O estereótipo da rebeldia na adolescência: uma abordagem sociológica

• Autor(a) principal: Tulio Cunha Rossi
• Data de Publicação: 2007
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/VCSA-8BNSLH
• topic: Disposições comportamentais; Socialização; Rebeldia; Poder disciplinar; Autonomia; Sociologia; Antropologia; Adolescência

Este trabalho analisa o comportamento adolescente, inspirado principalmente na noção foucaultiana de poder disciplinar como relação que visa produzir indivíduos autônomos, considerando a adolescência como período em que a conquista da autonomia é superestimada e estimulada para a formação de indivíduos aptos à vida em sociedade. A rebeldia comumente atribuída aos adolescentes estaria associada não somente a tentativas de afirmação de autonomia, mas também à separação estrutural e institucional entre o mundo social mais amplo (reservado aos adultos) e o mundo infanto-juvenil, onde indivíduos são preparados para a vida em sociedade, mas sem participar plenamente dela. Tal separação assume seu aspecto mais estrutural nas instituições de ensino, que se ocupam fundamentalmente em formar indivíduos, transmitindo saberes majoritariamente teóricos sobre o mundo, estimulando uma abordagem reflexiva da realidade e fornecendo conhecimentos mínimos para que o indivíduo sinta-se capaz de definir o papel social que assumirá ao entrar na vida produtiva. Com estes saberes e outros adquiridos em relações e mídias diversas, os adolescentes discutem fundamentos mais práticos da vida em sociedade com referenciais teóricos e ideológicos, contestando o funcionamento e as imposições da sociedade, principalmente aquelas que se apresentam como restrições ao exercício de sua autonomia. Ao longo deste trabalho, observando estudantes do ensino médio em duas escolas e reunindo material bibliográfico diverso sobre disposições comportamentais, reprodução de normas e valores e comportamento desviante, argumento que a rebeldia atribuída aos adolescentes é mais uma classificação externa do que um caráter intrínseco a estes atores, sendo, muitas vezes, pouco reconhecido e reproduzido por eles.