Ensino de ciências no contexto da Lei nº 10.639/2003 em tempos de pandemia do covid-19

• Autor(a) principal: Valeriana Christina de Melo e Sousa
• Data de Publicação: 2021
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/41948
• topic: Lei nº10.639/2003; Ensino de ciências; Relações étnico-raciais.; Brasil -- [Lei n. 10639, de 09 de janeiro de 2003]; Educação - Relações raciais; Educação - Relações étnicas; Ciências (Ensino fundamental) - Estudo e ensino

Tendo como base a Lei Nº 10.639/2003, que torna obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, essa pesquisa vai ao encontro das ações que visam fortalecer a perspectiva de uma formação em ciências implicada com a educação das relações étnico-raciais. Tem como objetivo propor possibilidades de compartilhamento de ideias, questionamentos e construções de compreensões entre professores e estudantes da educação básica sobre ciências em uma perspectiva antirracista e comprometida com as relações étnico-raciais. Para seu desenvolvimento, foram elaboradas propostas de atividades voltadas para estudantes de ciências do 3º ciclo da educação básica sobre a representatividade das mulheres negras na ciência, a reflexão sobre o racismo e a produção científica e os vírus, destacando o Sars cov-2, por estarmos desenvolvendo esse trabalho no contexto da pandemia do covid-19. As atividades foram apresentadas para professores de ciências do 3º ciclo/Fundamental II da rede municipal de Belo Horizonte em uma Oficina realizada de forma virtual, com três encontros de duas horas cada. Os encontros foram gravados e as falas transcritas e analisadas de modo a verificar as perspectivas dos participantes em relação às temáticas discutidas, assim como suas contribuições para as atividades propostas. Posteriormente, entrevistas foram realizadas com duas professoras participantes da Oficina para uma compreensão mais detalhada de suas trajetórias de formação pessoal e estudantil como mulheres negras e graduadas/pós-graduadas na área de ciências e sua prática docente, a partir de suas próprias construções identitárias. Como resultados da pesquisa, observou-se que as sugestões dos professores para as atividades envolveram propostas pedagógicas, relatos de experiências, sugestões de materiais e metodologias, possibilitando o enriquecimento da sequência de ensino apresentada. Já as ideias que se destacaram nas falas dos professores foram a visão estereotipada da ciência branca e eurocêntrica, os desafios de relacionar o ensino de ciências às temáticas raciais, o conceito biológico equivocado de raça e os efeitos sociais e históricos que isso implica, além da dificuldade de ter um trabalho coletivo junto com professores de outras disciplinas a respeito. A partir desses resultados e das vivências da própria pesquisadora, foram construídos três metatextos, na perspectiva da Análise Textual Discursiva de Moraes e Galiazzi (2004), de modo a desenvolver as principais construções feitas pelos participantes da pesquisa. Como produto do trabalho, desenvolvemos um material para professores de ciências com uma proposta de atividades voltada para o Fundamental II visando promover uma educação antirracista, assim como, textos formativos e informativos sobre estratégias e outras temáticas a serem abordadas nas suas práticas, em convergência com as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana (BRASIL, 2006) instituída pela Resolução nº 1 de 17 de junho de 2004, em decorrência da Lei Nº 10.639/2003. Consideramos que esse trabalho e seus produtos contribuem para a educação básica e a formação de professores de ciências no combate ao racismo estrutural, a partir da construção de ações educadoras mais humanas e igualitárias.