Morfodinâmica e morfogênese de um carste suspenso e evolução geomorfológica de longo termo: uma aproximação com base no caso do setor oeste do Curral de Pedras I / Jequitaí

• Autor(a) principal: Frederico Augusto Alves Goncalves
• Data de Publicação: 2013
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/IGCC-9GQKTB
• topic: Carste; Cráton São Francisco; Formação Lagoa do Jacaré; Geomorfologia; Carste; Cratons São Francisco, Rio; Jequitai (MG); Geomorfologia

A Região Cárstica dos Currais de Pedras (RCCP), localizada na porção SE do Cráton São Francisco, junto à tríplice fronteira dos municípios norte mineiros de Jequitaí, Lagoa dos Patos e São João da Lagoa, tem despertado o interesse de pesquisadores, desde a década de 1970. O nome Curral de Pedras é usado por moradores locais como referência a formas cársticas esculpidas em carbonatos Neoproterozoicos do topo da Formação Lagoa do Jacaré Grupo Bambuí. Na área investigada, essas rochas afloram nos compartimentos do topo de elevações topográficas de morfologia tabular, compreendidas entre as cotas altimétricas de 520m e 720m aproximadamente, e também ao longo de vertentes suavemente inclinadas na direção dos talvegues dos principais cursos dágua da região. Essas áreas hospedam um vasto repertório de feições associadas a todas as fases hidrodinâmicas de um sistema cárstico ativo, a saber: (i) introdução, (ii) armazenamento e (iii) restituição das águas pluviais. Durante essa investigação, foram realizadas análises que buscaram compreender as influências da morfodinâmica e da evolução geomorfológica da RCCP em um compartimento específico do seu carste. Os métodos usados envolveram técnicas cartográficas aplicadas aos temas geologia e geomorfologia em uma escala de 1:45.000. O carste do setor oeste do Curral de Pedras I foi cartografado na escala de 1:100 com o objetivo principal de se evidenciar morfologias testemunhos da hidrodinâmica pretérita. Foram realizados trabalhos em campo durante as estações úmidas e secas, durante os quais foi possível observar, descrever e mapear parte do comportamento hidrológico dos sistemas cársticos investigados. Os resultados obtidos revelaram que o carste detalhadamente investigado é dotado de uma série de testemunhos morfológicos e materiais da dinâmica geomorfológica pretérita. A integração desses resultados a dados de outras pesquisas realizadas na região revelam a possibilidade de o inicio da carstificação remontar ao Mioceno Superior. Foi também verificada a ação do controle morfoestrutural sobre a elaboração das feições cársticas mapeadas. Tal controle abrange tanto as estruturas tectônicas como as congênitas. Essas últimas, compostas por níveis pelíticos intercalados a carbonatos e, subjacentes à camada composta por calcarenitos mais puros, atuam como nível de base cárstico e têm a capacidade de condicionar a elaboração do modelado cárstico situado a sua montante. No setor oeste do Curral de Pedras I, isso se dá na medida em que esses níveis são expostos à superfície e em seguida erodidos pelos processos responsáveis pelo recuo erosivo das escarpas que limitam os compartimentos de topo que hospedam os sistemas cársticos.