Arte e política no romantismo alemão

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Gabriel Lago de Sousa Barroso
Data de Publicação: 2014
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/BUOS-9K9T8J
Resumo: Esta dissertação investiga a relação entre arte e política no pensamento do Romantismo alemão e, mais especificamente, no período chamado de Primeiro Romantismo (Frühromantik), tomando por base a obra de dois autores, Friedrich Schlegel e Novalis (Friedrich von Hardenberg). A arte ou a poesia, que é como os românticos chamam o princípio de criação que determina toda a atividade propriamente artística, atravessa como um elemento fundamental o pensamento primeiro romântico, formando a partir disso uma compreensão que se dirige ao problema do político. O trabalho busca interpretar essa relação, partindo do pensamento poético-filosófico dos autores, para desenvolver, então, as consequências disso em sua filosofia política e em sua filosofia do Estado. Leva-se em conta, para isso, tanto as perspectivas surgidas da revolução idealista e da crescente importância da arte neste período, quanto o horizonte histórico determinado pela Revolução Francesa, que cria um espaço ao mesmo tempo de crise e de abertura de possibilidades para um novo projeto de vida política e social. Assim, a partir de um imperativo estético e hermenêutico, o Romantismo formula uma solução conduzida pelo princípio poético para as questões políticas que surgem neste momento decisivo da Modernidade. No projeto de uma nova mitologia, os românticos articulam uma forma de legitimação e integração da comunidade orientada pela constituição de uma simbologia poética e de um imaginário coletivo, que busca reverter o diagnóstico da época moderna como um momento de dissolução da vida comum nos limites da esfera privada, bem como proporcionar, através do constate processo criativo, o rejuvenescimento da própria cultura. O ideal de formação (Bildung), por sua vez, é pensado pelo Primeiro Romantismo como uma política superior, isto é, uma via de integração das diversas esferas da cultura que, a princípio, encontram-se cindidas, bem como um modo de conquista da plenitude da existência humana. A formação vem a ser o sumo bem, e a finalidade do Estado enquanto forma de organização política. A partir disso, surge o conceito de Estado poético que, dirigido pelo imperativo estético, organiza-se através da relação entre eu e tu, como uma vida política na qual cada parte é reconhecida como mediadora do todo. Este conceito encontra-se diretamente ligado à crítica romântica da concepção iluminista de Estado enquanto máquina, que se orienta pela metáfora mecânica e, com isso, trata o cidadão segundo uma relação de causa e efeito, destituída do princípio de liberdade da ideia. Por fim, o trabalho busca compreender o projeto político do Romantismo formulado a partir da integração entre poesia e história. A história surge aqui não apenas como uma lida com o passado, mas como uma visão poética do futuro, que tem como finalidade a abertura criativa da possibilidade em meio à tensão com o presente, sob a forma de um projeto político de esclarecimento da humanidade.
id UFMG_438e7beee4be96faf07ef36eec5ff9f7
oai_identifier_str oai:repositorio.ufmg.br:1843/BUOS-9K9T8J
network_acronym_str UFMG
network_name_str Repositório Institucional da UFMG
repository_id_str
spelling Jose Luiz Borges HortaGiorgia CecchinatoPedro Süssekind Viveiros de CastroKarine SalgadoGabriel Lago de Sousa Barroso2019-08-10T04:18:30Z2019-08-10T04:18:30Z2014-02-21http://hdl.handle.net/1843/BUOS-9K9T8JEsta dissertação investiga a relação entre arte e política no pensamento do Romantismo alemão e, mais especificamente, no período chamado de Primeiro Romantismo (Frühromantik), tomando por base a obra de dois autores, Friedrich Schlegel e Novalis (Friedrich von Hardenberg). A arte ou a poesia, que é como os românticos chamam o princípio de criação que determina toda a atividade propriamente artística, atravessa como um elemento fundamental o pensamento primeiro romântico, formando a partir disso uma compreensão que se dirige ao problema do político. O trabalho busca interpretar essa relação, partindo do pensamento poético-filosófico dos autores, para desenvolver, então, as consequências disso em sua filosofia política e em sua filosofia do Estado. Leva-se em conta, para isso, tanto as perspectivas surgidas da revolução idealista e da crescente importância da arte neste período, quanto o horizonte histórico determinado pela Revolução Francesa, que cria um espaço ao mesmo tempo de crise e de abertura de possibilidades para um novo projeto de vida política e social. Assim, a partir de um imperativo estético e hermenêutico, o Romantismo formula uma solução conduzida pelo princípio poético para as questões políticas que surgem neste momento decisivo da Modernidade. No projeto de uma nova mitologia, os românticos articulam uma forma de legitimação e integração da comunidade orientada pela constituição de uma simbologia poética e de um imaginário coletivo, que busca reverter o diagnóstico da época moderna como um momento de dissolução da vida comum nos limites da esfera privada, bem como proporcionar, através do constate processo criativo, o rejuvenescimento da própria cultura. O ideal de formação (Bildung), por sua vez, é pensado pelo Primeiro Romantismo como uma política superior, isto é, uma via de integração das diversas esferas da cultura que, a princípio, encontram-se cindidas, bem como um modo de conquista da plenitude da existência humana. A formação vem a ser o sumo bem, e a finalidade do Estado enquanto forma de organização política. A partir disso, surge o conceito de Estado poético que, dirigido pelo imperativo estético, organiza-se através da relação entre eu e tu, como uma vida política na qual cada parte é reconhecida como mediadora do todo. Este conceito encontra-se diretamente ligado à crítica romântica da concepção iluminista de Estado enquanto máquina, que se orienta pela metáfora mecânica e, com isso, trata o cidadão segundo uma relação de causa e efeito, destituída do princípio de liberdade da ideia. Por fim, o trabalho busca compreender o projeto político do Romantismo formulado a partir da integração entre poesia e história. A história surge aqui não apenas como uma lida com o passado, mas como uma visão poética do futuro, que tem como finalidade a abertura criativa da possibilidade em meio à tensão com o presente, sob a forma de um projeto político de esclarecimento da humanidade.This thesis investigates the relation between art and politics on German Romanticisms thought and, more specifically, on the period known as First Romanticism (Frühromantik), taking as subject the work of two authors, Friedrich Schlegel e Novalis (Friedrich von Hardenberg). The art or the poetry, as the romantics call the principle of creation that determines any truly artistic activity, performs a fundamental role in the first romantic thought and allows the construction of a comprehension that faces the problem of the political. The research intends to interpret this relation, starting from the poetical-philosophical thought of the authors to develop, then, the consequences that follow on their political philosophy and their philosophy of the State. For that purpose, it is considered not only the perspectives that emerge from the idealist revolution and from the growing importance of art on that period, but also the historical horizon designed by the French Revolution, which creates a situation, at the same time, of crises and of disclosure of possibilities to a new project of social and political life. Therefore, standing from an aesthetics and hermeneutical imperative, Romanticism develops a solution to the political questions that arise at this decisive moment of Modernity, guided by the poetic principle. Inside the project of a new mythology, the romantics articulate a form of legitimation and integration of the community directed by the constitution of a poetical symbolism and a collective imaginary, that seeks to revert the diagnosis that presents the modern age as a moment of dissolution of common life into the boundaries of the private sphere, and also aims to provide, by the constant creative process, the rejuvenation of culture itself. The ideal of formation (Bildung), on its turn, is thought by the First Romanticism as a superior politics, which means, a path to integrate the different domains of culture that were, at first, found apart, as well as a means to conquer the plenitude of human existence. Formation turns out to be the supreme good and the objective of the State taken as a form of political organization. From this standpoint emerges the concept of poetic State that, conducted by the aesthetic imperative, organizes itself by the relationship between me and you, constituting a political life where each part is recognized as mediator of the whole. This concept is directly linked to the romantic criticism of the illuminist conception of the State as machine, which is guided by the mechanic metaphor and, as a result, treats the citizen according to a relation of cause and effect, deprived from the principle of freedom of thought. At last, the work intends to comprehend Romanticisms political project formulated by the integration between poetry and history. History is invoked here not only as a glance to the past, but also as a poetical vision of the future, that aims to the creative disclosure of possibilities in the midst of the tension with the present, framed as a political project of enlightening the humanity.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGNovalis, 1772-1801Ciência política FilosofiaSchlegel, Friedrich von, 1772-1829 Critica e interpretaçãoEstética FilosofiaArte FilosofiaModernidadeEstado Aspectos filosóficosFilosofia do EstadoTeoria da modernidadeRomantismo alemãoFilosofia políticaEstética e filosofia da arteArte e política no romantismo alemãoinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALgabriel_lago_dissertacao_versao_final.pdfapplication/pdf2187936https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-9K9T8J/1/gabriel_lago_dissertacao_versao_final.pdf2473e9fabe15f0e5e3fb430c29b4f504MD51TEXTgabriel_lago_dissertacao_versao_final.pdf.txtgabriel_lago_dissertacao_versao_final.pdf.txtExtracted texttext/plain1058933https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-9K9T8J/2/gabriel_lago_dissertacao_versao_final.pdf.txtaa326a87c1621e4b5001947364ece646MD521843/BUOS-9K9T8J2019-11-14 03:00:32.997oai:repositorio.ufmg.br:1843/BUOS-9K9T8JRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T06:00:32Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv Arte e política no romantismo alemão
title Arte e política no romantismo alemão
spellingShingle Arte e política no romantismo alemão
Gabriel Lago de Sousa Barroso
Filosofia do Estado
Teoria da modernidade
Romantismo alemão
Filosofia política
Estética e filosofia da arte
Novalis, 1772-1801
Ciência política Filosofia
Schlegel, Friedrich von, 1772-1829 Critica e interpretação
Estética Filosofia
Arte Filosofia
Modernidade
Estado Aspectos filosóficos
title_short Arte e política no romantismo alemão
title_full Arte e política no romantismo alemão
title_fullStr Arte e política no romantismo alemão
title_full_unstemmed Arte e política no romantismo alemão
title_sort Arte e política no romantismo alemão
author Gabriel Lago de Sousa Barroso
author_facet Gabriel Lago de Sousa Barroso
author_role author
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Jose Luiz Borges Horta
dc.contributor.advisor-co1.fl_str_mv Giorgia Cecchinato
dc.contributor.referee1.fl_str_mv Pedro Süssekind Viveiros de Castro
dc.contributor.referee2.fl_str_mv Karine Salgado
dc.contributor.author.fl_str_mv Gabriel Lago de Sousa Barroso
contributor_str_mv Jose Luiz Borges Horta
Giorgia Cecchinato
Pedro Süssekind Viveiros de Castro
Karine Salgado
dc.subject.por.fl_str_mv Filosofia do Estado
Teoria da modernidade
Romantismo alemão
Filosofia política
Estética e filosofia da arte
topic Filosofia do Estado
Teoria da modernidade
Romantismo alemão
Filosofia política
Estética e filosofia da arte
Novalis, 1772-1801
Ciência política Filosofia
Schlegel, Friedrich von, 1772-1829 Critica e interpretação
Estética Filosofia
Arte Filosofia
Modernidade
Estado Aspectos filosóficos
dc.subject.other.pt_BR.fl_str_mv Novalis, 1772-1801
Ciência política Filosofia
Schlegel, Friedrich von, 1772-1829 Critica e interpretação
Estética Filosofia
Arte Filosofia
Modernidade
Estado Aspectos filosóficos
description Esta dissertação investiga a relação entre arte e política no pensamento do Romantismo alemão e, mais especificamente, no período chamado de Primeiro Romantismo (Frühromantik), tomando por base a obra de dois autores, Friedrich Schlegel e Novalis (Friedrich von Hardenberg). A arte ou a poesia, que é como os românticos chamam o princípio de criação que determina toda a atividade propriamente artística, atravessa como um elemento fundamental o pensamento primeiro romântico, formando a partir disso uma compreensão que se dirige ao problema do político. O trabalho busca interpretar essa relação, partindo do pensamento poético-filosófico dos autores, para desenvolver, então, as consequências disso em sua filosofia política e em sua filosofia do Estado. Leva-se em conta, para isso, tanto as perspectivas surgidas da revolução idealista e da crescente importância da arte neste período, quanto o horizonte histórico determinado pela Revolução Francesa, que cria um espaço ao mesmo tempo de crise e de abertura de possibilidades para um novo projeto de vida política e social. Assim, a partir de um imperativo estético e hermenêutico, o Romantismo formula uma solução conduzida pelo princípio poético para as questões políticas que surgem neste momento decisivo da Modernidade. No projeto de uma nova mitologia, os românticos articulam uma forma de legitimação e integração da comunidade orientada pela constituição de uma simbologia poética e de um imaginário coletivo, que busca reverter o diagnóstico da época moderna como um momento de dissolução da vida comum nos limites da esfera privada, bem como proporcionar, através do constate processo criativo, o rejuvenescimento da própria cultura. O ideal de formação (Bildung), por sua vez, é pensado pelo Primeiro Romantismo como uma política superior, isto é, uma via de integração das diversas esferas da cultura que, a princípio, encontram-se cindidas, bem como um modo de conquista da plenitude da existência humana. A formação vem a ser o sumo bem, e a finalidade do Estado enquanto forma de organização política. A partir disso, surge o conceito de Estado poético que, dirigido pelo imperativo estético, organiza-se através da relação entre eu e tu, como uma vida política na qual cada parte é reconhecida como mediadora do todo. Este conceito encontra-se diretamente ligado à crítica romântica da concepção iluminista de Estado enquanto máquina, que se orienta pela metáfora mecânica e, com isso, trata o cidadão segundo uma relação de causa e efeito, destituída do princípio de liberdade da ideia. Por fim, o trabalho busca compreender o projeto político do Romantismo formulado a partir da integração entre poesia e história. A história surge aqui não apenas como uma lida com o passado, mas como uma visão poética do futuro, que tem como finalidade a abertura criativa da possibilidade em meio à tensão com o presente, sob a forma de um projeto político de esclarecimento da humanidade.
publishDate 2014
dc.date.issued.fl_str_mv 2014-02-21
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2019-08-10T04:18:30Z
dc.date.available.fl_str_mv 2019-08-10T04:18:30Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/masterThesis
format masterThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/1843/BUOS-9K9T8J
url http://hdl.handle.net/1843/BUOS-9K9T8J
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.publisher.initials.fl_str_mv UFMG
publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UFMG
instname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron:UFMG
instname_str Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron_str UFMG
institution UFMG
reponame_str Repositório Institucional da UFMG
collection Repositório Institucional da UFMG
bitstream.url.fl_str_mv https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-9K9T8J/1/gabriel_lago_dissertacao_versao_final.pdf
https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-9K9T8J/2/gabriel_lago_dissertacao_versao_final.pdf.txt
bitstream.checksum.fl_str_mv 2473e9fabe15f0e5e3fb430c29b4f504
aa326a87c1621e4b5001947364ece646
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1803589222941065216