O universo flaubertiano e a pathemização especular

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Renata Aiala de Mello
Data de Publicação: 2016
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/RMSA-AHGH96
Resumo: Com a publicação de Madame Bovary em 1857, Gustave Flaubert é processado pelo Ministério Público por ultrajar a moral, a religião e os bons costumes. Diante da Sexta Corte do Tribunal Correcional de Paris, o romancista é, então, representado por seu advogado Antoine Marie Jules Sénard, e a promotoria por Pierre Ernest Pinard. Durante esse período, Flaubert escreve cartas para algumas pessoas próximas a ele,relatando seu envolvimento com o processo judicial e com seu omance. A promotoria, no Réquisitoire, e a defensoria, na Plaidoirie, além de Flaubert, em sua Correspondance, expressam seus sentimentos e buscam a adesão de seus interlocutores, valendo-se de estratégias argumentativas e/ou persuasivas, de representações sociodiscursivas e saberes de crença, elementos instituídos nos discursos. Tendo como fio condutor o conceito de pathos, realiza-se uma análise ao mesmo tempo qualitativa, linguístico-discursiva e interdisciplinar das emoçõespresentes no corpus. O pathos é, nesse universo, um meio cênico para a expressão e a manipulação de tópicas consideradas negativas tais como a culpa, a cólera, o horror, o remorso e a vergonha; e as positivas como, por exemplo, o orgulho, a esperança, a admiração, a alegria e a coragem. O arcabouço teórico utilizado leva em conta trabalhos de vários estudiosos das emoções, sobretudo Patrick Charaudeau, ChristianPlantin e Ruth Amossy. Como resultado desta pesquisa, foram apresentados os recursos argumentativos utilizados pelos advogados no processo judicial e por Flaubert em sua Correspondance para persuadir seus interlocutores. Ao analisar as pathemias, foram delineados pontos de vista moral, ético e estético dos sujeitos arespeito não apenas da obra Madame Bovary, mas também de sua personagem principal, da função da Literatura, do fazer literário, da mulher na sociedade francesa do século XIX, do adultério e do suicídio. Foram, enfim, enfatizados os potenciais estratégicos e persuasivos das emoções nos textos/discursos analisados. Emoções que refletem e refratam os múltiplos sujeitos envolvidos e seus discursos. Pathos que forja pathos. Ecos de pathos no universo flaubertiano.
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A promotoria, no Réquisitoire, e a defensoria, na Plaidoirie, além de Flaubert, em sua Correspondance, expressam seus sentimentos e buscam a adesão de seus interlocutores, valendo-se de estratégias argumentativas e/ou persuasivas, de representações sociodiscursivas e saberes de crença, elementos instituídos nos discursos. Tendo como fio condutor o conceito de pathos, realiza-se uma análise ao mesmo tempo qualitativa, linguístico-discursiva e interdisciplinar das emoçõespresentes no corpus. O pathos é, nesse universo, um meio cênico para a expressão e a manipulação de tópicas consideradas negativas tais como a culpa, a cólera, o horror, o remorso e a vergonha; e as positivas como, por exemplo, o orgulho, a esperança, a admiração, a alegria e a coragem. O arcabouço teórico utilizado leva em conta trabalhos de vários estudiosos das emoções, sobretudo Patrick Charaudeau, ChristianPlantin e Ruth Amossy. Como resultado desta pesquisa, foram apresentados os recursos argumentativos utilizados pelos advogados no processo judicial e por Flaubert em sua Correspondance para persuadir seus interlocutores. Ao analisar as pathemias, foram delineados pontos de vista moral, ético e estético dos sujeitos arespeito não apenas da obra Madame Bovary, mas também de sua personagem principal, da função da Literatura, do fazer literário, da mulher na sociedade francesa do século XIX, do adultério e do suicídio. Foram, enfim, enfatizados os potenciais estratégicos e persuasivos das emoções nos textos/discursos analisados. Emoções que refletem e refratam os múltiplos sujeitos envolvidos e seus discursos. Pathos que forja pathos. Ecos de pathos no universo flaubertiano.Avec la publication de Madame Bovary en 1857, Gustave Flaubert est accusé doutrager la morale, la religion et les bonnes moeurs. Devant la Sixième Cour du Tribunal Correctionnel de Paris, le romancier est alors représenté par son avocat Antoine Marie Jules Sénard, et le Ministère Public par Pierre Ernest Pinard. Pendant cette période, Flaubert écrit des lettres à des proches, afin de raconter son implication dans le procès judiciaire et avec son roman. Le procureur au Réquisitoire, la défense à la Plaidoirie et Flaubert dans sa Correspondance, expriment leurs entiments et cherchent le soutien de leurs interlocuteurs, en utilisant des stratégies argumentatives et/ou persuasives, des représentations sociodiscursives et des savoirs de connaissances et de croyances, bref des éléments constitutifs du discours. La notion de pathos étant le principal fil conducteur, on effectue une analyse à la fois qualitative, linguistique, discursive et interdisciplinaire des émotions présentes dans le corpus. Le pathos est dans cet univers, un moyen d'expression scénique et la manipulation négative des topiques telles que la culpabilité, la colère, l'horreur, le remords et la honte; et positives, comme par exemple, la fierté, l'espoir, l'admiration, la joie et le courage. Le cadre théorique utilisé prend en compte le travail de nombreux chercheurs des émotions, en particulier Patrick Charaudeau, Christian Plantin et Ruth Amossy. Comme résultat de cette recherche, on présente des ressources argumentatives utilisées par les avocats dans le procès judiciaire et par Flaubert dans sa Correspondance pour persuader leurs interlocuteurs. En analysant les pathè, on a délimité les points de vue moral, éthique et esthétique au sujet de Madame Bovary et aussi de son personnage principal, de la fonction de la littérature, de la création littéraire, des femmes dans la société française du XIX siècle, de l'adultère et du suicide. On a montré, enfin, le potentiel stratégique et persuasif des émotions dans les textes/discours analysés. Des émotions qui reflètent et réfractent les multiples sujets impliqués et leurs discours. Pathos qui forge pathos. Écho de pathos dans l'univers flaubertien.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGAnálise do discursoAnálise do discurso literárioRetóricaFlaubert, Gustave , 1821-1880 Madame Bovary Crítica e interpretaçãoFlaubert, Gustave , 1821-1880 Correspondência Crítica e interpretaçãoEthosMadame BovarypathosGustave Flaubertprocesso judicialCorrespondanceO universo flaubertiano e a pathemização especularinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINAL1563d.pdfapplication/pdf2414544https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/RMSA-AHGH96/1/1563d.pdf182c3c36bc39d9baa22c940c349f5edbMD51TEXT1563d.pdf.txt1563d.pdf.txtExtracted texttext/plain598197https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/RMSA-AHGH96/2/1563d.pdf.txt7a9f67f686bf582f2ac0923a62b9f60dMD521843/RMSA-AHGH962019-11-14 18:51:58.355oai:repositorio.ufmg.br:1843/RMSA-AHGH96Repositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T21:51:58Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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