Em nome da modernidade: uma educação multifacetada, uma cidade transmutada, um sujeito inventado (Montes Claros, 1889-1926)

• Autor(a) principal: Luciano Pereira da Silva
• Data de Publicação: 2012
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/BUOS-92XNEC
• topic: Educação; Imprensa; Modernidade; Cidade; Imprensa Montes Claros (MG) História; Educação; Cidades e vilas Minas Gerais Sec XIX ; Modernidade

A transição do século XIX para o século XX configura-se como uma época assinalada por grandes transformações sociais. Era o advento da modernidade, fruto de revoluções, como as Burguesas e a Industrial, e da adoção de uma nova perspectiva social. Este processo, oriundo dos grandes centros urbanos da Europa Ocidental, propagou-se por diversos países. Neste contexto, os ideais modernizadores podem ser percebidos mesmo em regiões que vivenciaram de formas mais intensas o crescimento urbano e o movimento de industrialização em outros marcos cronológicos. O homem devia ser preparado para viver esta nova realidade, o que envolvia a difusão de modos cotidianos de vida mais afeitos ao mundo que se queria erigir. Este trabalho tem como objeto de estudo as manifestações de modernização da elite dominante da mais importante cidade do norte de Minas Gerais, Montes Claros, entre os anos de 1889-1926. Adota como pressuposto central a existência de discursos de modernidade na cidade que foram propagados de diversas formas e influenciaram as transformações locais; estes discursos, oriundos sobretudo das elites, foram partilhados, mesmo que com resistências, por parcela da população. O problema que originou este trabalho é, neste ínterim, o questionamento dos ideais e das maneiras fora do ambiente escolar institucionalizado utilizados para instruir a população para a prática de condutas vistas como adequadas. Para descortinar o problema levantado, a escolha foi focar as transformações na vida citadina representadas pelo que era publicado em jornais da época. Com isso, a principal fonte utilizada na pesquisa é a imprensa periódica escrita. Como fonte de apoio, considerou-se a produção de memorialistas da região. É importante ressaltar que, mesmo sob a direção de um grupo reduzido que integrava a elite econômica e política da cidade, os jornais não expressaram um sentido único para o processo de modernização da cidade, pois a própria elite se mostrava diversa e polissêmica, manifestando várias visões do que era entendido como moderno e também expressando, em muitos momentos, valores conservadores; além disso, a imprensa relacionou-se com a população em geral de forma plural, pois os indivíduos, alfabetizados ou não, inseriram-se de muitas maneiras na cultura escrita. A análise das fontes permitiu estabelecer quatro eixos para o processo de modernização da sociedade em estudo que são discutidos neste trabalho: a ação da imprensa periódica (percebida como ferramenta privilegiada para educar a população); as mudanças na materialidade da cidade (alargamento das ruas, modernização das construções, utilização da luz elétrica, entre outros); as ações higiênicas e sanitárias (sobretudo as que se propagavam em virtude de uma suposta cultura atrasada do sertanejo); e as práticas de diversão (ocupação útil do tempo, com destaque para o futebol).