Atenção ao adulto jovem com câncer no Brasil: realidade e proposição de uma linha de cuidado recurso-adaptada.

• Autor(a) principal: Ana Izabela Moreira Kazzi
• Data de Publicação: 2023
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/57915
• topic: Adulto jovem; Sobreviventes de câncer; Diretrizes para o planejamento em saúde; Disparidades em assistência em saúde; Equipe de assistência ao paciente; Adulto Jovem; Sobreviventes de Câncer; Diretrizes para o Planejamento em Saúde; Disparidades em Assistência à Saúde; Equipe de Assistência ao Paciente; Dissertação Acadêmica

Introdução: O aumento na incidência do câncer em adultos jovens, associado a ganhos em sobrevida aquém daqueles observados em crianças e adultos mais velhos e, principalmente, a recente constatação de disparidades na assistência ofertada a essa população têm alarmado a comunidade oncológica. O reconhecimento de que os adultos jovens com câncer constituem uma população singular, fundamentado pelo seu comportamento biológico tumoral distinto e demandas específicas, corroboram que a assistência convencional seja insuficiente. O estudo atual tem como objetivo mapear o cenário assistencial dos adultos jovens com câncer em todo território nacional, na perspectiva dos médicos envolvidos no cuidado oncológico; e sequencialmente, desenvolver uma linha de cuidado recurso-adaptada exclusiva a essa população. Métodos: De janeiro a novembro de 2022, foi conduzido, entre oncologistas e outras especialidades médicas envolvidas no cuidado do paciente oncológico, uma pesquisa online de abrangência nacional, baseada em perguntas direcionadas, objetivando a coleta de dados referente ao cuidado do adulto jovem com câncer no Brasil. O questionário abordou desde características sociodemográficas dos participantes, até a disponibilidade de serviços especializados no tratamento dos adultos jovens com câncer, assim como o acesso a especialistas de fertilidade, oncogeneticistas, programas de seguimento, dentre outros. Os profissionais eram convidados a participar da pesquisa por meio de um e-mail com detalhes do projeto e link para termo de consentimento informado, que o respondente necessitava preencher antes de iniciar o questionário. Os dados foram analisados por meio de descrição comparativa, utilizando testes de comparação de proporções como o Teste Exato de Fisher e X2, quando apropriado, e estratificados de acordo com a região demográfica e perfil do serviço (público versus privado). Após esta etapa, evidências e diretrizes internacionais sobre a assistência ao adulto jovem com câncer foram analisadas para proposição de uma linha de cuidados recurso-adaptada. Resultados: Dos profissionais que participaram da pesquisa (n=249), 90% relataram a indisponibilidade de centros especializados no atendimento de adultos jovens com câncer. Apenas 20% possuíam acesso a fertileutas e 30% a programas de seguimento oncológico dentro da sua instituição. Um total de 43% dos entrevistados desconheciam a potencial cardiotoxicidade relacionada ao tratamento e não solicitavam avaliação cardio-oncológica de rotina. Além disso, 36% dos médicos nunca consideraram incluir seus pacientes adultos jovens com câncer em ensaios clínicos e 42% nunca solicitaram um painel germinativo. A falta de recursos humanos especializados foi particularmente evidente na região Norte do Brasil. Adicionalmente, quando analisado perfil público e privado, não houve diferença estatística em relação à disponibilidade de serviços especializados. Conclusão: Primeiro a mapear o panorama do cuidado com os adultos jovens com câncer no Brasil, o presente estudo identificou objetivamente fragilidades na assistência oncológica a este perfil de pacientes, revelando disparidades locorregionais e contribuindo com informações que servirão como estratégias para melhorias assistenciais a essa população.