Currículo e MST: relações de poder-saber e a produção da "subjetividade lutadora

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Vandiner Ribeiro
Data de Publicação: 2013
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/BUOS-97HJUK
Resumo: Esta tese tem como objeto de investigação os currículos de duas escolas do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST): uma de um acampamento e outra de um assentamento para analisar os processos de subjetivação em funcionamento nas práticas curriculares aí inscritas. A pesquisa está inserida no campo dos estudos de currículo, com inspiração nos trabalhos dos Estudos Culturais e nos estudos de Michel Foucault. Os conceitos centrais desse empreendimento são currículo, poder, saber, processos de subjetivação, governo, práticas de significação e processos de diferenciação. Analisam-se sob essa perspectiva, variados discursos em sua produtividade, sobre a constituição de posições de sujeito, de significados sobre os modos de ser do campo e do MST, disponibilizados nos currículos em análise. Como metodologia, foram utilizados procedimento s da pesquisa etnográfica para coleta de informações, tais como: observação com registro em diário de campo, conversas informais e entrevistas semi-estruturadas. Procurou-se dar um tratamento a essas informações usando elementos da análise do discurso insp irada nos trabalhos de Michel Foucault. Com base nos resultados da pesquisa realizada e no referencial teórico utilizado para a sua análise, a tese defendida é a de que o MST, por meio do discurso da diferença, disponibiliza nos currículos investigados posições de sujeito que positivam as situações de luta e conflito, convergindo para produção de um modo de viver e ser Sem Terra, que demandam uma subjetividade lutadora. Na investigação empreendida para esta tese procurou-se: mapear os conhecimentos que têm sido considerados válidos nos currículos ofertados aos/as campesinos/as do MST em duas de suas escolas; analisar as marcas e significados atribuídos a esses/as nas suas práticas curriculares; analisar as posições de sujeito divulgadas nessas práticas e as relações de poder presentes nesse processo. Trabalha-se com o pressuposto de que, as situações de luta são potencializadas e assumem centralidade na educação do Movimento. Por meio delas disponibilizam-se aprendizagem e modos de subjetivação que, por sua vez, disponibilizam posições de sujeito bastante demarcadas pelo entendimento de sociedade, de relação com os outros e consigo mesmo dentro do MST. Outra racionalidade, uma racionalidade política de igualdade de direitos, ensinada nos currículos do acampamento e do assentamento, (re)inventa um modo de viver dentro do MST. Tudo isso a fim de produzir uma escola diferente, como nomeia o MST as suas escolas, em seus documentos e falas. Essa escola diferente que potencializa as situações de luta expressa não somente o desejo de produzir certo tipo de sujeito Sem Terra, de ensinar conteúdos diferentes, de ter uma metodologia diferente, mas, sobretudo, reitera e divulga uma subjetividade lutadora, que tem marcas da solidariedade, do companheirismo, da amizade, da coletividade, dentre outras. Dessa forma, uma escola diferente está sendo produzida ao se criar outro modo de vida, outro modo de compreender o mundo, de compreender a sociedade e de se relacionar com as pessoas.
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Analisam-se sob essa perspectiva, variados discursos em sua produtividade, sobre a constituição de posições de sujeito, de significados sobre os modos de ser do campo e do MST, disponibilizados nos currículos em análise. Como metodologia, foram utilizados procedimento s da pesquisa etnográfica para coleta de informações, tais como: observação com registro em diário de campo, conversas informais e entrevistas semi-estruturadas. Procurou-se dar um tratamento a essas informações usando elementos da análise do discurso insp irada nos trabalhos de Michel Foucault. Com base nos resultados da pesquisa realizada e no referencial teórico utilizado para a sua análise, a tese defendida é a de que o MST, por meio do discurso da diferença, disponibiliza nos currículos investigados posições de sujeito que positivam as situações de luta e conflito, convergindo para produção de um modo de viver e ser Sem Terra, que demandam uma subjetividade lutadora. Na investigação empreendida para esta tese procurou-se: mapear os conhecimentos que têm sido considerados válidos nos currículos ofertados aos/as campesinos/as do MST em duas de suas escolas; analisar as marcas e significados atribuídos a esses/as nas suas práticas curriculares; analisar as posições de sujeito divulgadas nessas práticas e as relações de poder presentes nesse processo. Trabalha-se com o pressuposto de que, as situações de luta são potencializadas e assumem centralidade na educação do Movimento. Por meio delas disponibilizam-se aprendizagem e modos de subjetivação que, por sua vez, disponibilizam posições de sujeito bastante demarcadas pelo entendimento de sociedade, de relação com os outros e consigo mesmo dentro do MST. Outra racionalidade, uma racionalidade política de igualdade de direitos, ensinada nos currículos do acampamento e do assentamento, (re)inventa um modo de viver dentro do MST. Tudo isso a fim de produzir uma escola diferente, como nomeia o MST as suas escolas, em seus documentos e falas. Essa escola diferente que potencializa as situações de luta expressa não somente o desejo de produzir certo tipo de sujeito Sem Terra, de ensinar conteúdos diferentes, de ter uma metodologia diferente, mas, sobretudo, reitera e divulga uma subjetividade lutadora, que tem marcas da solidariedade, do companheirismo, da amizade, da coletividade, dentre outras. Dessa forma, uma escola diferente está sendo produzida ao se criar outro modo de vida, outro modo de compreender o mundo, de compreender a sociedade e de se relacionar com as pessoas.This thesis has as object of research the curricula of two schools of the Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST): one from a camp and another of a settlement to analyze the subjectivation processes at work in curricular practices listed there. The research is inserted in the field of curriculum studies, with inspiration in the work of the Cultural Studies and the studies of Michel Foucault. The central concepts of this project are curriculum, power, knowledge, subjectivation processes, government, signification practices and differentiation processes. Are analyzed from this perspective, different discourses in their productivity, on the constitution of subject positions, of meanings about the manners of being of countryside and of MST, available in the curricula in analysis. As a methodology, were used ethnographic procedures of the research for gathering information, such as: observation with daily record in field, informal conversations and semi-structured interviews. Was sought to give a treatment to this information using the elements of discourse analysis inspired by the works of Michel Foucault. Based on the results of the research conducted and in the theoretical framework used for its analysis, the argument is that the MST, through discourse of difference, offers in the curricula investigated subject positions that turn posit ive the situations of conflict and struggle, converging to produce a way of living and being landless, who demand a fighter subjectivity . So it is proposed in the investigation undertaken from this thesis: mapping the knowledge that have been considered valid in the curricula offered to the peasants of MST on two of its schools; analyze the marks and meanings attributed to these in their curricular practices; examine the subject positions disclosed in these practices and the power relations present in the process. It works with the assumption that the struggle situations are potentiated and take on centrality in the education of the Movement. Through them are provided learning and ways of subjectivation which, in turn, provide subject positions fairly demarcated through the understanding of society, the relationship with others and with oneself within the MST. Another rationality, a political rationality of equal rights, taught in the curricula of the camp and the settlement, (re) invents a way to live within the MST. All this in order to produce a different school, as the MST appoints their schools, in their documents and speeches. This different school that potentiates the struggle situations expressed not only the desire to produce a certain kind of Landle ss subject, to teach different contents, have a different methodology, but mostly repeats and disseminates a fighter subjectivity, which has brands solidarity, companionship, friendship, collectivity, among others. Therefore, a different school is being produced by creating another way of life, another way of understanding the world, of understanding the society and of relating to people.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGEducaçãoCurriculos  Educação rural  Poder (Ciências sociais)Movimentos sociais  LutaEscola do campoPoderCurrículoEducação do campoSaberMSTMovimentos sociaisProcessos de subjetivaçãoCurrículo e MST: relações de poder-saber e a produção da "subjetividade lutadorainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALvandiner_ribeiro_21_marco_2013.pdfapplication/pdf6552850https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-97HJUK/1/vandiner_ribeiro_21_marco_2013.pdfc8896b3e44c2a445efd80c9be6344dd6MD51TEXTvandiner_ribeiro_21_marco_2013.pdf.txtvandiner_ribeiro_21_marco_2013.pdf.txtExtracted texttext/plain579041https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-97HJUK/2/vandiner_ribeiro_21_marco_2013.pdf.txt3ce92e69455e4c1cdf0069550c7086b2MD521843/BUOS-97HJUK2019-11-14 12:51:17.703oai:repositorio.ufmg.br:1843/BUOS-97HJUKRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T15:51:17Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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