Filogenia e biogeografia de uma aranha endêmica da Mata Atlântica brasileira (Araneae: Zoropsidae: Itatiaya)

• Autor(a) principal: Márcia de Oliveira Tomasi
• Data de Publicação: 2022
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/53655
• topic: Araneae; Biogeografia Histórica; Filogenia Molecular; Zoologia; Aranhas; biogeografia; Filogenia

A Mata Atlântica (MA) é uma das regiões mais biodiversificadas do planeta, entretanto, os mecanismos que explicariam sua diversidade e composição em espécies ainda são pouco compreendidos, principalmente para invertebrados. A porção sudeste da MA se destaca por um histórico de diversificação complexo, onde eventos climáticos e geológicos são apontados como principais agentes propiciadores de sua diversificação. Estudos baseados em filogenia molecular, com datação de eventos de divergência de linhagens endêmicas desta região, permitiriam a investigação de seu histórico biogeográfico. As aranhas do gênero Itatiaya Mello-Leitão, 1915 (Zoropsidae) são endêmicas de áreas de floresta montana na porção sudeste da MA e apresentam padrão de distribuição espacial bastante curioso, o que faz delas um bom modelo para estudos biogeográficos no bioma. Entretanto, suas relações evolutivas ainda não foram completamente resolvidas. Através de marcadores mitocondriais e nucleares, testamos o posicionamento de Itatiaya na família Zoropsidae, esclarecemos suas relações internas e estimamos os períodos de divergência entre suas oito espécies através da inclusão de pontos de calibração fóssil e de uma taxa de substituição estimada para o gene H3 nas análises filogenéticas. Adicionalmente, construímos um modelo de distribuição para o gênero buscando explorar os efeitos do clima e da paisagem em sua distribuição geográfica atual. Em nossos resultados, Itatiaya é recuperada junto à Udubidae. Devido ao histórico filogenético incerto do gênero, sugerimos que seu posicionamento seja reavaliado através de uma análise de evidência total. Nossas estimativas de datação apontam para a diversificação de Itatiaya durante o Mioceno, sugerindo que variações climáticas e a movimentação do relevo durante este período possam ter influenciado seus eventos de especiação. Entretanto, a ausência de estruturação geográfica do grupo sugere que as glaciações do Quaternário também possam ter influenciado, em parte, sua distribuição geográfica, possibilitando o contato secundário entre populações após a especiação. Finalmente, neste estudo também descrevemos pela primeira vez o macho de Itatiaya ywyty Polotow & Brescovit, 2006 e apresentamos novos registros de distribuição para I. modesta Mello-Leitão, 1915; I. pucupucu Polotow & Brescovit, 2006 e I. tubixaba Polotow & Brescovit, 2006.