A cobra e os poetas: uma mirada selvagem na literatura brasileira

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Mario Geraldo Rocha da Fonseca
Data de Publicação: 2013
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/ECAP-97NH6D
Resumo: Cobra é o termo principal desta pesquisa, constituindo um conceito, um mapa e um personagem, para defender a ideia de que, na literatura brasileira, existe uma linhagem de escritores que praticam o que a tese chama de escrita ofídica. Os três níveis mencionados (conceito, mapa, personagem) são articulados pela maneira de proceder da Cobra, queaqui recebe o nome de desvio. Dessa forma, a tese começa por definir o que é esse desvio, cotejando-o com alguns conceitos contemporâneos da teoria da literatura. Nos primeiros capítulos, procura estabelecer os lugares desse desvio, notadamente, aquele de onde foi alojado o conceito de indigenismo literário, ainda muito usado para estudar certalinhagem de escritores brasileiros que assumiram a figura do índio como referência fundamental para construir as suas literaturas. Propõe, assim, outra maneira de trabalhar com a chamada literatura indigenista e com os diálogos que ela assume a partir da Semana de Arte Moderna, em 1922. Com tal procedimento, delineia também outracartografia para a compreensão histórica dos chamados escritores indigenistas, e aplica o termo Cobra para sugerir um novo lugar que possa ser moldado não mais pelo referido conceito de indigenismo literário, mas pelo olhar que está emergindo da chamada literatura indígena, ou seja, pelos livros que estão chegando das aldeias. A partir dos mitos compilados, estudados e difundidos por meio de livros produzidos pelos próprios indígenas, ou por eles juntamente com estudiosos da literatura e da antropologia, de modo particular dos índios kaxinawa (Acre) e sateré-mawé ( Amazonas), a Cobra toma dimensão de um personagem que vai percorrer (mapa, história), analisar (teoria, método) e dialogar com o cânone literário indigenista e com suas invenções contemporâneas. Esse olhar da Cobra recebe também o nome de mirada selvagem, uma visão que se esforça para assumir um perspectivismo ameríndio, assim como é proposto por alguns estudiosos do campo da antropologia que se colocam nas sendas abertas pela filosofia selvagem de Nietzsche, Deleuze, Derrida, Agamben, além de Freud e Benjamin, entre outros.
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Nos primeiros capítulos, procura estabelecer os lugares desse desvio, notadamente, aquele de onde foi alojado o conceito de indigenismo literário, ainda muito usado para estudar certalinhagem de escritores brasileiros que assumiram a figura do índio como referência fundamental para construir as suas literaturas. Propõe, assim, outra maneira de trabalhar com a chamada literatura indigenista e com os diálogos que ela assume a partir da Semana de Arte Moderna, em 1922. Com tal procedimento, delineia também outracartografia para a compreensão histórica dos chamados escritores indigenistas, e aplica o termo Cobra para sugerir um novo lugar que possa ser moldado não mais pelo referido conceito de indigenismo literário, mas pelo olhar que está emergindo da chamada literatura indígena, ou seja, pelos livros que estão chegando das aldeias. A partir dos mitos compilados, estudados e difundidos por meio de livros produzidos pelos próprios indígenas, ou por eles juntamente com estudiosos da literatura e da antropologia, de modo particular dos índios kaxinawa (Acre) e sateré-mawé ( Amazonas), a Cobra toma dimensão de um personagem que vai percorrer (mapa, história), analisar (teoria, método) e dialogar com o cânone literário indigenista e com suas invenções contemporâneas. Esse olhar da Cobra recebe também o nome de mirada selvagem, uma visão que se esforça para assumir um perspectivismo ameríndio, assim como é proposto por alguns estudiosos do campo da antropologia que se colocam nas sendas abertas pela filosofia selvagem de Nietzsche, Deleuze, Derrida, Agamben, além de Freud e Benjamin, entre outros.Cobra (Snake) is the main term of this research. This is why it starts by proposing that the term refers to a concept, a map and a character, in order to defend the idea that, in Brazilian literature, there is a lineage of writers who practice what this thesis calls ophidian writing. The three mentioned levels (concept, map, character) are articulated by the Cobras own ways, which receives here the name of deviation. In this way, the thesis starts by defining what is this deviation, articulating it with some contemporary concepts of literary theory. In the first chapters, it seeks to establish the places of this deviation. The first deviation, therefore, is where was placed the notion of the literary representation of the indigenous, still very much used in the studies of a certain lineage of Brazilian writers who took to the Indian type as a fundamental reference to construct their literature. In this way, it proposes another way of working with the commonly called literary representation of the indigenous and with the related debates that issued from the Semana da Arte Moderna, in 1922. In this way, it proposes another cartography for the historicunderstanding of the commonly called writers of the indigenous. Thus it uses the term Cobra to articulate a new place that can be articulated not by the referred concept of literary representation of the indigenous, but by the look that is emerging from what is being called Indian literature, through the books that are arriving from the Indian settlements. From the compiled, studied and disseminated myths of the books produced bythe Indians themselves, or by themselves with anthropology and literature researchers, particularly the Kaxinawa Indians (State of Acre) and the Sateré-mawé (State of Amazon), the Cobra assumes the condition of a character that will travel (map, history), analyze (theory, method) and enter in dialogue with the canon of the literary representation of the indigenous and with its contemporary inventions. This look of the Cobra also receives the name of wild reading, because it refers to a vision that attempts to assume the perspective of the perspectivismo ameríndio as it is proposed by the researchers inanthropology who took to the openings of the wild philosophy of Nietzsche, Deleuze, Derrida, Agamben, as well as Freud and Benjamin, among others.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGIndios MaueIndianismo (Literatura)Indios da America do Sul AmazonasEscritores indígenasLiteratura comparadaLiteratura História e críticaIndios EscritaIndios da America do Sul AcreIndios CashinawaCobraIndigenismo literárioEscrita ofídicaLiteratura indígenaMirada selvagemLiteratura brasileiraA cobra e os poetas: uma mirada selvagem na literatura brasileirainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALa_cobra_e_os_poetas.pdfapplication/pdf462942https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/ECAP-97NH6D/1/a_cobra_e_os_poetas.pdf248ae2827f2952f83b664b3a9bbc936aMD51TEXTa_cobra_e_os_poetas.pdf.txta_cobra_e_os_poetas.pdf.txtExtracted texttext/plain302236https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/ECAP-97NH6D/2/a_cobra_e_os_poetas.pdf.txtd1e0c4af96e6b48cd0605f2ccbac2869MD521843/ECAP-97NH6D2019-11-14 21:08:03.45oai:repositorio.ufmg.br:1843/ECAP-97NH6DRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-15T00:08:03Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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