Crianças e livros: a literatura a serviço da educação

• Autor(a) principal: Maria Thereza da Silva Pinel
• Data de Publicação: 2022
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/45389
• topic: Literatura infantil; Cecília Meireles; Educação; Criança leitora; Controle do imaginário; Meireles, Cecilia, 1901-1964. – Problemas da literatura infantil – Crítica e interpretação; Literatura infanto-juvenil – História e crítica; Livros e leitura para crianças

Esta pesquisa tem como foco de investigação a relação interdependente entre a literatura infantil e a instituição escolar, bem como seus desdobramentos quanto à qualidade literária. Para isso, a formulação do conceito de infância por Rousseau e o contexto de modernização que possibilitou o surgimento dessa categoria literária são retomados, explicitando os objetivos pedagógicos que ditam os rumos dessa produção desde o seu primórdio. Ressalta-se, ainda, que a renovação educacional dessa época se dava a partir do ideário burguês, que tinha como uma das intenções o condicionamento social correspondente aos seus valores. Com isso, os livros infantis se firmam enquanto ferramenta pedagógica de formação do leitor-criança-aluno, de modo que sua qualidade literária passa a depender também de sua função utilitária. No contexto brasileiro, Cecília Meireles se destaca como pioneira ao publicar a obra Problemas da Literatura Infantil (1951) — objeto de estudo que norteou este trabalho —, na qual reforça o importante papel da escola e dos mediadores de leitura, os preceitos humanistas e a visão tradicional ao debater a qualidade estética dos livros apresentados às crianças. Como contraponto a esse pensamento, são trazidas críticas aos critérios pedagógicos para se pensar a literatura, desenvolvidas desde a segunda metade do século XX, representadas aqui, principalmente, pelas vozes de Ana Maria Machado, Regina Zilberman, Marisa Lajolo, Ligia Cademartori, Edmir Perrotti, Peter Hunt e María Teresa Andruetto — que adotam uma perspectiva mais rigorosamente literária. Ao aproximar teoria e crítica literária da literatura infantil, nota-se certa resistência por parte da pedagogia em abandonar os critérios tradicionais, e, por outro lado, resistência da academia literária em legitimar a categoria, de modo que as produções para crianças ainda se encontram reféns do que Luiz Costa Lima (2007) chamou de controle do imaginário. Assim, entende-se que essa aproximação se faz cada vez mais necessária para que seja possível atingir a emancipação da literatura infantil em relação aos objetivos escolares, tendo como resultado a formação de leitores críticos, capazes de questionar e subverter o condicionamento social imputado a eles, ainda que indiretamente, através dos livros.