Maturidade do ator: ofício e cultivo de si

• Autor(a) principal: Priscilla de Queiroz Duarte
• Data de Publicação: 2019
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/31828
• topic: Ator; Maturidade artística; Dimensão laboratorial; Trabalho sobre si; Cultivo de si; Atores; Representação teatral; Teatro - Séc. XX-XXI; Teses EBA

A presente pesquisa é uma reflexão sobre a maturidade artística, a partir da experiência de quatro atores europeus, todos com mais de sessenta anos de idade, que se formaram entre os anos 1960-1970, e que trabalham em uma dimensão laboratorial, que relaciona-se a um trabalho sobre si. É estabelecida uma ligação entre essa maturidade e as tensões que se criam com os tempos “sem ritmo” da contemporaneidade. Os quatro atores são: Iben Nagel Rasmussen, do Odin Teatret (Dinamarca), Beppe Chierichetti e Luigia Calcaterra, do Teatro Tascabile di Bergamo (Itália) e François Kahn (França). Confronta-se o tema da pesquisa ao experimento cênico O Cântaro realizado pela pesquisadora, a partir do romance A Caverna, de José Saramago, sob a orientação de François Kahn. No primeiro capítulo, segue-se uma discussão sobre a relação entre ficção e realidade, assim como sobre a questão do Sujeito como self e do cultivo de si. Apresentam-se os conceitos de artista e de artesão em Mário de Andrade, e de artífice e trabalho bem-feito, em Richard Sennett. A maturidade artística em Constantin Stanislavski é destacada, assim como o conceito de flor nas diversas etapas da vida de um ator nō, a partir de Motokyio Zeami. Por fim, discute-se a noção de presença do ator na cena contemporânea. No segundo capítulo, destacam-se os contextos históricos dos teatros-laboratório dos anos 1960-1970 na Europa, e especificamente dos grupos ou realidades nas quais atuam os atores participantes da pesquisa, o Odin Teatret (Dinamarca), o Teatro Tascabile di Bergamo (Itália) e as diversas atividades de François Kahn, do parateatro (Polônia), com Jerzy Grotowski ao Teatro da Camera (Itália e França). No terceiro capítulo, apresentam-se quatro propostas para a maturidade do ator no terceiro milênio, associadas aos sujeitos participantes da pesquisa: Iben Nagel Rasmussen, transparência; François Kahn, silêncio; Beppe Chierichetti, vulnerabilidade e Luigia Calcaterra, abandono. No quarto capítulo, aponta-se o sentimento como possível qualidade que norteia a trajetória da pesquisadora e discorre-se sobre a escolha da palavra como principal veículo expressivo para a cena. Por fim, discute-se sobre a adaptação do romance A Caverna, de José Saramago para o experimento cênico O Cântaro, sob orientação de François Kahn, refletindo-se sobre a opção pela ficção.