Vaidade das vaidades: os homens, a morte e a religião nos testamentos da Comarca do Rio das Velhas (1716-1755)

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Alexandre Pereira Daves
Data de Publicação: 1988
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/VCSA-7XGK7N
Resumo: "Vaidade das vaidades: Os homens, a morte e a religião nos testamentos da Comarca do Rio das Velhas (1716-1755)" busca compreender algumas atitudes de nossos antepassados diante da morte (e da vida). A pesquisa ocupou-se do levantamento de dados relativo aos primórdios do povoamento da região mineradora delimitada geograficamente pelo Rio das Velhas e Rio São Francisco, espaço geopolítico outrora denominado juridicamente Comarca do Rio das Velhas. Tinha como sede administrativa (cabeça de comarca) a Vila Real de Nossa da Conceição do Sabará importante pólo econômico da Capitania de Minas Gerais, à época. A partir da leitura sistemática dos testamentos coloniais enunciados diante dos notários da antiga Provedoria dos Defuntos & Ausentes, Capelas & Resíduos de Sabará foi possível mapear parte do processo colonizador dessa vasta região de Minas Gerais situando os principais núcleos demográficos e suas sub-regiões. Também foi possível visualizar o perfil étnico dessa população imigrante constituída basicamente de portugueses, mas também compondo-se dos africanos e dos brasileiros, setecentistas. Em se tratando da história desses quadros humanos vista através da prática social dos sujeitos que morriam com testamento, observei séries de atitudes diante da morte e do Além dimensionadas a partir da vivência religiosa específica do século XVIII mineiro. Valores e crenças, hábitos, visões do mundo, sensibilidades para com o outro, formas de sociabilidade, atitudes diante da família, da doença e da morte, em suma, comportamentos que se insinuam nas idas e vindas desses antigos registros testamentários, onde desejos e atos de últimas vontades manifestavam-se, através de signos carregados de uma carga de densa realidade, revestidos numa linguagem formal, misturando arroubos de ludismo e serenidade. De certo, trama psicológica controlada pela diversidade da morte. Ao mesmo tempo, provas de certeza e fé projetados nos ritos de uma religião escatológica, que declinava o verbo crer. Aproximar desse mundo estranho (bizarro), estabelecer uma ponte de diálogo com as fontes, conectar elementos de um imaginário que me parecia perdido à primeira vista, mas que se revelou surpreendentemente humano, material vivo e rico em significações humanas, foi uma aventura onívora repleta de descobertas e perplexidade de um pesquisador que se propôs a prescutar uma mentalidade radicalmente estranha, diferente da sua. Atualmente, esses registros cartoriais, dentre os quais encontram-se as testamentárias do setecentos, estão sob guarda do IPHAN, integram o acervo documental da Casa de Borba Gato/Museu de Ouro de Sabará, acondicionados no Fundo Arquivístico Cartório do Primeiro Ofício, naquela instituição. Arquivo onde desenvolvi esta pesquisa. Para as décadas 1716/1755 foram lidos e fichados 427 casos (todos os sobreviventes). Os dados, então arrolados, foram tabulados e processados no soft estatística SPSS for Windows, versão 1993. Cada caso acima contém 170 variáveis, exaustivamente analisadas. Já, para o período compreendido entre os anos 1756/1785 foram trabalhados mais 923 casos, inferindo apenas 8 variáveis nesses casos específicos, necessários às análises relativas somente ao terceiro Capítulo (relevante aqui a Lei Testamentária de 09/09/1769). Ao todo, foram computados 1.350 casos, distribuídos em grades temporais de 10 em 10 anos, perfazendo 8 séries, utilizadas para a formatação de hipóteses promissoras para o estudo da vida (e da morte) cotidiana nas Minas do Ouro. Essa fonte básica, vale mais uma vez insistir, compreendem todos os casos existentes no fundo cartorial pesquisado. Tanto mais se pensa na incúria do órgãos brasileiros em salvaguardar a memória escrita deste país.
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Aproximar desse mundo estranho (bizarro), estabelecer uma ponte de diálogo com as fontes, conectar elementos de um imaginário que me parecia perdido à primeira vista, mas que se revelou surpreendentemente humano, material vivo e rico em significações humanas, foi uma aventura onívora repleta de descobertas e perplexidade de um pesquisador que se propôs a prescutar uma mentalidade radicalmente estranha, diferente da sua. Atualmente, esses registros cartoriais, dentre os quais encontram-se as testamentárias do setecentos, estão sob guarda do IPHAN, integram o acervo documental da Casa de Borba Gato/Museu de Ouro de Sabará, acondicionados no Fundo Arquivístico Cartório do Primeiro Ofício, naquela instituição. Arquivo onde desenvolvi esta pesquisa. Para as décadas 1716/1755 foram lidos e fichados 427 casos (todos os sobreviventes). Os dados, então arrolados, foram tabulados e processados no soft estatística SPSS for Windows, versão 1993. Cada caso acima contém 170 variáveis, exaustivamente analisadas. Já, para o período compreendido entre os anos 1756/1785 foram trabalhados mais 923 casos, inferindo apenas 8 variáveis nesses casos específicos, necessários às análises relativas somente ao terceiro Capítulo (relevante aqui a Lei Testamentária de 09/09/1769). Ao todo, foram computados 1.350 casos, distribuídos em grades temporais de 10 em 10 anos, perfazendo 8 séries, utilizadas para a formatação de hipóteses promissoras para o estudo da vida (e da morte) cotidiana nas Minas do Ouro. Essa fonte básica, vale mais uma vez insistir, compreendem todos os casos existentes no fundo cartorial pesquisado. 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