Cidadania financeira ou financeirização da cidadania? : uma leitura crítica da visão de cidadania no Banco Central do Brasil sob a ótica da administração pública societal

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Ricardo Vinicius Cornélio dos Santos e Carvalho
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/64722
https://orcid.org/0000-0002-0553-7785
Resumo: A cidadania financeira é um conceito recente impulsionado pela crise econômica de 2008, e que, no caso brasileiro, foi definido e está sendo difundido pelo Banco Central do Brasil (BCB), sob influência do processo de financeirização e de aumento da desigualdade que marcam o capitalismo atual. O objetivo deste trabalho é compreender como se chegou a este conceito no país, investigando as razões que fizeram com que uma agenda de cidadania fosse incorporada por um órgão, tradicionalmente, pouco afeito às questões sociopolíticas que este assunto evoca. Para tanto, partiu-se do pressuposto de que cidadania e Administração Pública guardam uma relação intrínseca, um vínculo que o gerencialismo enfraqueceu, mas que a Administração Pública Societal recupera ao enfatizar a dimensão sociopolítica. Tendo como base a Teoria Crítica, que enxerga os fenômenos sociais como historicamente situados e dialeticamente construídos, discutiu-se o surgimento da cidadania atual e da Administração Pública (burocracia) como produtos da Modernidade de inspiração no mundo antigo. Recorre-se, então, à crítica de Habermas a esta, em sua leitura de Max Weber, e à visão de cidadania como o direito a ter direitos, de Hannah Arendt, para contrapor-se a definição de cidadania de Thomas H. Marshall – moderna e progressiva – como evolução linear de direitos civis, políticos e sociais. A partir dessa discussão, reconstrói-se a trajetória da Administração Pública e da cidadania no Brasil, dialogando-se com as principais teorias de pesquisadores(as) brasileiros(as) sobre o tema. Demonstra-se, ao final, por meio desta reconstrução histórica, do debate teórico e de entrevistas de 25 lideranças associadas ao BCB, que o conceito de cidadania financeira não surge espontaneamente no órgão, mas é fruto de uma disputa na sociedade entre os projetos políticos democrático-participativos, autoritário e neoliberal, como parte de um longo embate dialético entre autoritarismo e democracia, política e técnica, desenvolvimentismo e liberalismo, público e privado. Trata-se de um conceito-síntese de um processo que é, na verdade, de financeirização da cidadania, mediado por uma burocracia cuja liderança tecnocrática não incorpora a dimensão sociopolítica reivindicada pela Administração Pública Societal e que condiciona a fruição de direitos à boa gestão de recursos financeiros por parte da população, transformando o direito a ter direitos em dinheiro para ter direitos.
id UFMG_6a2829dffdbdc3c5601630f86886747b
oai_identifier_str oai:repositorio.ufmg.br:1843/64722
network_acronym_str UFMG
network_name_str Repositório Institucional da UFMG
repository_id_str
spelling Ana Paula Paes de Paulahttp://lattes.cnpq.br/4117542128793688Roberto Gonzalez DuarteFrederico José Lustosa da Costahttp://lattes.cnpq.br/9303320671941400Ricardo Vinicius Cornélio dos Santos e Carvalho2024-02-26T17:55:04Z2024-02-26T17:55:04Z2019-12-05http://hdl.handle.net/1843/64722https://orcid.org/0000-0002-0553-7785A cidadania financeira é um conceito recente impulsionado pela crise econômica de 2008, e que, no caso brasileiro, foi definido e está sendo difundido pelo Banco Central do Brasil (BCB), sob influência do processo de financeirização e de aumento da desigualdade que marcam o capitalismo atual. O objetivo deste trabalho é compreender como se chegou a este conceito no país, investigando as razões que fizeram com que uma agenda de cidadania fosse incorporada por um órgão, tradicionalmente, pouco afeito às questões sociopolíticas que este assunto evoca. Para tanto, partiu-se do pressuposto de que cidadania e Administração Pública guardam uma relação intrínseca, um vínculo que o gerencialismo enfraqueceu, mas que a Administração Pública Societal recupera ao enfatizar a dimensão sociopolítica. Tendo como base a Teoria Crítica, que enxerga os fenômenos sociais como historicamente situados e dialeticamente construídos, discutiu-se o surgimento da cidadania atual e da Administração Pública (burocracia) como produtos da Modernidade de inspiração no mundo antigo. Recorre-se, então, à crítica de Habermas a esta, em sua leitura de Max Weber, e à visão de cidadania como o direito a ter direitos, de Hannah Arendt, para contrapor-se a definição de cidadania de Thomas H. Marshall – moderna e progressiva – como evolução linear de direitos civis, políticos e sociais. A partir dessa discussão, reconstrói-se a trajetória da Administração Pública e da cidadania no Brasil, dialogando-se com as principais teorias de pesquisadores(as) brasileiros(as) sobre o tema. Demonstra-se, ao final, por meio desta reconstrução histórica, do debate teórico e de entrevistas de 25 lideranças associadas ao BCB, que o conceito de cidadania financeira não surge espontaneamente no órgão, mas é fruto de uma disputa na sociedade entre os projetos políticos democrático-participativos, autoritário e neoliberal, como parte de um longo embate dialético entre autoritarismo e democracia, política e técnica, desenvolvimentismo e liberalismo, público e privado. Trata-se de um conceito-síntese de um processo que é, na verdade, de financeirização da cidadania, mediado por uma burocracia cuja liderança tecnocrática não incorpora a dimensão sociopolítica reivindicada pela Administração Pública Societal e que condiciona a fruição de direitos à boa gestão de recursos financeiros por parte da população, transformando o direito a ter direitos em dinheiro para ter direitos.Financial citizenship is a concept that has become preeminent after the 2008 economic crisis, being developed under the influence of the dual process of financialization and increasing inequality that characterizes today’s capitalism. In Brazil, its Central Bank is currently responsible for its formulation and dissemination. The main goal of this research, therefore, is to understand how this concept was brought to the Brazilian society, investigating the reasons that led this citizenship agenda to be adopted by an institution traditionally averse to sociopolitical issues of this kind. To do so, we assume that citizenship and Public Administration have an intrinsic relationship. A bond that was weakened by managerialism but that has been recovered by the Brazilian theory of Societal Public Management, a theory that highlights the sociopolitical dimension of Public Administration. With Critical Theory underpinnings, a perspective that comprehend social phenomena as historical and dialectally determined, this research paper draws back the origins of current citizenship and Public Administration (bureaucracy) to the Modern Era, which was influenced, in its turn, by the early concepts on these issues of the Classical Antiquity. Habermas critique of Modernity, a dialogue with Max Weber’s instrumental and substantive rationality, and Hannah Arendt’s right to have rights, are used to discuss the traditional sense of citizenship given by Thomas H. Marshall, an heir of the Modern concept of citizenship viewed as a linear progressive evolution of civil, political and social rights. After this general discussion, the Brazilian history of citizenship and Public Administration is presented with a summary of Brazilian scholar’s debate about them. At the end, the Brazilian historical analysis, its theoretical debate, and the interviews of 25 leaders of Central Bank of Brazil (CBC) demonstrate that financial citizenship was not a spontaneous act of sociopolitical engagement in CBC. It was the result of a dispute in society between democratic-participatory, authoritarian and neoliberal political projects, as part of a long dialectical struggle between authoritarianism and democracy, politics and technique, developmentalism and liberalism, public and private. It is a concept-synthesis of a process that is, in fact, the financialization of citizenship, mediated by a bureaucracy whose technocratic leadership does not incorporate the sociopolitical dimension claimed by the Societal Public Management, and that establishes financial resource management as a requirement to enjoyment of rights, transforming the right to have rights into have money to have rights.porUniversidade Federal de Minas GeraisPrograma de Pós-Graduação em AdministraçãoUFMGBrasilFACE - FACULDADE DE CIENCIAS ECONOMICASCidadaniaBrasilAdministração públicaBancos centraisCidadaniaFinanceirizaçãoDesigualdadeAdministração públicaBanco CentralCidadania financeira ou financeirização da cidadania? : uma leitura crítica da visão de cidadania no Banco Central do Brasil sob a ótica da administração pública societalFinancial citizenship or citizenship financialization? : a critical reading on the Central Bank of Brazil’s approach to citizenship according to the societal public management theoryinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALCidadania_Financeira_ou_Financeirização_da_Cidadania-Ricardo_Carvalho.pdfCidadania_Financeira_ou_Financeirização_da_Cidadania-Ricardo_Carvalho.pdfapplication/pdf3126308https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/64722/1/Cidadania_Financeira_ou_Financeiriza%c3%a7%c3%a3o_da_Cidadania-Ricardo_Carvalho.pdf511c5fbd0307c599e2cafdb7e246157aMD51LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-82119https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/64722/2/license.txt34badce4be7e31e3adb4575ae96af679MD521843/647222024-02-26 14:55:04.831oai:repositorio.ufmg.br:1843/64722TElDRU7Dh0EgREUgRElTVFJJQlVJw4fDg08gTsODTy1FWENMVVNJVkEgRE8gUkVQT1NJVMOTUklPIElOU1RJVFVDSU9OQUwgREEgVUZNRwoKQ29tIGEgYXByZXNlbnRhw6fDo28gZGVzdGEgbGljZW7Dp2EsIHZvY8OqIChvIGF1dG9yIChlcykgb3UgbyB0aXR1bGFyIGRvcyBkaXJlaXRvcyBkZSBhdXRvcikgY29uY2VkZSBhbyBSZXBvc2l0w7NyaW8gSW5zdGl0dWNpb25hbCBkYSBVRk1HIChSSS1VRk1HKSBvIGRpcmVpdG8gbsOjbyBleGNsdXNpdm8gZSBpcnJldm9nw6F2ZWwgZGUgcmVwcm9kdXppciBlL291IGRpc3RyaWJ1aXIgYSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIChpbmNsdWluZG8gbyByZXN1bW8pIHBvciB0b2RvIG8gbXVuZG8gbm8gZm9ybWF0byBpbXByZXNzbyBlIGVsZXRyw7RuaWNvIGUgZW0gcXVhbHF1ZXIgbWVpbywgaW5jbHVpbmRvIG9zIGZvcm1hdG9zIMOhdWRpbyBvdSB2w61kZW8uCgpWb2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBjb25oZWNlIGEgcG9sw610aWNhIGRlIGNvcHlyaWdodCBkYSBlZGl0b3JhIGRvIHNldSBkb2N1bWVudG8gZSBxdWUgY29uaGVjZSBlIGFjZWl0YSBhcyBEaXJldHJpemVzIGRvIFJJLVVGTUcuCgpWb2PDqiBjb25jb3JkYSBxdWUgbyBSZXBvc2l0w7NyaW8gSW5zdGl0dWNpb25hbCBkYSBVRk1HIHBvZGUsIHNlbSBhbHRlcmFyIG8gY29udGXDumRvLCB0cmFuc3BvciBhIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gcGFyYSBxdWFscXVlciBtZWlvIG91IGZvcm1hdG8gcGFyYSBmaW5zIGRlIHByZXNlcnZhw6fDo28uCgpWb2PDqiB0YW1iw6ltIGNvbmNvcmRhIHF1ZSBvIFJlcG9zaXTDs3JpbyBJbnN0aXR1Y2lvbmFsIGRhIFVGTUcgcG9kZSBtYW50ZXIgbWFpcyBkZSB1bWEgY8OzcGlhIGRlIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gcGFyYSBmaW5zIGRlIHNlZ3VyYW7Dp2EsIGJhY2stdXAgZSBwcmVzZXJ2YcOnw6NvLgoKVm9jw6ogZGVjbGFyYSBxdWUgYSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIMOpIG9yaWdpbmFsIGUgcXVlIHZvY8OqIHRlbSBvIHBvZGVyIGRlIGNvbmNlZGVyIG9zIGRpcmVpdG9zIGNvbnRpZG9zIG5lc3RhIGxpY2Vuw6dhLiBWb2PDqiB0YW1iw6ltIGRlY2xhcmEgcXVlIG8gZGVww7NzaXRvIGRlIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gbsOjbywgcXVlIHNlamEgZGUgc2V1IGNvbmhlY2ltZW50bywgaW5mcmluZ2UgZGlyZWl0b3MgYXV0b3JhaXMgZGUgbmluZ3XDqW0uCgpDYXNvIGEgc3VhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBjb250ZW5oYSBtYXRlcmlhbCBxdWUgdm9jw6ogbsOjbyBwb3NzdWkgYSB0aXR1bGFyaWRhZGUgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzLCB2b2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBvYnRldmUgYSBwZXJtaXNzw6NvIGlycmVzdHJpdGEgZG8gZGV0ZW50b3IgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzIHBhcmEgY29uY2VkZXIgYW8gUmVwb3NpdMOzcmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgZGEgVUZNRyBvcyBkaXJlaXRvcyBhcHJlc2VudGFkb3MgbmVzdGEgbGljZW7Dp2EsIGUgcXVlIGVzc2UgbWF0ZXJpYWwgZGUgcHJvcHJpZWRhZGUgZGUgdGVyY2Vpcm9zIGVzdMOhIGNsYXJhbWVudGUgaWRlbnRpZmljYWRvIGUgcmVjb25oZWNpZG8gbm8gdGV4dG8gb3Ugbm8gY29udGXDumRvIGRhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBvcmEgZGVwb3NpdGFkYS4KCkNBU08gQSBQVUJMSUNBw4fDg08gT1JBIERFUE9TSVRBREEgVEVOSEEgU0lETyBSRVNVTFRBRE8gREUgVU0gUEFUUk9Dw41OSU8gT1UgQVBPSU8gREUgVU1BIEFHw4pOQ0lBIERFIEZPTUVOVE8gT1UgT1VUUk8gT1JHQU5JU01PLCBWT0PDiiBERUNMQVJBIFFVRSBSRVNQRUlUT1UgVE9ET1MgRSBRVUFJU1FVRVIgRElSRUlUT1MgREUgUkVWSVPDg08gQ09NTyBUQU1Cw4lNIEFTIERFTUFJUyBPQlJJR0HDh8OVRVMgRVhJR0lEQVMgUE9SIENPTlRSQVRPIE9VIEFDT1JETy4KCk8gUmVwb3NpdMOzcmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgZGEgVUZNRyBzZSBjb21wcm9tZXRlIGEgaWRlbnRpZmljYXIgY2xhcmFtZW50ZSBvIHNldSBub21lKHMpIG91IG8ocykgbm9tZXMocykgZG8ocykgZGV0ZW50b3IoZXMpIGRvcyBkaXJlaXRvcyBhdXRvcmFpcyBkYSBwdWJsaWNhw6fDo28sIGUgbsOjbyBmYXLDoSBxdWFscXVlciBhbHRlcmHDp8OjbywgYWzDqW0gZGFxdWVsYXMgY29uY2VkaWRhcyBwb3IgZXN0YSBsaWNlbsOnYS4KCg==Repositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2024-02-26T17:55:04Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv Cidadania financeira ou financeirização da cidadania? : uma leitura crítica da visão de cidadania no Banco Central do Brasil sob a ótica da administração pública societal
dc.title.alternative.pt_BR.fl_str_mv Financial citizenship or citizenship financialization? : a critical reading on the Central Bank of Brazil’s approach to citizenship according to the societal public management theory
title Cidadania financeira ou financeirização da cidadania? : uma leitura crítica da visão de cidadania no Banco Central do Brasil sob a ótica da administração pública societal
spellingShingle Cidadania financeira ou financeirização da cidadania? : uma leitura crítica da visão de cidadania no Banco Central do Brasil sob a ótica da administração pública societal
Ricardo Vinicius Cornélio dos Santos e Carvalho
Cidadania
Financeirização
Desigualdade
Administração pública
Banco Central
Cidadania
Brasil
Administração pública
Bancos centrais
title_short Cidadania financeira ou financeirização da cidadania? : uma leitura crítica da visão de cidadania no Banco Central do Brasil sob a ótica da administração pública societal
title_full Cidadania financeira ou financeirização da cidadania? : uma leitura crítica da visão de cidadania no Banco Central do Brasil sob a ótica da administração pública societal
title_fullStr Cidadania financeira ou financeirização da cidadania? : uma leitura crítica da visão de cidadania no Banco Central do Brasil sob a ótica da administração pública societal
title_full_unstemmed Cidadania financeira ou financeirização da cidadania? : uma leitura crítica da visão de cidadania no Banco Central do Brasil sob a ótica da administração pública societal
title_sort Cidadania financeira ou financeirização da cidadania? : uma leitura crítica da visão de cidadania no Banco Central do Brasil sob a ótica da administração pública societal
author Ricardo Vinicius Cornélio dos Santos e Carvalho
author_facet Ricardo Vinicius Cornélio dos Santos e Carvalho
author_role author
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Ana Paula Paes de Paula
dc.contributor.advisor1Lattes.fl_str_mv http://lattes.cnpq.br/4117542128793688
dc.contributor.referee1.fl_str_mv Roberto Gonzalez Duarte
dc.contributor.referee2.fl_str_mv Frederico José Lustosa da Costa
dc.contributor.authorLattes.fl_str_mv http://lattes.cnpq.br/9303320671941400
dc.contributor.author.fl_str_mv Ricardo Vinicius Cornélio dos Santos e Carvalho
contributor_str_mv Ana Paula Paes de Paula
Roberto Gonzalez Duarte
Frederico José Lustosa da Costa
dc.subject.por.fl_str_mv Cidadania
Financeirização
Desigualdade
Administração pública
Banco Central
topic Cidadania
Financeirização
Desigualdade
Administração pública
Banco Central
Cidadania
Brasil
Administração pública
Bancos centrais
dc.subject.other.pt_BR.fl_str_mv Cidadania
Brasil
Administração pública
Bancos centrais
description A cidadania financeira é um conceito recente impulsionado pela crise econômica de 2008, e que, no caso brasileiro, foi definido e está sendo difundido pelo Banco Central do Brasil (BCB), sob influência do processo de financeirização e de aumento da desigualdade que marcam o capitalismo atual. O objetivo deste trabalho é compreender como se chegou a este conceito no país, investigando as razões que fizeram com que uma agenda de cidadania fosse incorporada por um órgão, tradicionalmente, pouco afeito às questões sociopolíticas que este assunto evoca. Para tanto, partiu-se do pressuposto de que cidadania e Administração Pública guardam uma relação intrínseca, um vínculo que o gerencialismo enfraqueceu, mas que a Administração Pública Societal recupera ao enfatizar a dimensão sociopolítica. Tendo como base a Teoria Crítica, que enxerga os fenômenos sociais como historicamente situados e dialeticamente construídos, discutiu-se o surgimento da cidadania atual e da Administração Pública (burocracia) como produtos da Modernidade de inspiração no mundo antigo. Recorre-se, então, à crítica de Habermas a esta, em sua leitura de Max Weber, e à visão de cidadania como o direito a ter direitos, de Hannah Arendt, para contrapor-se a definição de cidadania de Thomas H. Marshall – moderna e progressiva – como evolução linear de direitos civis, políticos e sociais. A partir dessa discussão, reconstrói-se a trajetória da Administração Pública e da cidadania no Brasil, dialogando-se com as principais teorias de pesquisadores(as) brasileiros(as) sobre o tema. Demonstra-se, ao final, por meio desta reconstrução histórica, do debate teórico e de entrevistas de 25 lideranças associadas ao BCB, que o conceito de cidadania financeira não surge espontaneamente no órgão, mas é fruto de uma disputa na sociedade entre os projetos políticos democrático-participativos, autoritário e neoliberal, como parte de um longo embate dialético entre autoritarismo e democracia, política e técnica, desenvolvimentismo e liberalismo, público e privado. Trata-se de um conceito-síntese de um processo que é, na verdade, de financeirização da cidadania, mediado por uma burocracia cuja liderança tecnocrática não incorpora a dimensão sociopolítica reivindicada pela Administração Pública Societal e que condiciona a fruição de direitos à boa gestão de recursos financeiros por parte da população, transformando o direito a ter direitos em dinheiro para ter direitos.
publishDate 2019
dc.date.issued.fl_str_mv 2019-12-05
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2024-02-26T17:55:04Z
dc.date.available.fl_str_mv 2024-02-26T17:55:04Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/masterThesis
format masterThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/1843/64722
dc.identifier.orcid.pt_BR.fl_str_mv https://orcid.org/0000-0002-0553-7785
url http://hdl.handle.net/1843/64722
https://orcid.org/0000-0002-0553-7785
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.publisher.program.fl_str_mv Programa de Pós-Graduação em Administração
dc.publisher.initials.fl_str_mv UFMG
dc.publisher.country.fl_str_mv Brasil
dc.publisher.department.fl_str_mv FACE - FACULDADE DE CIENCIAS ECONOMICAS
publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UFMG
instname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron:UFMG
instname_str Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron_str UFMG
institution UFMG
reponame_str Repositório Institucional da UFMG
collection Repositório Institucional da UFMG
bitstream.url.fl_str_mv https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/64722/1/Cidadania_Financeira_ou_Financeiriza%c3%a7%c3%a3o_da_Cidadania-Ricardo_Carvalho.pdf
https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/64722/2/license.txt
bitstream.checksum.fl_str_mv 511c5fbd0307c599e2cafdb7e246157a
34badce4be7e31e3adb4575ae96af679
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1803589481442312192