Alterações gástricas em potros submetidos ao estresse do desmame.

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Barbara Goloubeff
Data de Publicação: 2006
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/MASA-7B5GMN
Resumo: Foram avaliados 20 potros mestiços da raça Brasileiro de Hipismo com 160 dias de idade, criados na região de Florestal, estado de Minas Gerais, Brasil, nascidos entre dezembro de 2003 e março de 2004. O grupo era homogêneo, constituído de 12 fêmeas e oito machos, sendo 85% deles produtos do mesmo garanhão. Os potros foram submetidos ao desmame artificial abrupto, com o objetivo de conferir a instalação deestresse por deprivação materna, perturbação emocional, incerteza e deslocamento social. Com base nas observações clínicas e endoscópicas foi possível identificar dois grupos distintos: potros que já tinham desenvolvido alterações gástricas antes do desmame e um outro grupo que somente desenvolveu gastrite ao desmame. Foirealizada avaliação do estado imunológico pela realização de um westernblot semiquantitativo para determinação de concentrações por uma dupla identificação de anticorpos específicos para a cadeia das imunoglobulinas eqüinas. O ensaio foi efetuado com antígenos heterólogos (extrato de E. coli) e autoantígenos eqüinos (extratohepático). O ensaio feito com extrato de fígado permitiu discriminar entre os perfis de reatividade de IgG nos três momentos em que as amostras foram obtidas: antes, depois e tardiamente ao desmame, surgindo uma diferença extremamente clara e significativa (P= 0,038/Mann Whitney). A ausência de reação frente ao painel de antígenos heterólogos autoriza o diagnóstico de um processo autoimune, nominalmente a gastriteautoimune. Foi observada anemia discreta em alguns animais, com severa elevação de plaquetas e leucocitose fisiológica por estresse, com elevação significativa de gastrina, após o desmame. Endoscopias realizadas seqüencialmente, duas semanas antes do desmame, 24 horas após e duas semanas após este, permitiram visualizar erosões egastrite um dia após o desmame, constatados de forma clara, e acompanhados de bruxismo, halitose e perda de peso. À histologia, foi encontrada uma gastrite linfocitária, principalmente nas regiões de corpo e margo plicatus, sendo menos freqüente na região do antro. Ainda, a coloração histoquímica evidenciou metaplasia intestinal, possivelmente como resquício de expressão fenotípica de mucinas ácidas fetais, eventualmente agravada pelo quadro de gastrite. Resultados positivos para atividade de urease, mesmo que tardios, sugerem a presença de microorganismos do tipo Helicobacter, colonizando de forma precoce o estômago eqüino. Fatores emocionais, de forma indiscutível, têm importante relação com as crises ulcerosas do estômago, sugerindo que os eqüinos têm inscrito no seu etograma emoções muito fortes e evidentes. O desmame é um período crítico na vida do eqüino e o desmame abrupto é fonte de intensa ansiedade e perda de homeostasia imunológica, traduzido na forma de um estresse pós-traumático, de memória duradoura, gerador de diversos distúrbiosfísicos e comportamentais. A gastrite e suas complicações são palaramente multifatoriais e todos os esforços devem ser empreendidos para minimizar os efeitos do estresse pelodesmame artificial.
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spelling Maristela Silveira PalharesGuilherme Ribeiro do ValleCristiano Machado GontijoErnane Fagundes do NascimentoAdolfo Firmino da Silva NetoBarbara Goloubeff2019-08-11T11:01:39Z2019-08-11T11:01:39Z2006-06-06http://hdl.handle.net/1843/MASA-7B5GMNForam avaliados 20 potros mestiços da raça Brasileiro de Hipismo com 160 dias de idade, criados na região de Florestal, estado de Minas Gerais, Brasil, nascidos entre dezembro de 2003 e março de 2004. O grupo era homogêneo, constituído de 12 fêmeas e oito machos, sendo 85% deles produtos do mesmo garanhão. Os potros foram submetidos ao desmame artificial abrupto, com o objetivo de conferir a instalação deestresse por deprivação materna, perturbação emocional, incerteza e deslocamento social. Com base nas observações clínicas e endoscópicas foi possível identificar dois grupos distintos: potros que já tinham desenvolvido alterações gástricas antes do desmame e um outro grupo que somente desenvolveu gastrite ao desmame. Foirealizada avaliação do estado imunológico pela realização de um westernblot semiquantitativo para determinação de concentrações por uma dupla identificação de anticorpos específicos para a cadeia das imunoglobulinas eqüinas. O ensaio foi efetuado com antígenos heterólogos (extrato de E. coli) e autoantígenos eqüinos (extratohepático). O ensaio feito com extrato de fígado permitiu discriminar entre os perfis de reatividade de IgG nos três momentos em que as amostras foram obtidas: antes, depois e tardiamente ao desmame, surgindo uma diferença extremamente clara e significativa (P= 0,038/Mann Whitney). A ausência de reação frente ao painel de antígenos heterólogos autoriza o diagnóstico de um processo autoimune, nominalmente a gastriteautoimune. Foi observada anemia discreta em alguns animais, com severa elevação de plaquetas e leucocitose fisiológica por estresse, com elevação significativa de gastrina, após o desmame. Endoscopias realizadas seqüencialmente, duas semanas antes do desmame, 24 horas após e duas semanas após este, permitiram visualizar erosões egastrite um dia após o desmame, constatados de forma clara, e acompanhados de bruxismo, halitose e perda de peso. À histologia, foi encontrada uma gastrite linfocitária, principalmente nas regiões de corpo e margo plicatus, sendo menos freqüente na região do antro. Ainda, a coloração histoquímica evidenciou metaplasia intestinal, possivelmente como resquício de expressão fenotípica de mucinas ácidas fetais, eventualmente agravada pelo quadro de gastrite. Resultados positivos para atividade de urease, mesmo que tardios, sugerem a presença de microorganismos do tipo Helicobacter, colonizando de forma precoce o estômago eqüino. Fatores emocionais, de forma indiscutível, têm importante relação com as crises ulcerosas do estômago, sugerindo que os eqüinos têm inscrito no seu etograma emoções muito fortes e evidentes. O desmame é um período crítico na vida do eqüino e o desmame abrupto é fonte de intensa ansiedade e perda de homeostasia imunológica, traduzido na forma de um estresse pós-traumático, de memória duradoura, gerador de diversos distúrbiosfísicos e comportamentais. A gastrite e suas complicações são palaramente multifatoriais e todos os esforços devem ser empreendidos para minimizar os efeitos do estresse pelodesmame artificial.This study evaluated 20 160-day-old foals half-bred Brasileiro de Hipismo, raised in Florestal area, state of Minas Gerais, Brazil, born between December 2003 and March 2004. The group was homogeneous, constituted of 12 fillies and 8 colts, 85% of themoriginated from the same stallion. The foals were submitted to abrupt artificial weaning, aiming to produce stress by maternal deprivation, emotional disturbance, uncertainty, and adjustment problems. Based on clinical and endoscopic observation, it was possible to identify two distinct groups: foals that have already had developed gastric changes prior to weaning, and another group that has developed gastritis uponweaning. It was performed an immunologic assessment using a semi quantitative Westernblot to determine concentrations through a double identification of specific antibodies for the ã chain of equine immunoglobulins. The experiment was performed with heterologous antigens (E. coli extract) and equine auto antigens (hepatic extract).The experiment with hepatic extract allowed the differentiation between the IgG reaction profile on the three moments when samples were collected: before, subsequent, and after the weaning, suggesting an extremely clear and significant difference (P= 0,038/Mann Whitney). The absence of reaction to the heterologous antigen panel provides the diagnosis of an autoimmune process, namely the autoimmune gastritis. It was observed a mild anemia in some animals, with severe platelet rise and physiologic leukocytosis caused by stress, with a significant increase of gastrin after weaning. Endoscopies were performed sequentially, two weeks before, 24 hours later, and two weeks after weaning, allowing a clearly verifiable visualization of erosions and gastritis one day after weaning, and followed by bruxism, halitosis and weight-loss. Upon histology, lymphocytic gastritis was discovered, especially at the corpus and margo plicatus areas, being less frequent at the antrum area. Yet, the histochemical coloration revealed intestinal metaplasia, possibly as a residue of phenotypic expression of acidfetal mucines, eventually aggravated by gastritis condition. Positive results to urease activity, even if delayed, suggest the presence of Helicobacter-like microorganisms, precociously colonizing the equine stomach. Emotional factors have an indisputable relationship with the ulcerous stomach episodes, suggesting that the equines have verystrong and distinct emotions engraved in their ethogram. Weaning is a critical period in equines lives, and abrupt weaning is a source of severe anxiety and loss of immunologic homeostasis, evidenced as post-traumatic stress, of permanent duration, causing several physical and behavioral disorders. Gastritis and its complications are clearlycaused by multiple factors, and all efforts must be taken to minimize stress consequences of artificial weaningUniversidade Federal de Minas GeraisUFMGEndoscopia veterináriaMetaplasiaEstomago InflamaçãoUreaseEqüino DoençaspotroeqüinoAlterações gástricas em potros submetidos ao estresse do desmame.info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALtese_barbara_goloubeff.pdfapplication/pdf2992710https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/MASA-7B5GMN/1/tese_barbara_goloubeff.pdf1af822007197862d0c0c5ccf7243b2f3MD51TEXTtese_barbara_goloubeff.pdf.txttese_barbara_goloubeff.pdf.txtExtracted texttext/plain440488https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/MASA-7B5GMN/2/tese_barbara_goloubeff.pdf.txtcd0274056e691fc793ce90c73684dd84MD521843/MASA-7B5GMN2019-11-14 03:29:44.697oai:repositorio.ufmg.br:1843/MASA-7B5GMNRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T06:29:44Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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