O real do egresso do sistema prisional: circulação de normas, valores e vulnerabilidades

• Autor(a) principal: Carolyne Reis Barros
• Data de Publicação: 2011
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/BUBD-9MVQ27
• topic: Egresso do sistema prisional; Criminologia crítica; Abolicionismo penal; Ergologia; Reintegração social; Reabilitação de criminosos; Psicologia; Reintegração social

Esta pesquisa busca apreender por meio da pesquisa-ação e entrevistas em profundidade, o real vivido pelo egresso do sistema prisional, ou seja, normas legais/ilegais, implícitas/explícitas que circulam no que se chama de zona de vulnerabilidade pós-prisão. Os sujeitos de pesquisa são egressos da Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (APAC) de Santa Luzia-MG que tiveramuma trajetória de vida como egresso do sistema prisional comum, e presos desta instituição que também foram ex-presos de outras unidades prisionais. Os aportes teóricos utilizados na pesquisa foram o Realismo Marginal, dentro da Criminologia Crítica, como teoria que deslegitima o sistema penal, e a Ergologia como uma perspectiva que lança um olhar dialético sobre a atividade humana e uma postura ética diante da pesquisa e dos sujeitos. Tal postura orienta-se a partir da horizontalidade entre os saberes que circulam na pesquisa e do desconforto intelectual diante da inesgotabilidade do real. Sendo assim, destacam-se algumas situações vividas pelos egressos: as marcas indeléveis deixadas pela prisão, como a prisionalização, situações de vergonha, preconceito, estigma e humilhação que seentrelaçam no cotidiano, a relação com a família, com o Estado e com as drogas envolvendo o seu uso e o comércio. Tais elementos constituem-se como desafios à vida na legalidade, convocando os egressos a um debate de normas, e um mundo de valores que ultrapassam as leis abstratas, as estatísticas e os perfis. Por fim, estetrabalho pretende denunciar que a reintegração social é um desafio, uma luta que o egresso enfrenta no cotidiano, pois as condições concretas de vida não oferecem possibilidades diferentes da vida no crime. A partir desta insuficiência de lidar com a criminalidade por meio do sistema penal e da prisão, engajamos na luta por formas diferentes de lidar com o conflito na sociedade e pela superação do sistema penal e suas prisões.