontes oficiais produzidas pelos poderes locais e regionais da capitania e pela coroa; textos memoriais, filosóficos e literários, manuscritos e impressos pesquisados no Brasil e em Portugal; e estudos arqueológicos. Naquele contexto histórico, a dependência em relação aos recursos naturais - como madeira e água - era decisiva para o aumento da produção aurífera e as relações entre sociedade e natureza foram locus privilegiados para negociações políticas e imposições de certos ideais. Os sujeitos históricos se apropriaram das concepções vigentes de natureza na defesa de interesses e ideias específicas (destacando-se uma interpretação moral negativa da sociedade mineradora), ou para usufruir de benefícios sociais e econômicos. Esta tese propõe, portanto, uma interpretação na qual se privilegie representações específicas elaboradas pela própria sociedade setecentista sobre suas relações com o meio físico no âmbito da mineração, que foram muito diversas das interpretações produzidas a posteriori sobre o tema. Em torno das questões práticas que envolviam a exploração do ouro, a sociedade mineira colonial guiou-se por preceitos exclusivos, e privilegiou certas representações políticas de suas relações com a natureza. |
id |
UFMG_034200848efa0eda2f95cb4c031de2b9 |
---|---|
oai_identifier_str |
oai:repositorio.ufmg.br:1843/BUBD-9HMFAF |
network_acronym_str |
UFMG |
network_name_str |
Repositório Institucional da UFMG |
repository_id_str |
|
spelling |
Regina Horta DuarteMarcos Lobato MartinsJosé Augusto PáduaLoredana Marise Ricardo RibeiroIvana Denise ParrelaCarolina Marotta Capanema2019-08-09T22:13:30Z2019-08-09T22:13:30Z2013-12-18http://hdl.handle.net/1843/BUBD-9HMFAFA atribuição de um caráter predatório e rudimentar à exploração do ouro praticada na América portuguesa no século XVIII difundiu a imagem de uma sociedade mineradora ignorante das consequências de suas ações sobre o meio físico. As fontes documentais indicam, contudo, que os habitantes locais não apenas reconheciam as consequências nefastas das atividades de mineração sobre o ambiente, mas também sugeriam medidas de recuperação das áreas atingidas. A partir do estudo da exploração do ouro na capitania de Minas Gerais, entre os anos de 1702 e 1799, esta tese se dedica ao questionamento dessa tradicional e consagrada interpretação sobre a mineração setecentista e à análise das representações construídas sobre a natureza naquele contexto de intensa exploração do ouro. Nossa documentação consistiu em fontes oficiais produzidas pelos poderes locais e regionais da capitania e pela coroa; textos memoriais, filosóficos e literários, manuscritos e impressos pesquisados no Brasil e em Portugal; e estudos arqueológicos. Naquele contexto histórico, a dependência em relação aos recursos naturais - como madeira e água - era decisiva para o aumento da produção aurífera e as relações entre sociedade e natureza foram locus privilegiados para negociações políticas e imposições de certos ideais. Os sujeitos históricos se apropriaram das concepções vigentes de natureza na defesa de interesses e ideias específicas (destacando-se uma interpretação moral negativa da sociedade mineradora), ou para usufruir de benefícios sociais e econômicos. Esta tese propõe, portanto, uma interpretação na qual se privilegie representações específicas elaboradas pela própria sociedade setecentista sobre suas relações com o meio físico no âmbito da mineração, que foram muito diversas das interpretações produzidas a posteriori sobre o tema. Em torno das questões práticas que envolviam a exploração do ouro, a sociedade mineira colonial guiou-se por preceitos exclusivos, e privilegiou certas representações políticas de suas relações com a natureza.The assignment of a predatory and rudimentary character to the gold exploration practiced in Portuguese America in the eighteenth century spread the image of a mining society ignorant of the consequences of their actions on their physical environment. The documentary sources indicate, however, that the locals not only recognized the adverse consequences of mining activities on the environment, but also suggested measures for the recovery of affected areas. From the study of gold exploration in the captaincy of Minas Gerais, between the years 1702 and 1799, this thesis is dedicated to questioning this consecrated and traditional interpretation on the eighteenth mining and the analysis of the representations constructed on the nature of that context of intense gold exploration. Our documentation consisted of official sources produced by local and regional authorities of the captaincy and the Crown; memorials texts, philosophical and literary, manuscripts and printed surveyed in Brazil and Portugal; and archaeological studies. In that historical context, the dependence on natural resources - such as wood and water - was decisive for increasing the auriferous production. The relationship between society and nature were locus for privileged political negotiations and charges of certain ideals. The historical subjects appropriated the prevailing concepts of nature in defense of specific interests and ideas (highlighting negative moral interpretation of mining society), or to enjoy social and economic benefits. This thesis, therefore, proposes an interpretation in which favors specific representations elaborated by the eighteenth mining society itself on their relations with the physical environment in the course of mining, and which were very different from the interpretations produced a posteriori on the subject. Around the practical issues involving mining, Minas colonial society was guided by exclusive precepts and privileged certain representations of their political relations with nature.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGHistóriaNaturezaMinas Gerais HistóriaSociedade e naturezaMineraçãoMinas colonialA natureza política das Minas: mineração, sociedade e ambiente no século XVIIIinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALtese_carolina_marotta_capanema.pdfapplication/pdf4200999https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUBD-9HMFAF/1/tese_carolina_marotta_capanema.pdf49a41ec68fb08ee1a794a995a54f6724MD51TEXTtese_carolina_marotta_capanema.pdf.txttese_carolina_marotta_capanema.pdf.txtExtracted texttext/plain712677https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUBD-9HMFAF/2/tese_carolina_marotta_capanema.pdf.txt50ee4c30f227f6ba539cbb992f411eb4MD521843/BUBD-9HMFAF2019-11-14 11:03:43.027oai:repositorio.ufmg.br:1843/BUBD-9HMFAFRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T14:03:43Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false |
dc.title.pt_BR.fl_str_mv |
A natureza política das Minas: mineração, sociedade e ambiente no século XVIII |
title |
A natureza política das Minas: mineração, sociedade e ambiente no século XVIII |
spellingShingle |
A natureza política das Minas: mineração, sociedade e ambiente no século XVIII Carolina Marotta Capanema Sociedade e natureza Mineração Minas colonial História Natureza Minas Gerais História |
title_short |
A natureza política das Minas: mineração, sociedade e ambiente no século XVIII |
title_full |
A natureza política das Minas: mineração, sociedade e ambiente no século XVIII |
title_fullStr |
A natureza política das Minas: mineração, sociedade e ambiente no século XVIII |
title_full_unstemmed |
A natureza política das Minas: mineração, sociedade e ambiente no século XVIII |
title_sort |
A natureza política das Minas: mineração, sociedade e ambiente no século XVIII |
author |
Carolina Marotta Capanema |
author_facet |
Carolina Marotta Capanema |
author_role |
author |
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv |
Regina Horta Duarte |
dc.contributor.referee1.fl_str_mv |
Marcos Lobato Martins |
dc.contributor.referee2.fl_str_mv |
José Augusto Pádua |
dc.contributor.referee3.fl_str_mv |
Loredana Marise Ricardo Ribeiro |
dc.contributor.referee4.fl_str_mv |
Ivana Denise Parrela |
dc.contributor.author.fl_str_mv |
Carolina Marotta Capanema |
contributor_str_mv |
Regina Horta Duarte Marcos Lobato Martins José Augusto Pádua Loredana Marise Ricardo Ribeiro Ivana Denise Parrela |
dc.subject.por.fl_str_mv |
Sociedade e natureza Mineração Minas colonial |
topic |
Sociedade e natureza Mineração Minas colonial História Natureza Minas Gerais História |
dc.subject.other.pt_BR.fl_str_mv |
História Natureza Minas Gerais História |
description |
A atribuição de um caráter predatório e rudimentar à exploração do ouro praticada na América portuguesa no século XVIII difundiu a imagem de uma sociedade mineradora ignorante das consequências de suas ações sobre o meio físico. As fontes documentais indicam, contudo, que os habitantes locais não apenas reconheciam as consequências nefastas das atividades de mineração sobre o ambiente, mas também sugeriam medidas de recuperação das áreas atingidas. A partir do estudo da exploração do ouro na capitania de Minas Gerais, entre os anos de 1702 e 1799, esta tese se dedica ao questionamento dessa tradicional e consagrada interpretação sobre a mineração setecentista e à análise das representações construídas sobre a natureza naquele contexto de intensa exploração do ouro. Nossa documentação consistiu em fontes oficiais produzidas pelos poderes locais e regionais da capitania e pela coroa; textos memoriais, filosóficos e literários, manuscritos e impressos pesquisados no Brasil e em Portugal; e estudos arqueológicos. Naquele contexto histórico, a dependência em relação aos recursos naturais - como madeira e água - era decisiva para o aumento da produção aurífera e as relações entre sociedade e natureza foram locus privilegiados para negociações políticas e imposições de certos ideais. Os sujeitos históricos se apropriaram das concepções vigentes de natureza na defesa de interesses e ideias específicas (destacando-se uma interpretação moral negativa da sociedade mineradora), ou para usufruir de benefícios sociais e econômicos. Esta tese propõe, portanto, uma interpretação na qual se privilegie representações específicas elaboradas pela própria sociedade setecentista sobre suas relações com o meio físico no âmbito da mineração, que foram muito diversas das interpretações produzidas a posteriori sobre o tema. Em torno das questões práticas que envolviam a exploração do ouro, a sociedade mineira colonial guiou-se por preceitos exclusivos, e privilegiou certas representações políticas de suas relações com a natureza. |
publishDate |
2013 |
dc.date.issued.fl_str_mv |
2013-12-18 |
dc.date.accessioned.fl_str_mv |
2019-08-09T22:13:30Z |
dc.date.available.fl_str_mv |
2019-08-09T22:13:30Z |
dc.type.status.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/publishedVersion |
dc.type.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
format |
doctoralThesis |
status_str |
publishedVersion |
dc.identifier.uri.fl_str_mv |
http://hdl.handle.net/1843/BUBD-9HMFAF |
url |
http://hdl.handle.net/1843/BUBD-9HMFAF |
dc.language.iso.fl_str_mv |
por |
language |
por |
dc.rights.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/openAccess |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
dc.publisher.none.fl_str_mv |
Universidade Federal de Minas Gerais |
dc.publisher.initials.fl_str_mv |
UFMG |
publisher.none.fl_str_mv |
Universidade Federal de Minas Gerais |
dc.source.none.fl_str_mv |
reponame:Repositório Institucional da UFMG instname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) instacron:UFMG |
instname_str |
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) |
instacron_str |
UFMG |
institution |
UFMG |
reponame_str |
Repositório Institucional da UFMG |
collection |
Repositório Institucional da UFMG |
bitstream.url.fl_str_mv |
https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUBD-9HMFAF/1/tese_carolina_marotta_capanema.pdf https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUBD-9HMFAF/2/tese_carolina_marotta_capanema.pdf.txt |
bitstream.checksum.fl_str_mv |
49a41ec68fb08ee1a794a995a54f6724 50ee4c30f227f6ba539cbb992f411eb4 |
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv |
MD5 MD5 |
repository.name.fl_str_mv |
Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) |
repository.mail.fl_str_mv |
|
_version_ |
1803589445608275968 |