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Claudia Andrea Mayorga BorgesIsabela Saraiva de QueirozClaudia NatividadeLicinia Maria CorreaLisandra Espindula MoreiraAndre Geraldo Ribeiro Diniz2019-08-12T19:12:29Z2019-08-12T19:12:29Z2018-02-26http://hdl.handle.net/1843/BUOS-BCEGW7As putas resistem! Nos tempos atuais, elas têm dito coisas para o mundo, que o mundo nunca imaginou ouvir. Coisas sobre quem elas são, o que fazem e o que querem para si. Olho de puta também tem perspectiva! Para quem se interessa pelo que dizem as pessoas, especialmente aquelas que ouvimos pouco ao longo dos tempos, são coisas interessantes de se escutar, porque elas também falam muito sobre o mundo e sobre nós. É uma perspectiva que registra, ao mesmo tempo em que narra, um pedaço do lado-de-lá da grande história. O baixo-meretrício tem buscado coletivizar suas perspectivas, e tem construído solidariedades para a vida e para a luta por dias melhores. Um grupo delas, associadas, assumiram protagonismo em Minas. Nos intervalos de um programa e outro, trabalham sob suor para construir narrativas próprias sobre a zona e sobre a vida-prostituta. Buscam amplificar essas narrativas, para o mundo e para elas próprias, mirando um horizonte de mais cidadania. Busquei escutá-las e interagir com elas, em princípio, num encontro de inspiração etnográfica. Estive lá por cinco anos, por encontros também mediados pela política e pela docência. Também em circunstâncias jocosas, inevitáveis quando se pesquisa espaços onde a vida se desenrola, onde a recreação agrega desconhecidos, e onde o fio limítrofe que separa as inúmeras identidades das pessoas praticamente se desfaz, inclusive quando se é-está pesquisador. Nesse encontro, tentei regular o zoom de minhas lentes para focalizar as dinâmicas de (re)invenção de identidades políticas que as putas têm mobilizado. Foco estabelecido, todo o resto se processou em nossa interação, de tal maneira que, o que poderei narrar aqui é produto de perspectivas entrecruzadas. É certo que, por protagonizar o texto, dificilmente poderia esperar que nele, também não fosse meu o protagonismo da perspectiva. Meu intento, contudo, é tornar mais transparentes os saberes que a compõem, e deixá-los dialogar com a perspectiva das putas. Ouvi muito sobre trabalho, sobre direitos, sobre sexo e sexualidade, sobre preconceito. Conheci um pouco mais sobre o cotidiano da vida-fácil, que de fácil não tem nada. Vi mulheres re(inventando) o jogo político, reivindicando corpo, prazer e gueto como artefatos de luta. Discuti com elas o impacto da associação, e das narrativas por ela produzidas sobre o mundo, mas, sobretudo, sobre si mesmas. Colaborei na afirmação de legitimidade de uma voz-puta na disputa pela cidade e pelo reconhecimento social, e na denúncia da putafobia como um dos males que dificultam o acesso a tais recursos. Aprendi com elas que parte dos monstros com os quais elas lutam agem através de mim e dos grupos, segmentos e instituições que representei em nosso encontro. Vi de perto o rebolado de um segmento social que tenta fazer sua voz ecoar, ressonar. Como putas, elas bagunçam as referências identitárias, programáticas e relacionais do jogo político convencional, e criam um jeito-puta de politicar.The prostitutes resist! In the present times, they have said things to the world, which the world never imagined hearing. Things about who they are, what they do and what they want for themselves. Their eyes also has perspective! For those who are interested in what people say, especially those we have heard little over time, are interesting things to hear, because they also talk a lot about the world and about us. It is a perspective that registers, at the same time that it narrates, a part of the sideof-there of the great history. The down red-ligth has sought to collectivize its perspectives, and has built solidarities for life and for the struggle for better days. A group of them, associates, took center stage in Minas Gerais. In the intervals of one program and another, they work, under sweat, to construct their own narratives about the zone and about the life-prostitute. They seek to amplify these narratives, for the world and for themselves, aiming at a horizon of more citizenship. I sought to listen to them and interact with them, in principle, in an ethnographic encounter. I was there for 5 years, for meetings also mediated by politics and teaching. Also in joking circumstances, inevitable when searching for spaces where life unfolds, where recreation adds unknown, and where the borderline that separates the numerous identities of people practically undoes, even when one is-is a researcher. At that meeting, I tried to zoom in on my lenses to focus on the dynamics of (re) invention of political identities that whores have mobilized. Focus established, everything else has been processed in our interaction, so that what I can narrate here is the product of cross-linked perspectives. It is true that, because it is the protagonist of the text, I could scarcely have expected that it would not be mine to be the protagonist of the perspective. My intention, however, is to make the knowledge that compose it more transparent, and to allow them to dialogue with the perspective of whores. I've heard a lot about work, about rights, about sex and sexuality, about prejudice. I knew a little more about the everyday life of the easy-life, that of the easy has nothing. I have seen women re (inventing) the political game, claiming body, pleasure and ghetto as fighting artifacts. I discussed with them the impact of the association, and of the narratives it produces about the world, but above all about themselves. I collaborated in the affirmation of the legitimacy of a voice-whore in the contest for the city and the social recognition, and in the denunciation of putafobia as one of the evils that hinder the access to such resources. I learned from them that some of the monsters they fight with act through me and the groups, segments and institutions I represented at our meeting. I saw closely the swirl of a social segment that tries to make its voice echo, snore. Like whores, they mess up the identitary, programmatic, and relational references of the conventional political game, and create a political whip.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGProstitutasProstituiçãoPsicologiaFeminismoFeminismo AcadêmicoAnálise da ExperiênciaProstituiçãoAutonomiaMovimento de ProstitutasIdentidade PolíticaNotas zoneadas sobre politica-de-putas em tempos de golpe: sobre o encontro com prostitutas que lutam e labutam na Zona Boêmia de BHinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALtese_psicologia_social_ufmg_andr__diniz_2018.pdfapplication/pdf990264https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-BCEGW7/1/tese_psicologia_social_ufmg_andr__diniz_2018.pdf2c4a4d90b6e743c1fe777c122ec7e70fMD51TEXTtese_psicologia_social_ufmg_andr__diniz_2018.pdf.txttese_psicologia_social_ufmg_andr__diniz_2018.pdf.txtExtracted texttext/plain252532https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-BCEGW7/2/tese_psicologia_social_ufmg_andr__diniz_2018.pdf.txt56708e2e0721467982c35fca32ea5527MD521843/BUOS-BCEGW72020-01-29 14:20:26.099oai:repositorio.ufmg.br:1843/BUOS-BCEGW7Repositório InstitucionalPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2020-01-29T17:20:26Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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