História da paisagem do Conjunto dos Contos, Ouro Preto, MG (1750-2023)

• Autor(a) principal: Raíssa de Keller e Costa
• Data de Publicação: 2023
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/60270; https://orcid.org/0000-0002-8957-8428
• topic: Paisagem; Patrimônio; Percepção; História; Cidade; Ouro Preto; Patrimônio cultural; Pesquisa histórica; Centros históricos; Ouro Preto

Esta tese é um estudo do conjunto composto pelo Largo, Chafariz, Ponte e Casa dos Contos, que denominamos Conjunto dos Contos (CDC), situado em Ouro Preto (OP), Minas Gerais, no período compreendido entre 1750 e 2023. A cidade é protegida em seu conjunto e também é palco de inúmeros conflitos e disputas que nem sempre são colocados em evidência, uma cidade viva. Seus atributos lhe garantem notoriedade histórica e cultural em âmbito internacional, pois figura na lista de Patrimônio da Humanidade da Unesco desde 1980. Adotamos a noção de paisagem como leitura do espaço e compreendemos que ela se baseia na experiência e na percepção de quem a vive, a experimenta, entendendo que as relações do corpo com o espaço são primordiais, como elementos inter-relacionais e indissociáveis. Além de ter se tornado um objeto da política de instituições de preservação, a paisagem é, ainda, uma forma de pensamento. No perímetro urbano tombado de OP, o CDC é um espaço de uso coletivo intenso com funções que variam ao longo de sua história e essencial para o funcionamento da cidade. O Largo envolve e dá acesso à Ponte, ao Chafariz e à Casa dos Contos, classificados como monumentos e que se encontram hoje em bom estado de conservação. O estudo da história do CDC parte das dinâmicas desses monumentos trazendo pistas sobre usos cotidianos, valores, conflitos, diversidade e importância para a cidade. Além disso, essa história nos permite compreender as relações entre o público e o privado e as sucessivas transformações no espaço urbano que também trouxeram novas dinâmicas e conflitos. A tese realiza uma leitura da história da paisagem que destaca seu contexto sociotécnico com base em documentos textuais e imagéticos. As fontes do passado foram levantadas em arquivos e bibliotecas; as do presente foram produzidas na forma de anotações em nosso caderno e de registros visuais, em fotos e vídeos da área que nos possibilitaram escrever parte de sua história. Identificamos atividades econômicas e instituições vitais para a cidade, observamos e registramos nossas impressões entre 2020 e 2023. A importância do CDC na vida da cidade similarmente foi comprovada para os dias atuais, com suas devidas contextualizações. No entanto, não podemos deixar de lado a vivência enquanto moradora que não é o foco desta pesquisa, mas produz um entrelaçamento entre a objetividade e a subjetividade, tão caras à temática. Ela nos permite aceitar o desafio de Alain Corbin de realizar uma imersão histórica na paisagem ou, nas palavras de Walter Benjamin, de situar o passado como o ponto de fuga ao qual nosso presente se refere. Nessa direção, defendemos que a paisagem apenas faz sentido se estiver totalmente integrada em todos os seus elementos, principalmente as pessoas, que dão sentido a ela. Encontramos com Pierre Sansot que se afasta da pretensão de objetividade em seus textos paisageiros. A tese se propõe a manter um diálogo entre épocas distintas e expressa o desejo de que a paisagem de Ouro Preto seja um legado vivo para sucessivas e futuras gerações.