Avaliação dos efeitos do treinamento físico aeróbico nos parâmetros cardíacos e na capacidade funcional em modelo experimental de cardiomiopatia chagásica crônica

• Autor(a) principal: Thayrine Rosa Damasceno
• Data de Publicação: 2023
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/55370; https://orcid.org/0000-0002-3442-9193
• topic: Cardiomiopatia chagásica; Miocardite; Capacidade funcional; Exercício aeróbico; Inflamação; Imagiologia de perfusão miocárdica; Doenças cardiovasculares; Chagas, Doença de; Reabilitação; Capacidade funcional; Exercícios físicos

A cardiomiopatia chagásica crônica (CCC) é a forma mais grave de cardiomiopatia não isquêmica na América Latina. A infecção persistente e de baixa intensidade pelo Trypanosoma cruzi desencadeia uma fisiopatogenia complexa e de longa duração levando ao desenvolvimento de dano miocárdico parasita-dependente, lesão miocárdica imunomediada, distúrbios microvasculares e disautonomia cardíaca, que contribuem para a progressão da disfunção ventricular e redução da capacidade funcional. Poucos estudos sugerem que o treinamento físico aeróbico (TFA) possa levar a melhora da capacidade funcional e do dano miocárdico. Os objetivos do estudo foram avaliar os efeitos do TFA na morfologia, função e perfusão miocárdica e correlacionar essas variáveis com inflamação e fibrose em modelo experimental de CCC usando imagens de alta resolução in vivo. Adicionalmente, investigar a influência dessas alterações na redução da capacidade funcional. Ademais, como objetivo secundário, analisar as áreas de secção transversa do músculo esquelético. A fim de verificar a aplicação clínica do estudo, também realizar uma análise retrospectiva de pacientes com CCC. Hamsters sírios fêmeas com CCC e seus controles (CT) foram alocados em quatro grupos: CCC-TFA (n=22), CCC-SED (n=22), CT-TFA (n=8) e CT-SED (n=8). Sete meses após a infecção, os animais foram submetidos aos exames de ecocardiograma bidimensional, cintilografia de perfusão miocárdica e teste de esforço cardiopulmonar. O treinamento foi realizado por oito semanas, cinco vezes por semana, durante cinquenta minutos. Após finalizarem o protocolo de TFA, os animais foram reavaliados, eutanasiados e amostras de tecido cardíaco foram coletadas para análise histopatológica. Na análise clínica retrospectiva, quatro pacientes com CCC realizaram exercício aeróbico em intensidade moderada a alta (60 a 85% do VO2pico) por doze semanas. Na avaliação basal, antes da alocação nos grupos, animais chagásicos apresentaram consumo de oxigênio pico (VO2pico) semelhantes (p>0,05), aumento das áreas de defeito de perfusão miocárdica (DPM) [4,5(2,7-8,5) vs 2,6(0,8-3,9), p=0,014] e redução da fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE) [46,9(40,3-49,7) vs 51,7 (49,4-53,3), p<0,001] em comparação com animais controles. A análise de correlação mostrou que o VO2pico correlacionou-se com o DPM (r=-660; p<0,0001), FEVE (r=0,374; p=0,020), DDVE (r=-0,533; p=0,001) e DSVE (r=-0,480; p=0,001). Somente o DPM permaneceu independentemente associado ao VO2pico (r²ajustado=0,42). Posteriormente a alocação dos animais, a ANOVA mista mostrou FEVE reduzida nos grupos chagásicos CCC-SED [46,72 (40,01-51,06)%] e CCC-APT [46,87 (42,35-50,10)%; p=0,015] quando comparados com o CT-SED [53,06 (51,95-54,00)%, pANOVA=0,009]. Após o TFA, a ANOVA mista identificou FEVE reduzida, significativo aumento dos DPM ao longo do tempo e mais inflamação [(1,60±0,63); pANOVA<0,0001] e colágeno tipo 1 [1,84 (1,22-2,82); pANOVA=0,008] no grupo CCC-SED, quando comparado aos outros grupos. Por outro lado, o TFA no grupo CCC-TFA reduziu inflamação [(0,93±0,20); pANOVA<0,0001], impediu a progressão dos DPM e fibrose miocárdica, atenuou a disfunção ventricular esquerda e melhorou a capacidade funcional. Em animais com CCC o TFA reduziu inflamação, impediu a progressão de DPM e fibrose, atenuou o remodelamento do ventrículo esquerdo, melhorou a capacidade funcional e promoveu a recuperação estrutural musculoesquelética, reduzindo a atrofia muscular. Ademais, em pacientes com CCC o TFA diminuiu o DPM, melhorou a FEVE e a capacidade funcional.