O silêncio das imagens ruidosas e o real na adolescência : encontros de uma flânerie

• Autor(a) principal: Patricia da Silva Gomes
• Data de Publicação: 2023
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/65412
• topic: Adolescência; Cortes na pele; Plataformas digitais; Psicanálise; Psicologia - Teses; Psicanálise - Teses; Adolescência - Teses

Esta pesquisa investiga as condições atuais da travessia da adolescência que favorecem o comportamento de jovens que infligem cortes superficiais na própria pele e postam imagens dessas incisões em plataformas de mídia social na internet. Para realizá-la, foram utilizados os seguintes recursos metodológicos: uma pesquisa exploratória no Tumblr, plataforma que comporta imagens produzidas por jovens que se cortam, por meio de ensaio flânerie; uma entrevista com uma usuária da plataforma, via chat; uma entrevista com uma ex-usuária da plataforma, por videoconferência; e um levantamento teórico sobre o tema. Para a análise dos dados, foi utilizada a teoria psicanalítica, em diálogo com autores da antropologia, da comunicação e da filosofia. Para a psicanálise, a adolescência é uma resposta sintomática ao encontro com o real no tempo lógico da puberdade. Na atualidade, essa resposta é perpassada pelos efeitos do desvelamento da inconsistência do Outro e do empobrecimento da experiência, causando dificuldades para o adolescente se situar em um corpo. Considera-se que a aproximação do objeto a, precipitada pelo encontro com o real da puberdade, ocasiona a emergência da angústia. A fragilidade simbólica para tratar do real que emerge no corpo faz com que alguns adolescentes se cortem, tentando fazer da carne um corpo, buscando um apaziguamento para seu estranhamento. Além disso, esses adolescentes passam a recorrer às imagens, buscando costurá-las a seus corpos, tecendo uma borda no real. Essas imagens recebem um tratamento estético e um estilo melancólico que emprestam a elas contornos simbólicos, provocando a sensação de acolhimento, ao serem compartilhadas e curtidas pelos grupos. Conclui-se que a dificuldade de habitar um corpo em tempos de desvelamento da inconsistência do Outro leva certos sujeitos a não só infligir cortes na própria pele, mas também fazer uso das imagens dessas incisões como uma tentativa de se apropriar de seus corpos.